terça-feira, 30 de novembro de 2010

"Não tente ser feliz. Pare de sofrer"

A atriz Fernanda Lima é adepta a prática de meditação


Meditação ganha seguidores interessados em saúde e alívio para estresse


Prática nos faz entender fatores do sofrimento, em vez tentar supri-lo ou evitá-lo

O ímpeto de buscar a felicidade, atrelando-a a prazeres, cria expectativas desproporcionais. Se eu comprar um carro novo, serei feliz, ou se eu passar no vestibular, minha felicidade estará garantida, pensamos.

— Isso gera um constante estado de perturbação mental. Sempre estamos jogando para o futuro situações que não dependem só de nós. Dependem de eventos, de outras pessoas, gerando uma condição de estresse, já que não temos controle sobre esse tipo de acontecimento — afirma o engenheiro Régis Guimarães.

Aos 71 anos, ele é um dos criadores da Sociedade Vipassana de Meditação, grupo não religioso e sem fins lucrativos que se dedica à prática e aos ensinamentos dessa técnica de meditação de matriz budista. Segundo ele, todos podem, por meio do conhecimento de si mesmos, mitigar a dor e a frustração.

— A meditação nos faz entender os fatores do sofrimento, em vez tentar supri-lo ou evitá-lo. Um resumo seria: "Não tente ser feliz. Pare de sofrer". A felicidade é decorrente, surge quando você elimina o sofrimento — explica Régis, praticante da vipassana desde 1985.

Apesar dos seus milhares de anos de história, a meditação ainda padece, em grande parte do Ocidente, de uma aura de misticismo que impede muitos de a conhecerem mais profundamente. Entretanto, os benefícios visíveis já despertam a atenção da comunidade científica brasileira. Mais ainda, membros dela, que já colocam a meditação como prática constante, se valem dos seus conhecimentos acadêmicos para "legitimar" a prática fora do âmbito religioso.

— A razão de eu ter me interessado pela meditação é que, como médico, procuro o melhor para os meus pacientes. Nesses 43 anos de profissão, garanto: nada é mais poderoso no sentido de recuperar e de manter a saúde do que a meditação — diz o médico Carlos Eduardo Tosta da Silva, professor da Universidade de Brasília (UnB).

Prática sob análise científica

Ele foi orientador da primeira dissertação de mestrado que pôs a meditação prânica sob análise científica no mundo, apresentada mês passado na universidade pelo biólogo César Augustus Fernandes da Silva.

— Como vimos que ela trazia benefícios para os praticantes, resolvemos submeter a meditação prânica à metodologia científica para entender esses efeitos e os mecanismos envolvidos — lembra César.

A análise, que durou 10 semanas, envolveu voluntários saudáveis em um curso de meditação prânica, com aulas semanais de três horas de duração e prática diária em casa. Orientador e aluno avaliaram o nível das células do sistema imunológico que participam da regulação e da manutenção da saúde, assim como o comportamento de hormônios envolvidos em situações de estresse.

— Os resultados mostraram que a meditação prânica foi capaz de aumentar a atividade dos fagócitos, células que captam agentes infecciosos, ingerem-nos e os digerem, produzindo radicais microbicidas. Além disso, os hormônios estudados, abundantes no estresse, tiveram seus níveis reduzidos — completa o médico.

Fortalecendo o cérebro

Régis Guimarães, da Sociedade Vipassana, relaciona a decisão de se iniciar uma experiência meditativa com a entrada em uma academia. Quando alguém percebe que o físico necessita melhorar, se vale de exercícios para fortalecê-lo. A meditação faz isso com o cérebro, fazendo com que ele possa se antecipar aos impulsos ao garantir uma melhor observação da realidade.

— A meditação tem a função básica de trazer o indivíduo para um estado de tranquilidade. Você tem que baixar o nível de seu sistema hormonal. A partir desse estado, abre uma janelinha do seu interior.

Antever os acontecimentos não tem nada a ver com previsão de futuro. Régis explica que o cérebro é dividido em três partes: o córtex, que controla o lado mais racional do ser humano; o límbico, mais voltado para o emocional; e o reptiliano, que tem controle sobre as ações involuntárias. Essas últimas, tais como o batimento cardíaco ou o piscar dos olhos, são as mais primitivas e também podem ser relacionadas ao estado de vigília constante contra os perigos.

— Todo nosso processo de sobrevivência é comandado pelo reptiliano, que tem que ser rápido. E, por sermos seres reativos, mesmo as decisões conscientes serão reações aos nossos valores, quando defendemos nosso próprio eu.

O engenheiro afirma que a meditação exerce poder sobre o consciente para que ele possa perceber essas reações antes de serem postas em prática — dessa forma, ninguém toma decisões impensadas.

— Essa é a beleza da meditação: criar as condições para que você perceba, cada vez mais cedo, a origem do sinal.

Fonte

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Somos o Ser


“Ainda não compreenderam que nosso eu é apenas um objeto de nossa percepção, e que se ele pode ser percebido, não pode ser quem está percebendo? Logo, ele não pode ser o que somos. E, portanto, o que na realidade somos está além disso que chamamos de “eu”. Não somos o eu; somos o Ser”.

Wei Wu Wei.

(published in the face by Marcos Vinícius)

domingo, 28 de novembro de 2010

Esteja Aqui e Agora



Quando sentar para meditar, desligue o celular.

Postado originalmente no face... por Monge Ryozan.

sábado, 27 de novembro de 2010

O som da chuva


“Qualquer livro pode servir para o estudo do Zen. Você pode usar o dicionário ou ‘Alice no país das maravilhas’... até a Bíblia. Não há por que se dar ao trabalho de traduzir nossos antigos textos chineses de Zen – não se você leva consigo a compreensão real do Zen. O som da chuva não requer tradução.”

Marimoto.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Para quedas de Buda


É inevitável o trocadilho: para-quedas de Buda e para quedas de Buda. No primeiro caso, estamos falando do para-quedas, aquilo que faz parar a queda quando saltamos de um avião. Eu nunca saltei. Minha filha e minha neta saltaram. Ambas sentiram a mesma coisa.

A analogia com os ensinamentos de Buda é inevitável. Às vezes, somos empurrados ao desconhecido. Como se nos puxassem o tapete. Ouvimos o barulho constante de nossos conflitos e incertezas, rancores e temores, como o grande zumbido do vento a 300 km/h. Quando abrimos os ensinamentos de Buda, entramos na paz de nirvana. É refugiar-se, abrigar-se no ser iluminado.

Claro que antes também nos sentíamos nas mãos suaves do vento, protegidos. E não percebíamos que estávamos caindo em alta velocidade. Sem para-quedas, iríamos nos esborrachar no chão. Os ensinamentos se tornam nossa segurança para um pouso certeiro, tranquilo, feliz.

Monja Coen
Extraído do texto “Para quedas de Buda” da Revista da Hora de 20 de junho de 2004

(publicado no facebook por monge Ryozan)

sábado, 20 de novembro de 2010

Uma Coisa de Cada Vez: Uma Experiência com a Consciência


Uma forma incrível de integrar a prática de meditação e da percepção em nossas vidas diárias é fazer uma coisa de cada vez. Entregar-se de forma integral ao que estiver fazendo no momento. Concentrando-se em um única tarefa. Quando estiver dirigindo, não escutar o rádio. Quando estiver escutando música, não ler ou comer. Ao comer, não assistir à televisão nem ler. Ao assistir televisão, não comer ou ler. Quando estiver andando, sentir o solo sob os pés. Ao comer sinta aquilo o que come e entre por inteiro em contato com as sensações e motivação que condicionam e dirigem o processo. Estar atento ao comer da mesma forma como se fica atento ao andar ou respirar. Respirar uma inspiração de cada vez, dar um passo de cada vez, uma mordida por vez. Vivenciar de maneira plena "apenas isto", o momento tal como ele é.

Há uma história de dois monges zen que se encontraram à beira de um rio. Eles logo verificaram que eram de monastérios vizinhos, e cada um mostra curiosidade quanto à natureza do mestre do outro. Um dos monges diz: "Meu mestre é o maior de todos. Ele pode voar, pode caminhar sobre a água, pode ficar sem respirar por vinte minutos!" O outro balança a cabeça lentamente e sorri, dizendo: "Oh, seu mestre é de fato notável. Mas o meu é ainda mais: quando ele anda, ele apenas anda. Quando ele fala, ele apenas fala. Quando ele come, ele apenas come". Um dos mestre tinha "poderes" mas o outro tinha poder. Os poderes são desejados somente por aquela parte de nosso interior que se sente impotente. Considerando o tamanho respeitável do labirinto do ego, para a maioria, "os poderes" são armadilhas. Extraordinário mesmo é estar presente em nossas vidas, capazes de nos abrirmos para o momento, acumulando compaixão e percepção como preciosidades.

Certa manhã, um amigo nosso, mestre Zen, sentado à mesa do desjejum, lia o jornal enquanto comia. Um de seus discípulo, conhecendo a técnica de uma coisa de cada vez, zombou: "Você está comendo e lendo! Como pode estar atento a uma coisa só?!!". Ao que o esperto e prático mestre retrucou: "Quando eu como e leio eu só como e leio". Vá com calma. Se você tiver crianças em casa, pode ser quase impossível fazer uma coisa de cada vez. Neste caso, faça apenas seis coisas de cada vez. Ou, como disse uma mãe ao verificar que a prática seria bastante difícil para ela: "Minha agenda é uma bagunça. Acho que é dia do ventre".

Fazer uma coisa por vez nos ajuda a recordar. Quando você estiver lavando os pratos, ou dirigindo para o trabalho, trocando a roupa do bebê, cavando uma trincheira, cozinhando, fazendo amor, pensando alguns pensamentos, seja o que for, cuide da tarefa em pauta. Vivencie, a cada instante, o corpo, a respiração, os mutáveis estados mentais. Viva "apenas isto" de cada vez.

Se "apenas isto" não for o bastante, nada será o bastante. Cuidar deste "apenas isto" é viver de maneira plena e feliz.

Meditações Dirigidas, Stephen Levine.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O Zen verdadeiro...


‎Zen Paintings by sadmonk

"O caminho para estudar o zen verdadeiro não é verbal. Abra-se e desista de tudo. O que quer que aconteça, estude com rigor e veja o que você descobre... Essa é a atitude fundamental." (Shunryu Suzuki)

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O rio simplesmente corre


Sempre que o budismo se estabelece em uma nova terra verifica-se uma certa variação no estilo em que é seguido. O próprio Buda ensinou de maneiras diferentes de acordo com o lugar, a ocasião e a situação daqueles que o escutavam.

Do livro Palavras de Sabedoria, Dalai Lama.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Encontre sua verdadeira "Natureza Selvagem"



"E agora, depois de dois anos errando, vem a última e maior aventura. A batalha culminante para matar o falso ser interior e concluir com vitória a revolução espiritual"

"Sem continuar a ser envenenado pela civilização, ele foge e caminha solitário pelo mundo para se perder em meio à natureza"


"Se admitirmos que a vida humana pode ser regida pela razão, está destruída a possibilidade de vida"


"Mas está errado em pensar que a alegria da vida tem sua principal fonte nas relações humanas."


"Por um instante, ela redescobriu o propósito de sua vida. Estava aqui pra compreender o sentido de seu encanto selvagem e para chamar cada coisa pelo seu nome correto"


"A felicidade só é de verdade quando compartilhada"


"Se eu estivesse sorrindo e correndo para seus braços? Vocês então veriam o que eu vejo agora?"

Frases extraídas do livro Na Natureza Selvagem que inspirou o filme de mesmo título.


"Há um tal prazer nos bosques inexplorados;
Há uma tal beleza na solitária praia;
Há uma sociedade que ninguém invade,
Perto ao mar profundo e da música do seu bramir:
Não que eu ame menos o homem, mas amo mais a Natureza..." Lord Byron