
Quando somos íntimos com qualquer coisa, ou com tudo, estamos simultaneamente sendo íntimo com nós mesmos.
“Não siga o passado, não se perca no futuro. O passado não existe mais, o futuro ainda não chegou. Observando profundamente a vida como ela é, aqui e agora, é que permanecemos equilibrados e livres. (Bhaddekaratta Sutta) "
[...] Se pudermos nos lembrar constantemente de trazer a vigilância a esses dhammas mundanos à medida que surgem em nossas vidas diárias, começaremos a ver o sofrimento presente no apego. Começaremos a ver a vacuidade essencial e a impermanência das condições. Na prática da meditação podemos não gostar daquilo que surge, e ainda assim, a disponibilidade em permanecer com aquilo que está acontecendo é o que traz a libertação. Quanto menos apegados ao conforto, mais à vontade estaremos em relação a nós mesmos e a esse mundo.
A prática da equanimidade não significa que devemos tornar-nos seres passivos. Quando faz calor nós abrimos a janela. Mas cada vez que não está em nosso poder modificar as coisas, é possível para nós um refúgio interior? Esse refúgio interior é nossa capacidade de ser equânime.
© Narayan Liebenson Grady.
© tradução do francês de Cecília Villacian para o Centro Buddhista Nalanda, 2005.
Um monge chamado Zuigan, costumava iniciar cada dia dizendo a si mesmo, em voz alta: "Mestre, você está aí?". E ele mesmo respondia: "Sim, senhor, estou". Em seguida, dizia : "Fique alerta agora; não deixe que eles o enganem'. E ele mesmo respondia : "Oh, não, senhor, não deixarei, não deixarei".
____A linguagem do Zen apresenta múltiplas facetas: é contraditória, poética, ilógica, áspera, contemplativa, ativa... O Zen nada explica; ao contrário, busca o "nada", o satori. O satori não se identifica com a "iluminação" dos santos. Ele não é uma iluminação: é um relâmpago, um "insight". Vem do cosmo, de Buda. Vem de forma inconsciente e natural: "Agora eu conheço esse tesouro de verdadeira liberdade, inesgotável, não apenas para mim mas também para os outros: A Lua brilha sobre a água do regato, o vento sopra nos pinheiros: fresca e pura sombra de uma longa noite. Qual será a causa disto?" (Yoka Daishi). ____
No Zen, a comunicação mestre-discípulo não é feita através das palavras, mas transmitida pelo "silêncio trovejante". O Zen não acredita em palavras. Seus princípios básicos refletem-se na cerimônia do chá, na arte do arco, no manejo da espada, na jardinagem e na pintura. Mas sua essência está no Zazen, a meditação que se pratica sentado.
O Zen é indefinível. É como um rio que flui mansamente, sem resistência, sem tensão. É como uma paisagem na neve, como as pétalas das flores caindo lentamente... O sol nasce e se põe, as flores desabrocham na primavera, um animal corre pela mata, uma criança inocente... Isto é o Zen.
Eizai (1141-1251).
A prática Zen de "pensar em não pensar", poderia ajudar a tratar distúrbios marcados por distração de pensamentos como déficit de atenção (o chamado DDA ou TDAH), hiperatividade, transtorno obsessivo compulsivo, transtorno ansiedade, depressão e até a prevenir o Alzheimer. As afirmações são de um novo estudo realizado por cientistas da Universidade Emory em Atlanta e financiados pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos.
Fonte: Portal Terra.
A receita é simples. Essa receita para alcançar o contentamento e um autêntico prazer de viver. E tão simples que ninguém quer experimentar.
Basta elevar a consciência para mergulhar nas profundidades extraordinárias da mente. É dentro da nossa mente que vamos encontrar a paz verdadeira, essa paz que transcende todas as sensações fugazes que nós experimentamos ao longo de nossa vida.
Depois de ter entrado em contato com a mente profunda, longe das mesquinharias, todas as pequenezas da vida cotidiana perderão a força de magoar e de decepcionar.
Você não vai precisar mudar sua vida, não vai precisar nem parar de trabalhar. Você terá relações com seu colega, com os outros, com mais serenidade, mais tempo. Você terá contato com a essência, a sua verdadeira pessoa e não confundirá mais os fatos insignificantes com a essência.
O que é importante conhecer é o funcionamento da mente, e a maneira que ela interpreta os eventos que vem de fora e os eventos já gravados na memória.
Encontramos pessoas que vivem com condições muito humildes, dificílimas e nem por isso parecem sofrer! O segredo está na mente. No jeito que a mente responde aos acontecimentos e o jeito que a mente responde a si mesma.
A meditação nos dá condições de escapar ao raciocino intelectual.
No zazen transformarmos nossa mente, passamos a conhecermos melhor o jeito como ela funciona e seus mecanismos profundos, na medida em que aprofundamos a prática, o estado de contentamento e a felicidade surgem.
A melhor forma de alcançar a felicidade é o contentamento e a meditação.
Meditação e visão interior, Joseph Goldstein.
"Considerando essa grande e óbvia verdade da impermanência, o que realmente tem valor na sua vida? O que realmente vale a pena cultivar?
...O Buda sabia claramente como a vida passa depressa e como é raro e precioso o dom da oportunidade de praticar, de despertar. A não ser que usemos bem o tempo que temos à disposição na vida, podemos ter uma continua sensação de remorso, uma sensação de termos deixado de fazer algo de maior valor que se possa imaginar".
Joseph Goldstein.
“Sem reconhecer a ilimitada energia disponível nas mentes livres dos sonhos ilusórios, vais em direção ao esgotamento, como todos os seres que buscam felicidade externamente, onde ela não pode ser encontrada.”
Extraído do livro: O Buda nos Jardins de Jevatana, de Enio Burgos.
[...] Nós não queremos sofrer, queremos a felicidade. Mas na verdade a felicidade é apenas uma forma refinada de sofrimento. O sofrimento em si é a forma grosseira. Você pode compará-los a uma cobra. A cabeça da cobra é a infelicidade, a cauda da cobra é a felicidade. A cabeça da cobra é realmente perigosa, ela possui as presas venenosas. Se você tocá-la a cobra morderá imediatamente. Mas não importa a cabeça, mesmo se você segurar a cauda, ela irá se voltar e mordê-lo do mesmo jeito, porque ambos a cabeça e a cauda pertencem à mesma cobra.
Da mesma forma, ambas a felicidade e a infelicidade, ou prazer e dor, surgem do mesmo progenitor - desejo. Portanto, quando você está feliz a mente não está
O Buda estabeleceu a virtude, concentração e sabedoria como o caminho para a paz, o caminho para a iluminação. Mas na verdade essas coisas não são a essência do Budismo. Elas são somente o caminho. O Buda as chamava de “Magga”, que significa “caminho”. A essência do Budismo é a paz e essa paz surge conhecendo verdadeiramente a natureza de todas as coisas. Se investigarmos de perto, veremos que a paz não é a felicidade nem a infelicidade. Nenhuma delas é a verdade.
Ajahn Chah , O Gosto da Liberdade
[...] Era um momento no qual eu estava completamente apaixonada pela prática e finalmente tinha começado as minhas prostrações. O Rinpoche estava acessível e simpático, eu me sentia muito agradecida e estava achando aquilo tudo o máximo.
Em uma conversa com ele, ao agradecer a oportunidade de estar ali, eu disse: “Rinpoche, quero agradecer por finalmente ter encontrado o meu caminho. Agora tenho certeza que, mesmo que eu morra, sempre irei reencontrar o Darma nas próximas vidas.”
E ele respondeu: “Que bom que você sabe disso, pois eu mesmo não tenho essa certeza.” E deu risada….
Foi uma paulada. Ali, pela primeira vez, eu percebi, como um soco, a imensidão do meu orgulho.
Todos os fenômenos do mundo, sem exceções, surgem em dependência de condições e com o cessar dessas condições o fenômeno, o qual depende delas, cessa também. Atrás, acima, além desta vasta rede de condições, em verdade, não existe nada de todo. O cosmo inteiro, insondável e vasto, não é nada mais do que uma rede de condições relacionada sempre em mudança e onde quer que se olhe nele, se olhamos com calma, concentrados, fixamente e sem medo, vemos infinitas profundidades de interconexões. Vendo neste modo, com o olho do insight espiritual não enevoado, é:
"Ver um mundo num grão de sal
E um céu numa flor-silvestre
Segurar o infinito na palma da mão
E a eternidade em uma hora."
O DESPERTAR DO BUDISMO NO OCIDENTE NO SÉCULO XXI
CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE
Tese apresentada ao Instituto de Medicina Social
da Universidade do Estado do Rio de Janeiro
para a obtenção do título de Doutor em Saúde Coletiva
Muitas pessoas pensam que ser paciente agüentando perdas é um sinal de fraqueza. Penso que isso é um erro. É a raiva que é um sinal de fraqueza, enquanto a paciência sinaliza força.
Por exemplo, uma pessoa expondo seu ponto de vista baseado em boas razões permanece confiante e até sorri para provar seu caso. Por outro lado, se os motivos são incompletos e ele começa a perder moral, fica nervoso, perde o controle e começa a falar besteira.
As pessoas dificilmente ficam raivosas se confiam no que estão fazendo. A raiva vem mais facilmente em momentos de confusão.
Extraído do blog Sansara.
Sabedoria, uma maneira de ver as coisas! Claude Lévi-Strauss, antropólogo conterrâneo de Proust e, sem dúvida, o mais importante estudioso contemporâneo das culturas, escreveu em O cru e o cozido que “o sábio não é o homem que fornece verdadeiras respostas; é o que formula as verdadeiras perguntas”.
É necessário fazer outras perguntas, ir atrás das indagações que produzem o novo saber, observar com outros olhares através da história pessoal e coletiva, evitando a empáfia daqueles e daquelas que supõem já estar de posse do conhecimento e da certeza. Tempos de arrogância estes nossos! Muitos cientistas se arvoram em detentores da exclusiva posse da verdade, vários governantes assumem posturas petulantes ao recusarem a existência de concepções divergentes, inúmeros especialistas insistem na rejeição aos fatos em nome das teorias, variados líderes religiosos impedem o afloramento da quebra da alienação. Está rareando entre os altamente escolarizados e economicamente beneficiados a imprescindível modéstia sincera, aquela que nos permite enxergar limites nos nossos saberes e poderes.
Por isso, é imprescindível revisitar um monge beneditino que há aproximadamente 1.300 anos viveu na Inglaterra: Beda, que, além de ter sido santificado pela Igreja do período, era chamado também de o Venerável. Tamanha foi a erudição e honestidade narrativa que sustentou ao escrever uma trajetória de seu país – desde a ocupação romana até aqueles dias – que sua obra tornou-se referência para os estudos históricos medievais.
Um homem como ele, pleno de conhecimentos e admirado pela imensa capacidade intelectual, conseguiu não ser vítima da presunção que acomete a muitos e muitas nessa condição ou, até, longe dela; Beda nos legou (com validade indeterminada!) uma prescrição em forma de advertência, na qual diz que há três caminhos para a infelicidade (ou fracasso): 1) não ensinar o que se sabe; 2) não praticar o que se ensina; 3) não perguntar o que se ignora.
Uma tríade assim arremessa a idéia de sucesso para muito além do que muitos acreditam nos nossos modernos tempos; poderíamos dizer – retomando pelo positivo as três advertências de Beda – que o sucesso está na generosidade mental (ensinar o que se sabe), na honestidade moral (praticar o que ensina) e na humildade inteligente (perguntar o que ignora). Nesse sentido, o ensinamento do monge está impregnado do que entendemos ser a sabedoria ou, mais ainda, a sapiência.
Mas, como bradava o sólido lema francês do ensaísta Montaigne – no século em que o Brasil era fundado – “que sais-je? – (que sei eu?)...
Não nascemos prontos! Provocações Filosóficas
Mario Sergio Cortella
O corre-corre do nosso cotidiano muitas vezes não nos permite enxergar soluções para aquilo que buscamos, no entanto, quando estamos serenos e tranqüilos, conseguimos discernir de forma correta e enxergar por ângulos que em estado de estresse, nervosismo ou simples correria não nos seria possível. Nosso pensamento é como uma poça de água que, quando pisada, sua água se turva e nada enxergamos, senão imagens distorcidas. No entanto, se esperarmos a água se acalmar e a terra baixar, conseguimos enxergar claramente o nosso próprio reflexo... isto é possível através da meditação! NippoBrasil.