“Não siga o passado, não se perca no futuro. O passado não existe mais, o futuro ainda não chegou. Observando profundamente a vida como ela é, aqui e agora, é que permanecemos equilibrados e livres. (Bhaddekaratta Sutta) "
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Mantras e Kirtans de Krishna Das
Matéria que gravei do programa Alternativa Saúde do GNT, e que foi exibido em 01/10/2006.
Krishna Das fala da sua carreira e um pouco da sua peculiar história de vida.
domingo, 20 de dezembro de 2009
Trazer a mente para casa
A dádiva de aprender a meditar é o maior presente que você pode se dar nesta vida. Porque é apenas através da meditação que você pode empreender a jornada para descobrir sua verdadeira natureza e assim encontrar a estabilidade e a confiança de que necessitará para viver e morrer bem. A meditação é o caminho para a iluminação.
Sogyal Rinpoche.
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Sê
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.
Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.
Pablo Neruda
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
sábado, 5 de dezembro de 2009
Publicação buddhista do CBB
TRIRATNA, REVISTA BUDDHISTA
É um prazer anunciar o lançamento da Revista Triratna do Colegiado Buddhista Brasileiro, uma revista online que almeja trazer artigos e depoimentos de professores buddhistas brasileiros e/ou conectados com o Brasil, com temas atuais e informativos. O Colegiado Buddhista Brasileiro é uma entidade sem fins lucrativos criada com o objetivo maior de contribuir para a difusão, sustentação e correta orientação dos ensinos de Buddha. Com a Revista Triratna, uma nova frente se abre para a divulgação do Dharma (pali, Dhamma) em língua portuguesa. Seu número 1 pode já ser acessado aqui. Leiam e divulguem! (Texto copiado do blog Folhas no Caminho)
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quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Koyaanisqatsi - Life Out Balance
Koyaanisqatsi (1983) é o primeiro filme da trilogia “QATSI” que representa um dos mais originais e empolgantes momentos da História do Cinema. Concebidos ao longo de 20 anos e produzidos por cineastas de renome como Francis Ford Coppola, George Lucas e Steven Soderbergh, estes três filmes vanguardistas e não-narrativos (sem diálogos), refletem sobre a condição do homem no mundo moderno. A música de Philip Glass alia-se às imagens de forma perfeita e o resultado é simplesmente uma das mais enriquecedoras experiências audiovisuais que já pude assistir. Este foi o único filme que tive a oportunidade de assistir até agora que mostra como o mundo foi evoluindo rumo ao que conhecemos hoje como "contemporaneidade", ou como modernidade, para os que preferirem. Quando mostra ao que chegamos, o ritmo frenético das grandes metrópoles, seria impossível não refletir sobre tudo que aí está e a ordem que acabamos por naturalizar na vivência ofegante de nossas rotinas.
SINOPSE
A sensação de que a vida moderna e civilizada cada vez mais contribui para afastar o ser humano do seu rumo interior levou o estudioso do zen-budismo e cineasta Godfrey Reggio a filmar durante sete anos, estados da vida que, imperceptíveis à cegueira tecnológica do ser humano, tentam explicar por que nossas vidas estão ‘fora do rumo’. Sem roteiro e com orçamento limitado, a ideia de fazer um documentário que expusesse os problemas modernos só com música e imagem, atraiu o apoio de cineastas de peso como Coppola e George Lucas, o que garantiu a qualidade das imagens e maior fidelidade às ideias originais. Não há diálogos nem narrativa durante o filme, recursos deliberados para chamar nossa atenção para coisas que vemos todos os dias, mas sem que as enxerguemos em seu significado mais profundo.
O objetivo da trilogia, numa maneira limitada, foi mostrar um espelho da vida assim como ela é, numa via muito rápida.” (Godfrey Reggio, diretor, sobre a trilogia).
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domingo, 29 de novembro de 2009
Sobre o Tempo e o Agora
"O ser humano não percebe que não se precisa de tempo na vida, porque a vida realmente acontece no momento presente. É equivocada a nossa noção, reforçada pelas religiões e pelos teóricos evolucionistas, de que precisamos de tempo para evoluir e completarmo-nos, para mudar do’ que é' para 'o que deveria ser'. O tempo é certamente necessário no campo do aprendizado, para atingir metas e para ganhar a vida e por tornarmo-nos peritos em alguma profissão. Mas no mundo da psique, seguimos o velho padrão tradicional, e nos tornamos frustrados e miseráveis quando a esperança da plenitude não é alcançada. Tornamos-nos acostumados ao condicionamento de que precisamos de tempo para evoluir para algo diferente do que já somos. No entanto, uma pessoa que se baseie no tempo horizontal como um meio de alcançar a felicidade ou de realizar a Verdade está enganando a si mesma. Não há entendimento no tempo: é agora ou nunca. O que há, é agora. Não existe o "nunca". Ver "o que é" é sempre imediato. A Verdade está além da razão e do cálculo. O observador só pode ser no passado ou no futuro. A natureza e futilidade do tempo horizontal é vista quando o ver é no agora sem "aquele que vê".
Ramesh Balsekar: "The One in the Mirror"
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
INTERSENDO
Arranje um cantinho sossegado e uma almofada gostosa. Acenda um incenso.
Sente-se com as costas bem eretas.
Coloque as mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima e balance o corpo lentamente da esquerda para a direita, de movimentos maiores a movimentos menores, como um pêndulo, até encontrar o centro de equilíbrio do corpo.
Pare aí.
Inspire profundamente e solte o ar lenta e completamente pela boca.
Relaxe os ombros.
Inspire novamente e solte o ar pela boca. Então cerre os lábios, coloque a ponta da língua no céu da boca e respire pelas narinas.
Mantenha os olhos entreabertos, apenas pousados a sua frente.
Ouça todos os sons.
Sinta todas as fragrâncias.
Perceba o ar, a temperatura em sua pele.
Você está pensando? Ou não está pensando?
Verifique sua postura. Costas eretas. Cabeça como se um fio puxasse para o céu. Pernas firmes pela força da gravidade.
Não julgue. Nem certo nem errado, nem bonito nem feio.
Seja. Apenas sente.
Intersendo com tudo que existe.
Que bom estar vivo.
Este instante aqui e agora é o céu e a terra.
Isso é tudo. Tudo é nada.
Monja Coen
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Largar o ponto de apoio
O mestre Zen Hakuin (1689-1769) descreve o último estágio de um Koan:
“Quando o discípulo compreende o Koan, percebe que atingiu o limite de sua tensão mental e é levado a uma pausa”. Assim como um homem pendurado sobre um precipício, ele não sabe absolutamente o que fazer a seguir... Súbito, constata que sua mente e seu corpo foram varridos da existência, junto com o Koan. Isto é conhecido como ‘largar o ponto de apoio’.
Quando despertares do entorpecimento e reconquistares a respiração, é como beber água e saber que ela está fria. Sentirás uma alegria inexprimível.”
Assim, quando o discípulo chega ao ponto final em que absolutamente não pode captar o Koan, chega também à compreensão de que a vida nunca poderá ser entendia em sua essência nem possuída ou paralisada à força. Portanto, ele “se solta”, e esse desprendimento é a aceitação da vida tal como ela é, como algo que não pode ser propriedade de ninguém, que é sempre livre, espontâneo e ilimitado.
domingo, 22 de novembro de 2009
De um estado mental para outro
Estamos sempre tentando levar nossa vida da infelicidade para a felicidade. Ou, poderíamos dizer, desejamos nos mudar de uma vida de lutas para uma vida de alegria. Mas essas coisas não são as mesmas: sair da infelicidade para a felicidade não é o mesmo que sair da luta para a alegria. Algumas terapias buscam levar-nos de um eu infeliz para um eu feliz. A prática zen, porém, (e, talvez, algumas outras disciplinas e terapias) podem ajudar-nos a sair do eu infeliz para o 'não-eu', que é a alegria.
Charlotte Joko Beck
Sempre Zen.
Running Away
Matisyahu é um artista/Reggae judeu azídico de hip-hop. Não sou um grande fã de reggae, mas confesso que o ritmo me parece reconfortante e inspirador. As letras de reggae são frequentemente sobre justiça social, paz, amor, espiritualidade e harmonia. E algumas trazem uma espécie de ‘satori musical’. A música tem uma força poderosa em minha vida e que muitas vezes age como um guia ao longo do caminho do meio entre "alguma coisa e nada”. Esta versão de um clássico de Bob, é entoada aqui com certo ‘lirismo’, como se fosse uma espécie de koan:
"Todo homem acha que seu fardo é mais pesado".
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Mais um passo
Há um famoso ditado: "Suba no topo de um mastro de 30 metros, então, dê mais um passo". Qualquer um pode subir num mastro de 30 metros e chegar ao topo. Mas, como alguém pode dar um passo além do topo? Essa é a parte mais intrigante e também a mais importante. Após ter alcançado o topo, não se deveria ficar apegado a ele; não se deveria permanecer lá. Tornamo-nos apegados a idéias e conceitos elevados. Ao invés disso, volte para o chão e viva a vida como sempre. "Mais um passo" não significa um passo para cima, mas um passo para baixo. Venha para baixo e viva a vida iluminada em meio às dificuldades humanas.
Quando subimos num mastro de trinta metros, devemos ser cuidadosos. Sim, podemos fazê-lo por nossos próprios esforços - disciplinando-nos física e mentalmente. Muitas pessoas permanecem no alto, dizendo: "Eu fiz. Consegui!" Mas, a coisa importante é voltar para baixo, para o chão. "Chão" significa nossa vida diária: trabalhar, limpar, cozinhar, cumprir as tarefas. Quando assim compreendemos, então, fazemos tudo isso em nossas vidas diárias - mas não mais como vítimas! Não mais vivemos de um modo casual. Sem apego ao ego, a vida é vivida em seu apogeu. Esquecemos a nós mesmos e colocamos nossas vidas naquilo que estamos fazendo, o que quer que seja. O eu natural flui. Este é o passo além.
Extraído do livro "O Centro Dentro de Nós - O Budismo na Vida Diária" - Sensei Gyomay Kubose (tradução de Ricardo Sasaki).
domingo, 15 de novembro de 2009
Grande dúvida
sábado, 14 de novembro de 2009
Templo Busshinji - Cinquentenário e Inauguração
Cinquentenário e Inauguração
Programação da cerimônia do cinquentenário do Templo Busshinji e inauguração do Pavilhão Dai Kankaku:
Dia 13 de novembro
10:00 - Cerimônia para Recepcionar o Shumu Socho
- Corte da Faixa de Inauguração e Descerramento da Placa
- Apresentação do novo prédio
11:00 - Cerimônia de Abertura da Imagem do Fundador
11:30 - Cerimônia dos 600 volumes do Sutra Prajna Paramita
12:30 - Banquete no Salão do Pavilhão Dai Kankaku
Dia 14 de Novembro
13:00 - Cerimônia de Abertura do Monumento
13:30 - Palestra
14:30 - Cerimônia Memorial dos Fundadores
15:30 - Cerimônia de Abertura dos Olhos das Imagens Daiguen Shuri Bosatsu e Daruma Soshi
16:30 - Cerimônia Memorial dos Antepassados(Grupo do Japão)
17:30 - Cerimônia do Manto Kuyo (Milhões de Luzes)
Dia 15 de Novembro
08:30 - Cerimônia para Recepcionar o Shumu Socho
09:00 - Cerimônia Memorial dos Monges e Professores falecidos da América do Sul
10:00 - Cerimônia Comemorativa do Cinquentenário do Templo Busshinji
- Entrega do Certificado de Honra ao Mérito de Shumucho para Convidados
11:00 - Cerimônia Memorial para todos os membros
- Entrega do Certificado de Honra ao Mérito do Busshinji para Convidados
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Cinquentenário Templo Busshinji
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Prática diligente
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Eu temo ver o que sou
A prática inteligente sempre lida apenas com uma coisa: o medo na base da existência humana, o medo de que "eu não sou". E é claro que "eu não sou", mas a última coisa que quero saber é isso: eu sou a própria impermanência em uma forma humana em rápida mudança, mas que aparenta solidez. Eu temo ver o que sou: um campo de energia sempre em mutação...
Então a boa prática se refere ao medo. O medo toma a forma de pensamento constante, especulação, análise, fantasia. Com toda essa atividade, criamos uma nuvem-tampa para nos manter seguros em uma prática de faz-de-conta.
A verdadeira prática não é segura; é tudo menos segura. Mas não gostamos disso, então ficamos obcecados em nossos esforços febris para alcançar nossa versão do sonho pessoal. Tal prática obsessiva é também apenas outra nuvem entre nós e a realidade.
A única coisa que importa é ver com uma lanterna impessoal: ver as coisas como elas são. Quando a barreira pessoal cai, por que precisamos chamar isso de alguma coisa? Apenas vivemos nossas vidas. E quando morremos, apenas morremos. Nenhum problema em nenhum lugar.
Charlotte Joko Beck, "Everyday Zen"
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
Nada é realmente para sempre
Talvez esse título seja um ponto de reflexão que se possa tirar de "O Curioso Caso de Benjamin Button". Talvez a maior sacada do filme seja, justamente, o fato de ser uma fábula. Por vezes, o cinema se prende ao bom e velho "Baseado em Fatos Reais" e se esquece de contar estórias, apenas pelo simples prazer de contá-las.
Se for pensar em lição de vida, me pego com uma série de pontos que dariam uma discussão e tanto. Falar de idade, de envelhecer, de perda, de amor, ...são assuntos tão sensíveis que me aperta o coração só de pensar a vontade que da de envelhecer ao lado da pessoa que realmente amamos.
O fato é que muita gente tem mania de reclamar de envelhecer, de preferir os tempos passados, e ficar delirando neste tipo de nostalgia de pensar sobre as vantagens e desvantagens do tempo, de achar que era feliz quando era mais jovem, ou que os melhores anos ainda estão por vir, e na verdade acabamos deixando de curtir o hoje, acabamos perdendo o AGORA. E as pessoas que estão HOJE na sua vida, e que amanhã podem não estar mais?
Saber envelhecer com sabedoria, tomar decisões sem esperar "a hora certa" e colher os frutos dessa vida. Não deixe nada para a próxima. Essa é uma questão que cabe ao você de HOJE!
Tanto rejuvenescendo quanto envelhecendo, o tempo e a idade existem para nos mostrar que NADA É PARA SEMPRE!
domingo, 8 de novembro de 2009
Plena percepção consciente dos sentimentos
É o nível do sentimento que controla a maior parte da nossa vida interior, mas, mesmo assim, em geral não temos uma real consciência dos nossos sentimentos. Nossa cultura ensinou-nos o retraimento e a supressão – “demonstrar as emoções” não é adequado para um homem e apenas certas emoções são permitidas às mulheres.
Quando não aprendemos a falar sobre os nossos sentimentos ou mesmo a tomar consciência deles, percebendo quando a consciência é 'colorida' por emoções negativas, nossa vida continua enredada. Para muitos praticantes da meditação, recuperar a percepção consciente dos sentimentos é um processo longo e difícil. Contudo, na psicologia budista, levar a consciência aos sentimentos é um fator decisivo para o despertar. Num ensinamento conhecido como: “O ciclo de surgimento das condições” [A roda da Vida], Buda explica como o ser humano fica enredado. É o sentimento que nos retém ou que nos liberta. Quando surgem sentimentos agradáveis e os retemos de modo automático, ou quando surgem sentimentos desagradáveis e tentamos evitá-los, estabelecemos uma reação em cadeia de perplexidade e dor. Esse processo perpetua o “corpo de medo”. Mas, se aprendermos a ter consciência dos sentimentos sem avidez ou aversão, então eles poderão mover-se através de nós como as estações do ano e seremos livres para senti-los e mudar como o vento. Um exercício de meditação muito interessante consiste em focalizar especificamente os nossos sentimentos durante vários dias; damos nome a cada um deles e vemos quais os que tememos, quais os que nos enredam e quais geram histórias, e como tornar-nos livres. “Livre” não quer dizer livre dos sentimentos, mas, sim, livre para sentir cada um deles e deixá-lo mover-se, sem temer o movimento da vida. Podemos aplicar esse exercício sempre que padrões difíceis se apresentarem. Sentir qual o sentimento que está no centro de cada experiência e tornar-nos plenamente abertos para ele. Esse é um movimento em direção à liberdade.
Do Livro: “UM CAMINHO COM O CORAÇÃO” - de Jack Kornfield.
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
Quietude e silêncio
O primeiro meio utilizado pelo mestre zen para preparar e abrir o discípulo à experiência do Ser é o silêncio.
O silêncio como caminho rumo à experiência no qual o homem sente o Ser dentro de si é praticado na arte da meditação, isto é, no profundo recolhimento do silêncio. Esse exercício tem suas raízes e é protegido por um culto do silêncio típico do Oriente em geral e do Zen em particular.
A meditação silenciosa é o elemento central da vida dos monges. Porém, "o sentar-se em silêncio" não é praticado apenas nos mosteiros. É muito mais uma prática que faz parte da vida do Oriente, na medida em que este ainda preserva de algum modo as antigas tradições. Porém, até no Oriente, só aqueles que realmente sabem o que estão buscando encontram o maior tesouro que esse silêncio é capaz de oferecer: o contato com a essência de cada um.
Todos os mestres nos dizem que a origem da vida — origem esta que a nossa consciência objetiva tão facilmente nos impede de ver — nos fala principalmente através do silêncio. Diz o mestre Suzuki: "No espírito do Oriente há um grande silêncio, uma quietude que é impossível perturbar, que parece sempre contemplar a eternidade. Essa quietude, contudo, não é ausência de vida. É a quietude do 'abismo da eternidade' no qual todas as coisas estão no seu próprio elemento. Aquele que confunde essa quietude com decomposição e morte se sur¬preenderá com a forte impressão de atividade que pode irromper desse silêncio eterno." Essa quietude também é característica do Zen. É o silêncio do insondável, um farol para prática que nada pode perturbar ou obscurecer, porque é o ponto no qual a vida, além de qualquer conceito ou imagem, tem origem; e esse é também o motivo pelo qual nenhum conceito, imagem ou pergunta pode penetrá-lo.
Poucas coisas fazem tanta falta ao mundo ocidental como o silêncio e não há nada que lhe seja tão difícil como a prática do silêncio. O ruído nos assalta de todos os lados com o barulho do mundo, mas muito mais com o tumulto interior das ansiedades que nos assaltam, dos sentimentos não correspondidos, dos impulsos reprimidos e, sobretudo, a turbulência interior proveniente da falta de contacto com a nossa essência intrínseca aprisionada. Acostumados ao barulho e a ele incorporados, com frequência já não podemos viver sem ele, nem fugir do ruído ou seja lá do que for que nos incomode.
Fugimos para a multiplicidade que ressoa a nossa volta e no nosso interior, e perdemos o Um de que tanto precisamos e que só se revela na quietude. Fugimos do encontro com nós mesmos. E é esse justamente o sentido de sentar-se em silêncio: o encontro consigo mesmo e com a sua essência intrínseca e — no caminho rumo a esse encontro — com tudo o que nos separa dessa essência.
Há também um silêncio que fala e que só se dirige a nós quando, imóveis, atentos à sua resposta, nós o suportamos com grande paciência. Durante a noite, desesperado, rogando a “Deus” por uma resposta, quem já não provou esse silêncio, que, mantendo-se calado, nos lançou em trevas muito mais profundas? Contudo, se suportamos esse silêncio sem reclamar, surge de súbito a resposta, irradiando luz. E, no entanto, o que será mais estranho à nossa habitual escuta distraída do que o silêncio absoluto? A verdade intrínseca, contudo, não nos fala na nossa linguagem normal. E é exatamente o confronto com esse silêncio que nos abala quando toda a nossa expectativa se concentra numa resposta que de repente pode despertar a nossa consciência. Os mestres zen sabem disso.
Inúmeros são os exemplos nos quais o discípulo iluminado, pleno de um apaixonado anseio pela verdade, procura o mestre para obter uma resposta à pergunta que, depois de longa busca, encerra e concentra toda a sua angústia. O mestre o recebe. É chegado o grande momento, o momento decisivo. O mestre sabe que agora tudo está em jogo. O que ele dirá? O discípulo faz a pergunta: é agora que virá a resposta! E então acontece o inesperado: o mestre o olha — fixamente, perscrutando-o — e se cala num silêncio de bronze. E então o discípulo é atingido como por um raio. Todo o edifício sobre o qual se estruturava a sua pergunta desmoronou. E a evidência o atinge. Ele se sente en¬volvido por um torvelinho, chora, ri — ele foi despertado!
Extraído do livro "O Zen e Nós" de Karfrig G. Durckhem.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
O Poema de Ryokan
Há cerca de duzentos anos, viveu no Japão um monge Zen muito especial chamado Ryokan, que vivia a mais simples e frugais das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Como provavelmente sabem, certa vez ele escreveu um curto poema quando descobriu que um ladrão lhe tinha roubado todos os seus pertences. De fato, na sua cabana apenas havia as coisas essenciais para o seu dia a dia, tais como um par de cobertores velhos, um pincel, tinta, papel, uma toalha e uma bacia para se lavar. Ryokan escreveu:
A Lua Não Pode Ser Roubada
Uma noite um ladrão entrou na cabana apenas para descobrir que nada havia quase nada para ser roubado.
Ryokan retornou e o surpreendeu:
"Você fez uma longa viagem para me visitar," ele disse ao ladrão, "e você não deveria retornar de mãos vazias. Por favor, tome minhas roupas como um presente."
O ladrão ficou perplexo. Rindo atoa, tomou as roupas e esgueirou-se para fora.
Ryokan sentou-se nu, olhando a lua.
"Pobre coitado," ele murmurou. "Gostaria de poder dar-lhe esta bela lua."
sábado, 31 de outubro de 2009
Estudar o budismo é estudar a si memso
Buda nos disse: o homem é seu próprio refúgio, quem outro poderia ser? O homem buscando em si mesmo o seu próprio refúgio. Pelo fato de estar perdido no tempo e desconhecendo esse oceano (si próprio), torna-se prisioneiro da escuridão: exilado e perdido no mundo das aparências. Para o budismo o homem é uma criatura de inteligência limitada e relativa, que por estar aprisionado em seu próprio casulo, não consegue romper o auto-apego à vida e a todas as coisas que o cercam, desse modo o ser humano vive imerso na ilusão do ego. Duplos olhos que se convergem: o primeiro, prisioneiro do que vê, o segundo, em busca da possibilidade de encontrar-se a si próprio. Inquieto e escravizado, se vê diante da impossibilidade de romper o “casulo”, o mundo das aparências, incapaz de saber o que é, escolhendo parecer o que a sociedade queria que parecesse.
Em conflito com o ontem (passado, memória) e o amanhã (futuro, imaginação), se vê diante de um jogo duplo: memória, passado que não esquece os acontecimentos que não existem mais, e imaginação, futuro idealizando acontecimentos que ainda não existem. Um ser que não se permite descer às profundezas da interioridade, permanecendo preso às convenções da lógica objetiva num mundo repleto de eventos aversivos.
Certa vez escreveu o filósofo Kiyozawa Manshi (1863-19O3): “Os sábios e os virtuosos não criaram nada de novo. Eles apenas investigam e tornam-se conscientes das verdades e características originalmente existentes”.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Condicionamentos mentais
Estamos imersos em nosso próprio sofrimento. A cada evento que consideramos desagradável reagimos com desarmonia, com mais desagrado e assim geramos mais sofrimento. A esse círculo vicioso e condicionado, no budismo chamamos de "Samsara", o mundo das perambulações.
Por que então insistimos nos mesmos caminhos?
Criamos, desde que nascemos (ou se falarmos de uma perspectiva budista, desde um tempo sem início, marcas no nosso continuum mental), as sementes das situações que hoje experimentamos.
Ao despertamos plenamente para a verdadeira natureza dos fenômenos, podemos nos libertar de todo o sofrimento. "A verdadeira natureza dos fenômenos", aqui, quer dizer o entendimento de que todos os fenômenos são impermanentes, insatisfatórios e impessoais. Tornando-se consciente dessas características da realidade, seria possível viver de maneira plena, livre dos condicionamentos mentais que causam a insatisfação, o descontentamento, o sofrimento.
“A felicidade está ao alcance de todos.” Este é o princípio básico do budismo, que ensina também ser possível viver de forma plena, livre de condicionamentos mentais capazes de provocar insatisfação e dor.
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quarta-feira, 28 de outubro de 2009
A Prática Budista na Vida Cotidiana
O Budismo aceita que todos os seres aspiram à felicidade e a livrar-se do sofrimento. Porém, seguir isso sem uma sabedoria mais profunda é girar dentro do que chamamos de experiência cíclica, sem solução. Devemos buscar fontes seguras de felicidade, essas fontes não podem ter as características da impermanência, mas quase sempre encontramos fontes de felicidade impermanentes.
Procuramos por fontes mais seguras, que nos permitam ficar a salvo do sofrimento, e é a mesma coisa: vamos nos ver girando sem nunca encontrar, pois todas são impermanentes. O Budismo propõem uma solução, e diz: nós temos procurado, vida após vida, onde não vamos encontrar. Aparentemente, o Budismo se oferece de uma forma um pouco negativa, mas não é isso. Ele diz que é inútil você procurar onde não vai encontrar, mas existe um caminho possível para libertação do sofrimento. Continue lendo...
Lama Padma Samten, físico e budista.
domingo, 25 de outubro de 2009
Zen-Budismo convida você a assumir a sua loucura. E transcendê-la.
A língua é o órgão menos adequado para expressar o significado do Zen. A barriga talvez seja mais apropriada. Alguns povos orientais, quando visitados pela primeira vez por um grupo de cientistas dos E.U.A. e sabendo que os norte-americanos pensavam com a cabeça, puseram-se logo a achar que eles eram loucos. E se explicaram: "É que nós, orientais, pensamos com o abdômen". As pessoas na China e no Japão, quando notam que alguém está com algum problema difícil, costumam dizer: "Pergunte à sua barriga, ela sabe a resposta".
Zen não escapa desta regra. Tentar compreender o Zen-Budismo intelectualmente é perder para sempre o seu significado. O intelecto serve a vários propósitos na vida diária, não há dúvida de que se trata de uma coisa utilíssima. Mas não resolve o problema crucial com que todos nós, cedo ou tarde, esbarramos em nossas vidas: o problema da vida e da morte, que diz respeito ao verdadeiro sentido da vida. Quem sou eu? Onde estão meu principio e fim no tempo e no espaço? Onde estava eu antes que meus pais nascerem? Para onde que vou depois que morrer?
Quando enfrentamos esse problema, o intelecto precisa confessar sua incapacidade de lidar com ele. O beco sem saída a que somos conduzidos não pode ser ultrapassado por uma manobra intelectual ou por um artifício da lógica. É necessária a totalidade do nosso ser. E é neste momento que o Zen surge como uma possibilidade, um caminho em direção á resposta do problema.
Portanto, tentar conhecer o Budismo Zen com o objetivo de ampliar nossa cultura geral é uma tolice semelhante a pedir a alguém que beba água em nosso lugar e esperar que a sede passe: o que nos descrevam o gosto de uma fruta ou a temperatura da água. Tudo isso depende da experiência pessoal, direta.
O Zen-Budismo é místico? Essa pergunta é muito frequente, quando as pessoas ouvem falar do assunto pela primeira vez. O Misticismo é um ponto crucial, que faz com que os ocidentais falhem todas as vezes que tentam compreender a mente oriental. Por que o misticismo desafia a analise lógica, e esta é a característica fundamental do pensamento ocidental. O conceito ocidental de místico está sempre ligado ao fantástico, ao irracional, ao oculto. No oriente, misticismo não se refere a nada que não possa ser trazido para dentro da compreensão intelectual. Portanto, o Zen-Budismo é místico na medida em que o Sol brilha todas as manhãs, a lua surge todas as noites, e as flores deixam seu perfume na manga da nossa camisa, quando as tocamos de perto. Se isso é misticismo, então o Zen-Budismo é profundamente místico.
O Zen-Budismo é um sistema filosófico, intelectual? Não. O Zen-Budismo não é fundado na lógica ou na análise, é o contrário da lógica e do modo dualístico (ex. bom, mau - bonito, feio - vida, morte...) de pensar. Não existem no Zen, livros sagrados, dogmas ou quaisquer fórmulas através das quais se possa chegar ao seu significado. E o que o Zen-Budismo ensina? Nada. O Zen aponta o caminho, o resto é por nossa conta.
Zen é caótico, uma virtual negação de tudo, pelo menos se o virmos com a ótica racionalista da mente ocidental. Mas, por trás desta sucessão de negativas, o Zen-Budismo sustenta algo absolutamente positivo e eternamente afirmativo. Zen-Budismo é um estilo de vida e se propõe, por métodos práticos e diretos, a disciplinar a mente por si mesma, fazendo-a mergulhar em sua própria natureza. É um exercício que consiste em abrir o olho mental dos seus praticantes para que eles despertem do sono profundo da ignorância e vejam de perto a própria razão da existência. Só assim poderão contemplar o grande mistério que é representado diariamente.
O que é mente? É a verdadeira natureza de todos os seres, aquilo que existia antes que nossos pais tivessem nascido e antes do nosso próprio nascimento e que existe agora, imutável e eterna. Quando nascemos ela não é criada, e quando morremos ela não é destruída. Não tem nenhum tipo de distinção, nenhuma conotação de bom ou ruim. Não pode ser comparada a nada, e a chamamos Natureza de Buda. Muitos pensamentos surgem dela, como as ondas do oceano e as imagens num espelho. Quem deseja conhecer a própria mente deve, antes de tudo, olhar a própria fonte da qual surgem os pensamentos. O que é chamado Zazen não é mais do que olhar a natureza da mente. Aquele que conhece a própria mente é um Buda e livra-se para sempre dos sofrimentos que surgem da ignorância.
Este ensaio sobre o Zen-Budismo, com final do jornalista Marco Antônio Lacerda é baseado em 3 Obras sobre o assunto:
Zen Buddhism and Psychoanalysis,
Essays in Zen Buddhism e Misticism;
Christian and Buddhist,
todos de autoria de D.T. Suzuki
sábado, 24 de outubro de 2009
Quem você vai alimentar hoje?
Um monge descreveu certa vez um de seus conflitos internos:
"Dentro de mim existem dois tigres, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Os dois estão sempre brigando..." Quando então lhe perguntaram qual dos tigres ganharia a briga, o sábio monge parou a refletir e respondeu:
"Aquele que eu alimentar"!
O som do calhau, o som do bambu
Um dia em que Kyogen varria o jardim à frente do eremitério, rolou montanha abaixo um calhauzinho que foi bater num bambu. O som fê-lo despertar e ele, assim, obteve o satori perfeito.
No rinzai, é costume dizer que o satori chega de repente. Mas o que é o satori? Antes dessa experiência, ele alimentara sempre uma dúvida. Dia após dia, não se sentia satisfeito. Seu mestre, Issan, lhe dizia:
- És inteligente mas leste sutras em demasia. Tua inteligência do zen provém da memória dos sutras! Não podes obter o shiho (a transmissão, a certificação do mestre ao discípulo). Procura retornar ao período do teu nascimento, quando não podias compreender em que direção ficavam o leste e o oeste, e volta a falar-me nisso.
Ele queimou incontinente todos os seus livros, seus sutras, seus cadernos. Chorou. Deixou o dojo do mestre, foi para a montanha e passou a viver sozinho. Fez zazen sozinho durante um ano, dois anos. Um dia, escutando o som do bambu ferido por uma pedra, despertou de todo e suas dúvidas tiveram fim: "Fui estúpido até hoje". Compôs um poema: " Tudo esqueci. Dei cabo das ideias que me atochavam o espírito. Minhas complicações tiveram fim."
Fez sampai na direção do mestre, Issan, e queimou incenso. Enviou o poema ao mestre, que disse: "Esse rapaz, meu discípulo, compreendeu".
E concedeu-lhe o shiho.
Inspirado nessa história, Deichi fez um poema:
"Pelo som de um choque
Ele esqueceu todo seu saber".
Deste nada restou. O vazio total. Mas o satori não dependia do seu cérebro. Não chegou de repente. Kyogen não o obteve por intermédio do bambu, nem por intermédio do vento. Nem se diga que o obteve nesse único instante. Não foi de repente.
sexta-feira, 23 de outubro de 2009
MEDITAÇÃO
Você não tem uma mente: você é a mente! Se você acredita que “tem” uma mente, é porque está se vendo no espelho e acreditando que é sua imagem. Você não tem uma mente: você é a mente! Sair da identidade “eutenhocêntrica” e entrar na identidade “eusoucêntrica” é fundamental no verdadeiro caminho de evolução espiritual. Só com este pulo você pára de sofrer (em vão) com os acontecimentos da vida e passa a usá-los no seu real propósito: uma escola viva para se aprender a meditar.
terça-feira, 20 de outubro de 2009
DOZE CONSELHOS PARA TER UM ENFARTO FELIZ!!!
1. Cuide de seu trabalho antes de tudo. As necessidades pessoais e familiares são secundárias.
2. Trabalhe aos sábados o dia inteiro e, se puder também aos domingos.
3. Se não puder permanecer no escritório à noite, leve trabalho para casa e trabalhe até tarde.
4. Ao invés de dizer não, diga sempre sim a tudo que lhe solicitarem.
5. Procure fazer parte de todas as comissões, comitês, diretorias, conselhos e aceite todos os convites para conferências, seminários, encontros, reuniões, simpósios etc.
6. Não se dê ao luxo de um café da manhã ou uma refeição tranquila. Pelo contrário, não perca tempo e aproveite o horário das refeições para fechar negócios ou fazer reuniões importantes.
7. Não perca tempo fazendo exercícios, nadando, pedalando, jogando bola ou tênis. Afinal, tempo é dinheiro.
8. Nunca tire férias, você não precisa disso. Lembre-se que você é de ferro.
9. Centralize todo o trabalho em você, controle e examine tudo para ver se nada está errado. Delegar é pura bobagem; é tudo com você mesmo.
10. Se sentir que está perdendo o ritmo, o fôlego e pintar aquela dor de estômago, tome logo estimulantes, energéticos e anti-ácidos. Eles vão te deixar 'tinindo'.
11. Se tiver dificuldades em dormir não perca tempo: tome calmantes e sedativos de todos os tipos. Agem rápido e são baratos.
12. E por último, o mais importante: não se permita ter momentos de silêncio, meditação, de ouvir uma boa música e reflexão sobre sua vida. Isto é para crédulos e tolos sensíveis.
Repita para si: "Eu não perco tempo com bobagens" ( ... e tenha um feliz enfarto!!!!)
Quando publiquei estes conselhos 'amigos-da-onça' em meu site, recebi uma enxurrada de e-mails, até mesmo do exterior, dizendo que isto lhes serviu de alerta, pois muitos estavam adotando esse tipo de vida inconscientemente. Dr. Ernesto Artur - Cardiologista
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Mente intuitiva
terça-feira, 13 de outubro de 2009
ACEITAÇÃO
Lao Tsé, o grande mestre do taoísmo, costumava dizer que devemos aceitar absolutamente tudo o que a vida nos enviar, seja bom ou ruim, sem qualquer luta ou resistência. Segundo ele, a entrega pacífica aos ditames da vida não constitui uma atitude de passividade ou inércia, mas de uma integração total com o fluxo da existência, que nos faz viver totalmente harmonizados com as forças do Universo.
A verdadeira aceitação não traz nenhuma relutância e consiste em trabalhar com o que se apresenta como a única realidade possível, com a qual teremos de aprender a lidar.
sábado, 10 de outubro de 2009
FELICIDADE GENUÍNA
CAMINHOS PARA FELICIDADE GENUÍNA
por Alan Wallace
Com relação aos “Caminhos para Felicidade”, acredito que nós deveríamos começar com os pés no chão. Enquanto consideramos a felicidade para nós mesmos e para as pessoas que nos cercam, para poder encontrá-la é tão importante ter as necessidades básicas realizadas nas nossas vidas. Se você não tem o que comer e está com fome, não tem roupas ou não tem um teto, se você está doente e não tem acesso a remédios, assim é impossível ser feliz. Esse é o primeiro passo.
Alcançando estas necessidades básicas da vida: comida, remédios, roupas e moradia, assim você pode conseguir algum nível de felicidade, talvez você possa conseguir algum alívio do sofrimento, se você encontrar essas quatro necessidades básicas. Mas aí podemos nos perguntar: e daí em diante, quando as suas necessidades básicas foram atendidas, o que você faz?
Todo o ser humano têm essa motivação básica, de querer ser feliz e evitar o sofrimento. Então quando se tem o que comer, quando suas necessidades básicas foram atendidas, como você busca a felicidade a partir daí? O que acontece então?
Quando eu tenho comida suficiente, então eu busco mais comida. Quando tenho roupas suficientes, eu busco mais roupas, e roupas melhores e mais caras, se eu tenho uma casa, eu quero uma casa ainda melhor, e se eu tenho remédio, eu quero remédio ainda melhor. Infelizmente com essa visão de consumir cada vez mais, sinto que o planeta não tem o suficiente pra prover tudo o que lhe é exigido. Assim podemos perceber que países industrializados como na Europa e os Estados Unidos, estão dando um exemplo para o resto do mundo, e se todos seguirem este exemplo, certamente levará a destruição do planeta. Se 6 bilhões de pessoas nesse planeta, estiverem satisfeitas com o que é suficiente a elas, então o mundo teria plenas condições de atender a todos. E há uma possibilidade de saciedade...
E há uma frase que resume o ideal monástico para todas as tradições contemplativas...
É o fato de estar contente e satisfeito apenas com aquilo que é realmente necessário para uma vida digna. Um vez que nós tenhamos essas coisas básicas, e sejamos satisfeitos com isso... Parece que ainda assim queremos algo mais... Nós não ficaremos satisfeitos apenas com isso!
Então como vamos alcançar esta felicidade maior, sem consumir mais e mais?
Porque simplesmente não há recursos suficientes para todos, quando o nosso apetite é insaciável!
Então quando nós temos essas necessidades básicas atendidas, podemos levantar uma questão: “O que constitui uma vida com sentido”?
As religiões do mundo têm falado sobre este tópico por muitos séculos, mas muitas vezes as suas propostas não são satisfatórias para alguns cientistas ou para pessoas que não acreditam na espiritualidade, então poderíamos oferecer alguns pontos satisfatórios, tanto em um contexto científico quanto religioso, para que possamos levar uma vida com sentido.
Um desses elementos é a busca pela felicidade genuína. Por isso eu creio que uma vida que tenha sentido, inevitavelmente acaba encontrando a felicidade genuína, e este é um dos sinais de que a pessoa encontrou sentido na vida.
Eu diria que outra busca, dentro dessa vida com sentido, seria a busca pela verdade,
busca por mais compreensão e por mais entendimento no mundo. Enfim a busca da virtude, virtudes como a bondade, generosidade e a compaixão, que todos nós apreciamos, sejamos nós cientistas ou pessoas comuns.
“Creio que a própria finalidade de nossas vidas seja buscar a felicidade, quer alguém acredite em uma religião ou não, quer alguém acredite nesta ou naquela religião, todos nós buscamos algo melhor na vida. Então penso eu que a própria direção da vida seja no sentido da felicidade.” Dalai Lama.
Dr. ALAN WALLACE é físico, Ph.D. em Estudos Religiosos pela Universidade de Standford e criador do Santa Barbara Institute for Consciousness Studies nos EUA.
sexta-feira, 9 de outubro de 2009
quarta-feira, 7 de outubro de 2009
Quebrar o feitiço
Às vezes as pessoas pensam que reconhecer a verdade do sofrimento condiciona uma visão pessimista da vida, que de algum modo isso nega a vida. Na verdade, é bem o contrário.
Ao negar o que é verdade -- por exemplo, a verdade da impermanência -- vivemos em um mundo de ilusão, enfeitiçados. Então quando as circunstâncias mudam de modo que não gostamos, sentimos desapontamento, raiva ou amargura.
Buda expressou o poder liberador de ver a incerteza das condições: "Tudo que está sujeito ao surgimento está sujeito à extinção. Ao se desencantar, a pessoa se torna impassível. Através da impassibilidade, a mente é liberada".
É revelador que em inglês [NT: em português também] "desencantado", "desiludido" e "impassível" geralmente têm conotação negativa. Mas examinar mais de perto os significados revela sua ligação com a liberdade.
Se desencantar significa quebrar o feitiço do encantamento, acordar para uma realidade mais plena e maior. Se desiludir não é o mesmo que se desapontar ou se desencorajar. É uma religação com o que é verdade, livre da ilusão. E "impassível" não significa indiferença ou ausência de energia vital para viver. Em vez disso, trata-se de uma mente com maior abertura e equanimidade, livre do apego.
Joseph Goldstein
"One Dharma"
Tricycle's Daily Dharma
Postado aqui!
terça-feira, 6 de outubro de 2009
Zen e a Crise da Cultura Ocidental
"Suspeito que o vício do rock, dada principalmente a falta de outras atrações, tem um efeito semelhante ao das drogas. Os estudantes acabarão esquecendo esta música ou pelo menos a exclusiva paixão por ela. Mas o farão da mesma maneira como Freud dizia que os homens aceitam o princípio da realidade: como algo impiedoso, cruel e basicamente sem atrativos, mera necessidade"... Allan Bloom
Venho insistindo há tempos que por detrás da crise atual econômicofinanceira vige uma crise de paradigma civilizatório. De qual civilização? Obviamente se trata da civilização ocidental que já a partir do século XVI foi mundializada pelo projeto de colonização dos novos mundos.
Este tipo de civilização se estrutura na vontade de poder-dominação do sujeito pessoal e coletivo sobre os outros, os povos e a natureza. Sua arma maior é uma forma de racionalidade, a instrumentalanalítica, que compartimenta a realidade para melhor conhecê-la e assim mais facilmente submetê-la. Depois de quinhentos anos de exercício desta racionalidade, com os inegáveis benefícos trazidos e que encontrou na economia política capitalista sua realização mais cabal, estamos constatando o alto preço que nos cobrou: o aquecimento global induzido, em grande parte, pelo industrialismo ilimitado e a ameaça de uma catástrofe previsível ecológica e humanitária.
Estimo que todos os esforços que se fizerem dentro deste paradigma para melhorar a situação serão insuficientes. Serão sempre mais do mesmo. Temos que mudar para não perecer. É o momento de inspirar-nos em outras civilizações que ensaiaram um modo mais benevolente de habitar o planeta. O que foi bom ontem, pode valer ainda hoje.
Tomo como uma das referências possíveis o zenbudismo. Primerio, porque ele influenciou todo o Oriente. Nascido na India, passou à China e chegou ao Japão. Depois porque penetrou vastamente em estratos importantes do Ocidente e de todo o mundo. O Zen não é uma religião. É uma sabedoria, uma maneira de se relacionar com todas as coisas de tal forma que se busca sempre a justa medida, a superação dos dualismos e a sintonia com o Todo.
A primeira coisa que o zenbudismo faz, é destronar o ser humano de sua pretensa centralidade, especialmente do eu, cerne básico do individualismo ocidental. Ele nunca está separado da natureza, é parte do Todo. Em seguida, procura uma razão mais alta que está para além da razão convencional. Recusa-se a tratar a realidade com conceitos e fórmulas. Concentra-se com a maior atenção possível na experiência direta da realidade assim como a encontra.
“Que é o zen” perguntou um discípulo ao mestre. E este respondeu: “as coisas cotidianas; quando tem fome, coma, quando tem sono durma”. “Mas não fazem isso todos os seres humanos normais”?- atalhou o discípulo. “Sim”- respondeu o mestre - “os seres humanos normais quando comem pensam em outra coisa, quando dormem, não pregam o olho porque estão cheios de preocupações”. Que significa esta resposta? Significa que devemos ser totalmente inteiros no ato de comer e totalmente entregues ao ato de dormir. Como já dizia a mística cristã Santa Tereza:”quando galinhas, galinhas, quando jejum, jejum”. Essa é a atitude zen. Ela começa por fazer com extrema atenção as coisas mais cotidianas, como respirar, andar e limpar um prato. Então não há mais dualidade: você é inteiro naquilo que faz. Por isso, obedece à lógica secreta da realidade sem a pretensão de interferir nela. Acolhê-la com o máximo de atenção nos torna integrados porque não nos distraimos com representações e palavras.
Essa atitude faltou ao Ocidente globalizado. Estamos sempre impondo nossa lógica à lógica das coisas. Queremos dominar. E chega um momento em que elas se rebelam, como estamos constatando atualmente. Se queremos que a natureza nos seja útil, então devemos obedecer a ela.
Não deixaremos de produzir e de fazer ciência, mas o faremos como a máxima consciência e em sintonia com o ritmo da natureza. Orientais, ocidentais, cristãos e budistas podem usar o zen da mesma forma que peixes grandes e pequenos podem morar no mesmo oceano. Eis uma outra forma de viver que pode enriquecer nossa cultura em crise.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor, e pertence ao corpo de assessores da Presidênca da ONU. Autor de Espiritualidade: caminho de realização, Vozes 2009.
sexta-feira, 2 de outubro de 2009
O Zen na Cerimônia do Chá
Plena atenção e dedicação integral ao momento presente. Pode-se claramente notar a influência do Zen na Cerimônia do Chá.
"O Zen e o Chá Têm o Mesmo Gosto"
Vindo da China para o Japão nos meados do oitavo século, o costume de tomar chá ganhou popularidade iniciando-se pela aristocracia. No século 13, os monges Zen incorporaram o chá no treino do zazen para o fim da concentração espiritual e boa saúde. A etiqueta formalizada da cerimônia do chá (sado) nasceu da conexão entre o Zen e o chá e se desenvolveu até a atualidade para transmitir o espírito do Zen.
Por Shodo Takatori
Chefe da filial de Kofu do Sencha Caminho do Chá
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
SILENCIE A MENTE
Quando estamos em silêncio, não interferimos em nada a nossa volta e, por esse motivo, não geramos o caos. O silêncio demarca os espaços entre as palavras, entre os pensamentos e também o espaço entre nós e o mundo. Agir em silêncio é ato de humildade e de forte compromisso com a ação e não com o resultado, pois não há expectativa de aprovação.
Quando paro penso no que vou falar, geralmente fico quieto, pois compreendo que em grande parte, o que falo, é tradução de uma massiva confusão mental inerente de preconceitos e informações mal formadas da minha própria mente. Porém, há uma diferença nobre em falar o que pensa e falar o que se sente. Quando trago do fundo sentimentos, emoções e pensamentos construídos a partir da observação dessas emoções, brota um silêncio profundo.
Devemos silenciar e deixar que esse silêncio tome conta de todo o nosso ser e que cada momento de silêncio seja uma oportunidade de “mergulhar em si mesmo”.
Por minha própria experiência, posso dizer que a prática do zazen (meditação zen), se traduz em uma excelente ferramenta para estarmos mais atentos e conscientes de tudo, das nossas relações de interdependência com todos os seres.
A meditação zen possibilita às pessoas manterem-se conectadas com sua verdadeira natureza. À medida que avançamos na prática, vamos percebemos melhor os condicionamentos sociais, familiares, que tanto aprisionam nossa mente. A criança está constantemente presente, iluminada, repleta de amor. Com os condicionamentos, aos poucos ela se afasta desse estado natural de ser.
“No Zazen não devemos ter expectativas. Zazen não é uma técnica para obter o que quer que seja, é muito mais natural do que isso. No entanto, as coisas mais naturais são por vezes as mais difíceis. E porquê? Porque pensamos. Não há nada de errado com o pensamento. Pensar é um processo muito natural, mas deixamo-nos condicionar muito facilmente pelos nossos pensamentos e damos-lhes muito valor. Tentamos cuidar de nós mesmos, da estrutura do nosso ego, através do pensamento. Pensar é uma abstração. Não é ser, é pensar sobre ser. E uma vez que ‘nascemos e morremos sete mil vezes por segundo’, as condições que pensamos já desapareceram. Pensamos acerca de sombras em vez de sermos a própria vida.” Maezumi Roshi (1931-1995).
Geralmente a utilizo em diversos momentos do dia, acessando esse silêncio interior, “observando a mim mesmo”. Sugiro que você comece a praticar esta observação antes de deitar-se ao anoitecer para clarear sua mente, deixando-a menos turbulenta.
Somos como um lago. A cada vez que aprofundamos a nossa observação sobre este lago, conhecemos ainda mais qual a sua profundidade e, cada vez que sabemos o quão profundo ele é, mais imersos passamos a perceber melhor o mundo e as coisas como realmente são.
A cada dia a nossa vida fica mais atribulada, cheia de questões não resolvidas e assuntos para “correr atrás”. Penso que isto só acontece porque ainda nos mantemos muito na superfície do desse lago, e nos esquecemos de nos aprofundar por completo no que realmente somos.
A nossa prática deve priorizar o “conhecermos a nós mesmos”, e ajudarmos os outros a mergulharem em seus lagos em silêncio.
“A verdadeira inteligência atua silenciosamente. A calma é o lugar onde a criatividade e a solução dos problemas é encontrada”. (Eckhart Tolle em O Poder do Silêncio)
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Zen-budismo na vida e no trabalho
O zenbudismo pode significar uma fonte inspiradora para o paradigma ocidental em crise bem como para a vida cotidiana. Isso porque o zen não é uma teoria ou filosofia. É uma prática de vida que se inscreve na tradição das grandes sabedorias da humanidade. O zen pode ser vivido pelas mais diferentes pessoas, simples donas de casa, empresários e pessoas religiosas de diferentes credos.
O centro para o zenbudismo não está na razão, tão importante para a nossa cultura ocidental. Mas na consciência. Para nós a consciência é algo mental. Para o zenbudismo cada sentido corporal possui a sua consciência: a visão, o olfato, o paladar, a audição e o tato. Um sexto é a razão. Tudo se concentra em ativar com a maior atenção possível cada uma destas consciências, a partir das coisas do dia-a-dia. Possuir uma atitude zen é discernir cada nuance do verde, perceber cada ruído, sentir cada cheiro, aperceber-se de cada toque. E estar atento às perambulações da razão no seu fluxo interminável.
Por isso, o zen se constrói sobre a concentração, a atenção, o cuidado e a inteireza em tudo aquilo que se faz. Por exemplo, expulsar um gato da poltrona pode ser zen; também libertar os chacorros do canil e deixá-lo correr pelo no jardim. Conta-se que um guerreiro samurai antes de uma batalha visitou um mestre zen e lhe perguntou: "que é o céu e o inferno"? O mestre respondeu: "para gente armada como você não perco nenhum minuto". O samurai enfurecido tirou a espada e disse: "por tal senvergonhice poderia matá-lo agora mesmo". E ai disse-lhe calmamente o mestre: "eis ai o inferno". O samurai caiu em si com a calma do mestre, meteu a espada na bainha e foi embora. E o mestre lhe gritou atrás: "eis ai o céu."
O que a atitude zen visa, é a completa integração da pessoa com a realidade que vive. Deparamo-nos no meio de diferenças, compartimentando nossa vida. O zen busca o vazio. Mas esse vazio não é vazio. É o espaço livre no qual tudo pode se formar. Por isso não podemos ficar presos a isto e àquilo. Quando um discípulo perguntou ao mestre: "quem somos"? respondeu apontando simplesmente para o universo: "somos tudo isso". Você é a planta, a árvore, a montanha, a estrela, o inteiro universo. Quando nos concentramos totalmente em tais realidades, nos identificamos com elas. Mas isso só é possível se ficarmos vazios e permitirmos que as coisas nos tomem totalmente. O pequeno eu desaparece para surgir o eu profundo. Então somos um com o todo. Este caminho exige muita disciplina. Não é nada fácil ultrapassar as flutuações de cada uma das consciências e criar um centro unificador.
Há uma base cosmológica para a busca desta unidade originária. Hoje sabemos que todos os seres provém dos elementos físicoquímicos que se forjaram no coração das grandes estrelas vermelhas que depois explodiram. Todos estávamos um dia juntos naquele coração incandescente. Guardamos uma memória cósmica desta nossa ancestralidade.
Depois, sabemos também que possuímos o mesmo código genético de base presente em todos os demais seres vivos. Viemos de uma bactéria primordial surgida há 3,8 bilhões de anos. Formamos a única e sagrada comunidade de vida.
Ao buscar um centro unificador, o zen nos convida a fazer esta viagem interior. É escusado dizer que tudo isso vale para todos mas principalmente para mim.
Leonardo Boff é Teólogo, professor e membro da Comissão da Carta da Terra
Fonte
domingo, 27 de setembro de 2009
Economia do Amor, Economia do Agora
O trem estava semivazio, no caminho entre Genebra e Lugano. Estávamos atravessando o colo do St. Gottard quando comecei a conversar com a mocinha que estava no banco diante do meu.
- Vejo que vc está lendo um livro de economia.
- Sim, acabei de me formar.
- Trabalho como economista lá no Brasil. Que pretende fazer agora que se formou?...
- Ainda não sei. Que é que você faz?
Comecei a contar sobre os trabalhos comunitários, o desenvolvimento integral, a propriedade social, a autonomia e autogestão, as iniciativas de economia solidária voltadas para a criação de uma nova economia desde o local até o Planeta, os valores da cooperação, da solidariedade, do amor, as moedas sociais, o mercado solidário, os preços solidários, o custo total como meio de eliminar as ‘externalidades’ reavaliando o custo real dos investimentos, a integração regional dos povos, e não dos mercados e das grandes corporações, a visão de uma globalização solidária...
Também falei do trabalho que o PACS faz de crítica do sistema do capital, do mercado dos fetiches, do consumismo, das desigualdades sociais, raciais, de gênero, da destruição dos ecossistemas pela ganância e irresponsabilidade dos que só querem consumir e vender e reduzem a maioria à luta diária ao trabalho pela mera sobrevivência física.
- Caramba, tudo isso é muito bonito, mas totalmente distante do que eu estudei. Não consigo nem imaginar!
Fiquei um momento em silêncio. Senti que precisava encontrar outra forma de me comunicar com o coração dela, e não só com o intelecto. Afinal, me veio uma luz:
- Imagine que antes de você descer deste trem na aldeia da sua família você sente uma grande dor. Uma ambulância é chamada para receber você ao descer do trem, leva você para o hospital e depois dos exames o médico diz: “Você está muito doente, talvez tenha só mais um dia de vida.” Que você faria neste último dia de vida terrena? Com quem gostaria de estar?
A moça ficou estatelada. Como quase todos os jovens, ela não se colocava a possibilidade de morrer. Depois de longo momento de silêncio pensativo ela ensaiou uma resposta:
- Bem... Eu ia ficar com minha família, ia chamar as pessoas de quem gosto e ficar sentindo o carinho e o amor delas.
Então eu falei, pausadamente e com firmeza:
- E por que esperar o último dia da sua vida para viver o carinho e o amor?
De novo, ela ficou como que atordoada. E eu acrescentei:
- A economia solidária pretende ser uma economia do amor em cada troca, em cada ato de produzir, distribuir, consumir. Amor a mim próprio, aos outros e à Terra. Uma economia humana, a serviço da sociedade e em harmonia com a Natureza. Uma economia que gera felicidade em cada Agora...
- Vou pensar sobre isso. Faz sentido mesmo!
E nos despedimos.
Vivido em 1997
Leia mais: A Economia do Amor, por Hazel Henderson
“A natureza é a professora
que dita como as coisas podem
ser feitas neste momento” Hazel Henderson
sábado, 26 de setembro de 2009
ECOPSICOLOGIA - Espiritualidade e Meio Ambiente
por Marco Aurélio Bilibio - Psicólogo e Teósofo.
“A raiz da crise ambiental está na dimensão psicológica e espiritual”.
“crescimento sem limites vem moldando todo nosso cenário civilizatório, e gerado uma crise que é multidimensional, é uma crise política, é uma crise econômica, porque o modelo econômico não consegue resolver a questão da sobrevivência... mas é também uma crise psicológica, é uma crise existencial, é uma crise espiritual”.
“Estudos contemporâneos concluem que a complexidade da natureza, nos mostram que a vida e a mente emergem de uma história evolucionária de sistemas naturais que culminam numa sequência de sistemas físicos e biológicos, mentais e culturais que nós chamamos de universo”.
(Trechos extraídos deste vídeo)
Extraído do livro “Ecopsicologia, Restaurando a Terra e Curando a Mente” – Theodore Roszak.
A publicação completa está no blog Eco-Consciência.
quinta-feira, 24 de setembro de 2009
Conselhos de um mestre Zen
O programa Alternativa Saúde, com Patricya Travassos conversa com o mestre zen budista Mestre Tokuda, que dá dicas de como aliviar o estresse do dia-a-dia e explica como podemos crescer nas horas de sofrimento. Nascido no Japão em 1938, ele vive no Brasil há 41 anos como missionário da escola de budismo Soto Zen.
Programa exibido em 23/09/2009 no GNT
terça-feira, 22 de setembro de 2009
Equanimidade
(Flor de Lotus, símbolo de equanimidade)
1. Ânimo inalterável, sempre igual, tanto na adversidade como na prosperidade.
2. Espírito sereno, equilibrado.
3. Entendimento correto.
Equanimidade significa serenidade de espírito. É um estado natural e relaxado, a capacidade de experimentar de maneira estável as diferentes situações do mundo físico, das sensações, da mente e dos fenômenos. É caracterizada pela profunda tranquilidade, completamente livre de oscilações.
Nada paga o preço de estarmos felizes por nós mesmos. Alcançando esse estágio, até mesmo os relacionamentos ficam mais “fáceis de lidar”, de pensar usando a razão ao invés do coração. Isso traz uma paz incomensurável.
Equanimidade não significa indiferença. Com equanimidade vemos igualmente aqueles que amamos e aqueles que odiamos e oferecemos o melhor que tivermos para fazer ambos felizes. Aceitamos tanto flores quanto lixo, sem apego nem aversão. Tratamos ambos com respeito. Equanimidade significa deixar ir, não significa abandonar e, sim, soltar, deixar existir. O abandono causa sofrimento. Quando não nos apegamos, somos capazes de soltar.
1. Ânimo inalterável, sempre igual, tanto na adversidade como na prosperidade.
2. Espírito sereno, equilibrado.
3. Entendimento correto.
Equanimidade significa serenidade de espírito. É um estado natural e relaxado, a capacidade de experimentar de maneira estável as diferentes situações do mundo físico, das sensações, da mente e dos fenômenos. É caracterizada pela profunda tranquilidade, completamente livre de oscilações.
Nada paga o preço de estarmos felizes por nós mesmos. Alcançando esse estágio, até mesmo os relacionamentos ficam mais “fáceis de lidar”, de pensar usando a razão ao invés do coração. Isso traz uma paz incomensurável.
Equanimidade não significa indiferença. Com equanimidade vemos igualmente aqueles que amamos e aqueles que odiamos e oferecemos o melhor que tivermos para fazer ambos felizes. Aceitamos tanto flores quanto lixo, sem apego nem aversão. Tratamos ambos com respeito. Equanimidade significa deixar ir, não significa abandonar e, sim, soltar, deixar existir. O abandono causa sofrimento. Quando não nos apegamos, somos capazes de soltar.
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
No mind, no Buddha!
Mestre Dogen (1200 - 1253) escreveu um pequeno e enigmático poema que diz:
"A mente é em si mesma Buda" - difícil de praticar, mas fácil de explicar.
"Quando não há mente não há Buda (No mind, no Buddha)" - difícil de explicar, mas fácil de praticar. (The Zen Poetry of Dogen: Verses from the Mountain of Eternal Peace, by Steven Heine).
Dogen foi um dos mais brilhantes mestres e poetas do Zen.
Ora, o que ele quis dizer com "A mente é em si mesma Buda"?
Se o Buda é mente significa que a visão de samsara e nirvana intercomunicam-se, ou são a mesma coisa.
Samsara não é o inferno, o sofrimento mundano. Nem nirvana é o céu, o paraíso celestial.
Tudo depende de uma interpretação mental, ou melhor, do tipo de visão que assumimos.
O nosso mundo pode ser visto em sua verdadeira natureza, e aí está o nirvana.
Ou pode ser visto através das distorções de nossos fatores mentais do ódio, do desejo e da obscuridade. E aí temos o samsara.
O mundo não é nem paraíso nem inferno.
Ele é o que nós mesmos fazemos dele.
Nós o construímos. Podemos construir o paraíso e o inferno.
Um dia, dois homens passeavam na orla do mar. O céu estava limpo e no horizonte descortinava o panorama do universo, amplo e luminoso. Mas tinha havido uma prolongada greve dos coletores de lixo da cidade.
- Que lindo dia! - exclamou o primeiro homem.
- Quanta sujeira! - exclamou o segundo homem, sempre de cabeça baixa, olhando o lixo das calçadas.
- Que magnífica paisagem!
- Que fedor!
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Agora
domingo, 13 de setembro de 2009
NADA EXISTE FORA DO AGORA
Toda a essência do Zen consiste em caminhar ao longo do fio da navalha do Agora - estar tão absolutamente e tão completamente presente que nenhum problema, nenhum sofrimento, nada que não seja quem você é na sua essência possa sobreviver em si. No Agora, na ausência do tempo, todos os seus problemas se desfazem. O sofrimento precisa do tempo; não pode sobreviver no Agora. Muitas vezes, para afastar do tempo a atenção dos seus estudantes, o grande mestre Zen, Rinzai, costumava levantar um dedo e perguntar lentamente: "O que é que está faltando neste momento?" Uma pergunta extraordinária que não exige uma resposta ao nível da mente. Destina-se a atrair fortemente a sua atenção para o Agora. Uma outra pergunta semelhante na tradição Zen é a seguinte: "Se não agora, quando?"
Extraído do livro "O poder do Agora" de Eckhart Tolle
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Será que o sofrimento é realmente necessário?
Sim e não.
Se você não tivesse sofrido o que sofreu, não teria profundidade como ser humano, não teria humildade nem compaixão. Não estaria lendo este texto agora. O sofrimento rompe a casca do ego - do "eu" autocentrado - e promove uma abertura até atingir um ponto em que cumpriu sua função.
O sofrimento é necessário até que você se dê conta de que ele é desnecessário.
Eckhart Tolle é escritor e conferencista.
"O que hoje somos deve-se aos nossos pensamentos de ontem que condicionaram nosso comportamento, e são os nossos atuais pensamentos que constroem a nossa vida de amanhã; a nossa vida é a criação de nossa mente. Se um homem fala ou atua com a mente impura, o sofrimento lhe seguirá da mesma forma que a roda do carro segue ao animal que o arrasta". (Buddha)
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
O Zen e sua influência na cultura japonesa
o Zen, derivado do budismo, seu fim último é atingir a iluminação pessoal através da meditação. Para isso, pode-se praticar exercícios rigorosos, como as artes marciais, para se quebrar o trabalho da mente, eliminando assim, a barreira do consciente, o que conduz à superação da necessidade da palavra. Abole-se o significante concentrando-se apenas no significado, isto é, abandona-se a intermediação do veículo (palavras, imagens) para ficar apenas com a essência. O consciente ativo impede a meditação por estar preso à realidade obstacularizando sua integração com o todo. Ao atingir o estado de pensar sem pensar (não-pensar), pelo esvaziamento da mente, o homem é: está na potência máxima de sua intelectualidade.
Os samurais, fortemente influenciados pelo Zen, foram uma das melhores castas de guerreiros do Japão. Foi um sábio monge zen, no começo do século XVIII, Tsunetomo Yamamoto, ex-samurai, quem escreveu Hagakure, obra de 11 volumes do qual se extraiu a ética do Bushidô (caminho do guerreiro).
Para o budismo zen, uma vez atingida a iluminação, o indivíduo passará a aceitar a realidade imutável dos fatos, pois que nada se modificará no mundo e tudo continuará como está.
A doutrina zen-budista não se aprende, tem de ser incorporada como sua maneira de ser.
A compreensão do mundo e de si, só se faz sendo, por isso, para alguns mestres, é inútil o ensino da doutrina: a sabedoria só pode ser alcançada pela ação, que é a expressão mais verídica de ser.
Para o budismo zen quem não É, não sabe; quem sabe não precisa falar, é naturalmente. Quem É, faz. Ser e fazer são uma só coisa, ação única, inequívoca, harmônica. Apreciar um poema ou o desabrochar de uma flor, manejar uma espada, conhecer uma pessoa, externar uma emoção, são todas exteriorizações do Ser, consequentemente da sabedoria. A sabedoria liga-se à ação. A ação com a essência do Ser, dispensando a intermediação de palavras. O pensamento está retratado nas ações, não nas palavras.
Para o budismo zen a iluminação é sempre pessoal, é reconciliação com o mundo, integração ao todo, ou antes, sentir-se o todo, pois que o todo é si próprio.
Nipocultura
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