quarta-feira, 29 de abril de 2009

Á todos os seres...


"E enquanto o espaço durar,
Enquanto aí existirem seres,
Possa eu também permanecer
Para afastar os sofrimentos deste mundo."

"Considera o teu corpo como uma nave,
Um simples barco para ir aqui e ali.
Faz dele a jóia de todos os desejos
Para trazer todo o benefício aos seres."

SS. Dalai Lama

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Vida cotidiana, vida zen


No budismo, a vida espiritual requer a prática de tomar um voto. Os budistas mahayana tomam o voto do bodhisattva, que tem quatro partes: de saber a verdade, de salvar todos os seres, de aprender os ensinamentos do Buda, e de seguir o caminho do Buda.

No zen se fala de viver no voto. Isto significa que concentramo-nos nas atividades da vida cotidiana. Quando é hora de levantar, levantamo-nos. Quando é hora de lavar a louça, simplesmente lavamos a louça. Mas vocês podem pensar, qual a diferença entre viver com o voto e somente formar um hábito?

Nós formamos hábitos todos os dias - ao ver televisão, ir para a escola, ir para o trabalho. Os hábitos estão ligados aos nossos desejos. Se não há satisfação em um hábito, vocês não continuarão nele por muito tempo. Viver com o voto, porém, é levar suas tarefas adiante, sem tentar satisfazer os seus desejos individuais. Em todas as circunstâncias, além dos "gostos" ou "desgostos", há de levar adiante. É bem difícil, mas é muito importante. Esta é a diferença entre hábito e voto. A diferença é total.

....

As mudanças que ocorrem através da prática espiritual não são da sua alçada. Se tentarem fazer destas mudanças a sua alçada, vocês tentarão mudar a sua vida, diretamente. Se tentarem mudar a sua vida diretamente, isto não os satisfará, não importa quanto tempo vocês gastem com isto. Se quiserem mudar a sua vida, de verdade, devem somente formar a rotina de fazer as pequenas coisas, dia após dia. Aí então sua vida mudará além das expectativas. Se praticarem continuamente, dia após dia, vocês se tornarão pessoas pacíficas, gentis, e harmoniosas. Não há explicação para isto.

Eu ouvi uma história interessante, sobre como um psicólogo famoso, no Japão, curou uma jovem, depois que ela teve um ataque nervoso. A garota era de uma família rica, e o psicólogo a via regularmente. Mas ele não fazia, ou dizia, coisa alguma; ele somente sentava com ela. Um dia, enquanto ele estava sentado com ela, a garota urinou no chão, bem à sua frente. Ele era um cavalheiro muito arrumado, e estava vestido com um terno muito elegante. No momento em que ela fez isto, porém, ele imediatamente pegou o seu bonito lenço do bolso e, sem comentários, limpou o chão.

Ela se recuperou prontamente. Mais tarde ela relembrou-se deste acontecimento, pois ficou muito impressionada pela ação do psicólogo naquele dia. Sem hesitação, ele somente enxugou o chão com o seu lenço limpo. Não há maneira de explicar como ela se recuperou; ele não fez nada; somente limpou, naquele dia. Ela, porém, pôde sentir algo muito suave, gentil e magnânimo saindo de cada poro do corpo dele. Ela realmente o respeitava.

....

Viver com o voto é como viajar descendo o rio Mississipi. Se vocês vão para o meio do rio, não há necessidade de um esforço a mais. Se vocês forem para o centro das suas vidas, o rio da vida lhes carregará. Se praticarem desta forma, encontrarão um ritmo natural para suas vidas. Comecem tomando conta de pequenas coisas, cotidianamente, e em algum momento chegarão ao "meio do rio".

Antes que se alcance o meio da corrente, a prática parece dura. Muitas pessoas desistem. Elas desistem, porém, porque não vêem sua vida a longo prazo. Elas querem resultados, aqui e agora. A vida é muito dura, se tomamos esta atitude. Tornamo-nos nervosos, irritados, e frios.

Se aprenderem a ter uma visão de longo alcance da vida, vocês continuarão a praticar rotineiramente, e chegarão ao meio da corrente. Aí, então, sem nenhum esforço a mais, seu corpo e mente se moverão em paz e harmonia. Um sentimento de suavidade, generosidade, e magnanimidade fluirá de cada poro do seu corpo. Seu voto terá se tornado a sua vida.

Dainin Katagiri, You Have to Say Something: Manifesting Zen Insight.

Traduzido por Lucas Seigaku.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Lavar a louça


Na minha cabeça, a idéia de que lavar a louça é desagradável só pode ocorre quando você não está fazendo isso. Depois que você está diante da pia com suas mangas arregaçadas e suas mãos na água morna, não é tão ruim assim. Eu gosto de levar tempo com cada peça de louça, estando plenamente consciente em cada peça, na água e em cada movimento de minhas mãos. Eu sei que se eu me apressar pra sair e ir tomar uma xícara de chá, o tempo não será agradável e não terá valido a pena de ser vivido. Isso seria uma pena, pois cada minuto, cada segundo da vida é um milagre. As louças em si e o fato de eu estar aqui as lavando são milagres! Cada tigela que eu lavo, cada poema que eu componho, cada vez que eu convido um sino a tocar é um milagre, cada um tem exatamente o mesmo valor. Um dia, enquanto lavando uma tigela, senti que meus movimentos eram tão sagrados e respeitosos como os de banhar um Buddha recém-nascido. Se ele estivesse lendo isso, aquele Buddha recém-nascido certamente estaria feliz por mim, e não teria se sentido nada ofendido de ser comparado com uma tigela.

Cada pensamento, cada ação à luz da atenção plena se torna sagrada. Sob essa luz, não existe fronteiras entre o sagrado e o profano. Devo confessar que leva um pouco mais de tempo para terminar de lavar a louça, mas vivo plenamente cada momento, e sou feliz. Lavar a louça é ao mesmo tempo um meio e um fim, isto é, não lavamos a louça apenas para termos as louças limpas, mas também lavamos a louça simplesmente para lavar a louça, para viver plenamente em cada momento enquanto estamos lavando.

Se eu for incapaz de lavar as louças alegremente, se eu quiser terminar logo para que eu possa ir tomar uma xícara de chá, serei igualmente incapaz de beber o chá alegremente. Com a xícara de chá em minhas mãos eu estarei pensando o que farei a seguir, e a fragrância e o sabor do chá, juntamente com o prazer de bebê-lo, serão perdidos. Estarei sempre atraído pelo futuro, nunca sendo capaz de viver no momento presente.

Banhando um Buddha recém-nascido
, de Thich Nhat Hanh.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sem objetivo


No Ocidente, somos muito direcionados para os objetivos. Sabemos para onde queremos ir e direcionamos nossas forças para chegar lá. Isso pode ser útil, mas muitas vezes nos esquecemos de apreciar também o caminho.

Existe no budismo uma palavra que significa “ausência de desejo” ou “ausência de objetivo”. A diferença consiste em você não colocar um alvo à sua frente e sair correndo atrás dele, porque já está aqui em você mesmo. Enquanto praticamos a meditação andando, não tentamos chegar a lugar nenhum. Damos apenas passos felizes, serenos. Se não pararmos de pensar no futuro, no que queremos realizar, perderemos nossos passos. O mesmo vale para meditação sentada. Nós nos sentamos só para apreciar o estar sentado. Não nos sentamos a fim de alcançar um objetivo. Isso é de importância vital. Cada momento da meditação sentada nos traz de volta à vida, e nós devemos nos sentar de forma tal que nos sintamos bem o tempo todo. Quer estejamos chupando uma tangerina, tomando uma xícara de chá, ou caminhando em meditação, deveríamos fazê-lo “sem objetivo”.

Muitas vezes dizemos a nós mesmos, “Não fique só aí sentado, faça alguma coisa”! Quando praticamos a plena consciência, porém, descobrimos algo inusitado. Descobrimos que o contrário pode ser ainda mais valioso: “Não fique aí fazendo alguma coisa. Sente-se!” Precisamos aprender a parar de vez em quando a fim de ver com nitidez. A princípio, “parar” pode parecer uma “resistência” à vida moderna, mas não se trata disso. “Parar” não é só uma reação; é um estilo de vida. A sobrevivência da humanidade depende de nossa capacidade de desacelerar. Temos mais de 50.000 bombas atômicas, e mesmo assim não conseguimos parar de fabricar mais. “Parar” não significa um basta ao que é negativo, mas também permitir que se realize uma cura positiva. É esse o propósito da nossa prática – não evitar a vida, mas experimentar e comprovar que a felicidade é possível agora e também no futuro.

A base da felicidade é a plena consciência. A condição fundamental para ser feliz é ter consciência de que se é feliz. Se não percebermos que estamos felizes, não estaremos realmente felizes. Quando estamos com dor de dente, não damos conta de que não ter dor de dente é maravilhoso. Mas, mesmo assim não nos sentimos felizes quando estamos sem dor de dente. Esquecemos quando estamos sem dor de dente. Há coisas que são agradáveis, mas que não sabemos apreciar se não praticamos a plena consciência. Quando estamos com a mente alerta, valorizamos essas coisas e aprendemos a protegê-las. Ao cuidar bem do momento presente, estamos cuidando bem do futuro. Trabalhar pela paz do futuro é trabalhar pela paz do momento presente.

Extraído do livro "Paz a cada Passo", de THICH NHAT HANH.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Tal com é...


No budismo, a expressão “tal com é”, é usada para designar “a essência ou características particulares de um objeto ou de uma pessoa, sua verdadeira natureza”. Cada pessoa tem a sua natureza. Se quisermos viver em paz e felicidade com alguém, Precisamos ver a natureza. Quando a vemos, compreendemos a pessoa, e não haverá problemas. Poderemos viver juntos, serenos e felizes.

Quando trazemos o gás natural para dentro de casa para calefação e para cozinhar, conhecemos a natureza do gás. Sabemos que o gás é perigoso – ele pode nos matar se não formos cuidadosos. Sabemos também, que precisamos dele para cozinhar, e por isso não hesitamos para trazê-lo para dentro de casa. O mesmo se aplica à eletricidade. Ela poderia nos eletrocutar; mas, se estivermos alerta, ela pode nos ajudar. E não há problemas porque já conhecemos alguma coisa a cerca da natureza da eletricidade. Com uma pessoa, dá-se o mesmo. Se não sabemos o suficiente a cerca da natureza dessa pessoa, podemos ter problemas. No entanto, se a conhecemos, podemos nos dar muito bem e aproveitar a natureza da outra pessoa. Não esperamos que alguém seja sempre uma flor. Temos de compreender seu lixo também.

Extraído do livro: “Paz a Cada Passo”, de Thich Nhat Hanh.
Vietnamita, professor Zen, poeta e advogado da paz.
Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1967 por Martin Luther King.

domingo, 19 de abril de 2009

A esperança como obstáculo


A esperança é importante por poder tornar o momento presente mais suportável. Se acreditarmos que amanhã tudo será melhor, podemos encarar a adversidade hoje. Isso é, porém, o máximo que a esperança pode fazer por nós – tornar mais leve as agruras. Quando penso profundamente sobre a natureza da esperança, vejo algo de trágico. Por nos agarrarmos a uma esperança no futuro, não concentramos nossas energias e nossa capacidade no momento presente. Usamos a esperança para acreditar que algo melhor irá acontecer no futuro, que alcançaremos paz, ou o 'reino de Deus'. A esperança passa a ser um obstáculo. Se você conseguir se abster da esperança, poderá se dedicar totalmente ao momento presente e descobrir a alegria que já está aqui.

A luz, a paz e a alegria não podem ser concedidas pelos outros. O poço está em nosso intimo e, se cavarmos o suficiente no momento presente, a água jorrará. Precisamos voltar ao momento presente para que estejamos realmente vivos. Quando praticamos a respiração consciente, estamos praticando a volta ao momento presente, no qual tudo está acontecendo.

A civilização ocidental empresta tanta ênfase à idéia da esperança que acabamos sacrificando o momento presente. A esperança é para o futuro. Ela não pode nos ajudar a descobrir a alegria, a paz e a luz no momento presente. Muitas religiões se baseiam no conceito de esperança, e essa recomendação no sentido de evitá-la pode provocar uma forte reação. Esse choque pode, no entanto, produzir algo importante. Não estou dizendo que não devemos ter esperança, mas que a esperança não basta. Ela pode criar um obstáculo pra você e, se estiver imerso na energia da esperança, não conseguirá voltar por inteiro para o momento presente. O que seria uma lástima. Se você canalizar esta energia para uma conscientização do que está ocorrendo, no momento presente, será capaz de romper com tudo e descobrir a alegria e a paz exatamente no momento presente, dentro de si mesmo e em tudo à sua volta.

A. J. Muste, líder do movimento pacifista em meados do século XX nos Estados Unidos, que inspirou milhares de pessoas, disse uma vez, "Não há caminho para paz. A paz é o caminho." Essa frase nos diz que podemos concretizar a paz aqui e agora com nosso olhar, nosso sorriso, nosso pensamento, nossas palavras e nossos atos. O trabalho pela paz não é um meio. Cada passo que damos deveria ser a paz. Cada passo que damos deveria ser a alegria. Cada passo que damos deveria ser a felicidade. Se tivermos determinação, podemos fazê-lo. Não precisamos do futuro. Podemos sorrir e relaxar. Tudo que desejamos está aqui no momento presente.

Extraído do livro "Paz a cada Passo", de THICH NHAT HANH.

sábado, 18 de abril de 2009

Felicidade e os venenos da mente


"A condição básica para a felicidade é a liberdade.
Não estamos nos referindo à liberdade política, e sim à liberdade que conquistamos quando nos libertamos da raiva, do desespero, do ciúme e das ilusões. Buddha os descreveu como venenos.
Enquanto eles estão em nosso coração, é impossível ser feliz."

Thich Nhat Hanh.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nietzsche, o filósofo



Nietzsche é um dos grandes mestres da suspeita, que denuncia a moralidade e a política moderna como transformação vulgarizada de antigos valores metafísicos e religiosos, numa conjuração subterrânea que conduz ao amesquinhamento das condições nas quais se desenvolve a vida social. Nesse sentido, ele é um dos mais intransigentes críticos do nivelamento e da massificação da humanidade. Para ele, isso era uma conseqüência funesta da extensão global da sociedade civil burguesa, tal como esta se configurou a partir da Revolução Industrial.

Viviane Mosé é folósofa, escritora e poeta.

Caso queira assistir o programa todo, clique aqui!

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Dor e vontade



Você já parou para pensar qual será a causa de toda a dor humana?

Vivemos em excesso de vida. Vida sobre vida. Eu acho que falta um pouco de falta de não ação, uma coisa da contrição, da observação”
, diz o monge zen budista Daju Sam.

Para o filósofo Arthur Schopenhauer, o homem está sujeito à força universal da vontade. Na visão pessimista dele, a vida seria um sofrimento, por ser um constante querer, eternamente insatisfeito.

Por Viviane Mosé (Filósofa e Poeta)

quarta-feira, 15 de abril de 2009

BUDISMO E FÍSICA QUÂNTICA



Budistas acreditam em um caminho do meio entre ciência e espiritualidade. Física quântica introduziu mistérios na ciência contemporânea. (Fonte: Globo Repórter)

domingo, 12 de abril de 2009

Siddhartha Gautama, o Buddha



Documentário produzido pela BBC sobre um certo mestre que explorou a libertação da roda da vida - Siddhartha Gautama, o Buddha

sábado, 11 de abril de 2009

A VIDA DE BUDDHA



Quando jovem, Buda (que então se chamava Sidarta) vivia trancado num palácio que seu pai havia enchido com as coisas mais belas que o mundo pode oferecer. Pensava que, desta maneira, podia evitar que a dor humana atingisse o seu filho.
Certo dia, Sidarta resolve passear pela cidade. Cruza com um enterro, um velho, e um doente. Volta assustado para casa, mas é tarde: não pode mais esquecer o que viu.
Ao invés de ficar paralisado ou confuso como a maior parte das pessoas, resolve buscar as respostas para a tragédia da vida.
O sofrimento colocou o jovem Sidarta no “Caminho do Meio”. E sua preocupação em acabar com ele, o transformou num Iluminado.

A VIDA DE BUDDHA - PARTIÇÃO DO PREMIADO DOCUMENTÁRIO PRODUZIDO PELA BBC.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

O Poder do Agora



Entrevista com Ekhart Tolle, autor do livro “O Poder do Agora”, falando sobre o Sofrimento e o “estar presente” no Aqui e no Agora.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

ILUSION



ILUSÕES - Um retrato do Budismo Tibetano com Sua Santidade Dalai Lama e Sogyal Rinpoche - Documentário veiculado na TV Câmara - Programa "Via Mística" - em 12/01/2003.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Felicidade Humana

Depoimento tocante deste Venerável Lama Tibetano sobre a Felicidade Humana.

domingo, 5 de abril de 2009

Psicologia Budista


DESINTOXICANDO-SE DAS EMOÇÕES VENENOSAS

O psicólogo Marco Aurélio Bilibio fala sobre a função psicológica das emoções e seu papel na autorealização e no adoecimento psíquico. Emoções dão colorido à vida, mas tornam-se tóxicas quando se transformam em feridas afetivas de que não sabemos mais nos libertar. Emoções tóxicas estão na raiz de vidas insatisfatórias e de pouca realização. Quando se tornam epidemias sociais levam à desorganização familiar e comunitária. Na vida profissional podem gerar prejuízos grandes à carreira, levando à relações conflitivas e desmotivação. Além da compreensão da dinâmica emocional, Marco Aurélio focaliza também atitudes e posturas que podemos aprender para nos desintoxicarmos dessas fixações e recobrarmos o fluxo natural de emoções nutritivas, tanto na vida pessoal como na profissional.

sábado, 4 de abril de 2009

Quando a natureza desperta a alma



Existe uma estreita ligação entre estes três níveis: a vitalidade individual, as emoções; aquela do mundo onde vivemos; as formas e as cores da natureza; a vitalidade que permeia o Universo, a dimensão espiritual.

"Se a Terra Tivesse um diâmetro de pouco mais de um metro e flutuasse a pouca distância do solo sobre um campo qualquer, viria gente de todo o mundo para admirar as suas piscinas de água tanto pequenas como grandes, e aqueles pedaços de terra que emergem da água. Os visitantes ficariam admirados com a camada finíssima de gás que circunda e protege esta linda bola, bem como com as minúsculas partículas de água suspensas no gás; Se maravilhariam com todas as criaturas na superfície e nas águas. E a bola seria considerada preciosa por ser única e seria protegida para que não estragasse. Seria a maior maravilha conhecida,fonte de inspiração, sabedoria e beleza. As pessoas a amariam e a defenderiam com a própria vida, sentindo que nada teria significado sem a sua existência...

Reflexões poéticas do ecopsicólogo neo-zelandês Olaf Skarsholt citado pela ecopsicóloga italiana Marcella Danon como introdução ao texto que segue:

Boa parte da solidão, da falta de sentido da vida e da "Doença da Alma" (ou da mente) que tão freqüentemente aflige o mundo civilizado ocidental deve-se à perda de conexão com a origem da Vida e à incapacidade de fazermos as perguntas fundamentais que estão na base da nossa existência. Perguntas que manteriam mais viva a nossa atenção aos laços que temos com o mundo que nos cerca: "quem sou?", "de onde venho?", "para onde vou?"

Temos hoje um problema de alienação da dimensão espiritual e que está estreitamente ligada à alienação de nossas próprias emoções e, não por acaso, também da natureza: quando se forma um casulo em torno daquilo que consideramos o nosso pequeno e importantíssimo "eu", perdemos a capacidade de ver e de sentir aquilo que existe ao redor de nós.

Este é o problema, uma barreira que se cria entre o nosso "eu" e a nossa natureza mais autêntica que si exprime também através das emoções, o aspecto mais vital e dinâmico do nosso ser. Quando Negamos as emoções, negamos tudo o que é espontâneo e natural em nós e, de quebra, tudo quanto é natural e espontâneo no nosso entorno, e por conseguinte também tudo quanto é natural e autêntico no ambiente natural, a natureza selvagem, todo o mundo não "civilizado". Quando negamos a origem da vida material – não é por caso que se use a expressão "Mãe Terra" – nos fechamos à percepção do princípio espiritual que serve de base para toda a criação, nos fechamos a toda outra dimensão que escape da dimensão do ego. Não é de se admirar que nos sobrevenha um dilúvio de depressão e um sentido de vazio existencial!

Para quebrar este isolamento, reentrar no circulo da vida e se re-conectar à totalidade do próprio ser, é necessário antes de tudo, afinar a capacidade de escutar, para capturar a presença e a voz do sentir-se a si mesmo, a si próprio e do sentir aos outros. Depois, é preciso desenvolver a atenção e o respeito por tudo que vive: a partir de nossas próprias emoções, até o ponto de incluir os outros seres humanos, cada outro ser vivente, a natureza em sua totalidade. Quando a abertura se torna tal ao ponto de acolher tanto o mundo pessoal interno como o mundo externo, a vida se revela aos seus níveis mais altos e o indivíduo poderá reconhecer-se como parte de um projeto muito mais amplo e não terá que sentir-se solitário ou solitária. Nunca Mais. Pelo contrário saberá estar conectado profundamente com tudo aquilo que existe.

Ecopsicologia Brasil

sexta-feira, 3 de abril de 2009

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sonhos


“Se sonhássemos um sonho do qual não podemos acordar, como saberemos que estamos, de fato sonhando?”

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Felicidade


"A condição básica para a felicidade é a liberdade.
Não estamos nos referindo à liberdade política, e sim à liberdade que conquistamos quando nos libertamos da raiva, do desespero, do ciúme e das ilusões. Buddha os descreveu como venenos. Enquanto eles estão em nosso coração, é impossível ser feliz."

Thich Nhat Hanh.