No sumi-ê, técnica de pintura meditativa profundamente influenciada pelo zen, não dá para corrigir os traços, porque a ideia é captar o momento
Um traço, um ponto, uma linha. Em movimentos ágeis a mão desliza sobre o papel, que absorve a tinta. As pinceladas são únicas, sem retoques. É assim, em poucos minutos, que nasce uma pintura sumi-ê, uma técnica chinesa que chegou ao Japão no século 13 e de lá se espalhou pelo mundo. Sua principal característica é mesmo a rapidez. O artista sabe que o trabalho deve ser único, espontâneo, sem hesitação, pois qualquer tentativa de corrigir o desenho vai resultar num borrão. Se não ficou bom, lixo. Por essa razão, a pintura sumi-ê está muito ligada à meditação: é preciso estar “inteiro”, totalmente concentrado na atividade, para deixar o braço deslizar sobre a folha e refletir os sentimentos do autor naquele exato momento. Como se pode ver pelas imagens que ilustram estas páginas, de autoria da mestra alemã Rita Böhm, dona de uma escola em Berlim, não há perspectiva nem claro-escuro. É muito mais um croqui, um esboço, uma espécie de caricatura. Em vez de formas perfeitas, figuras subjetivas que nos obrigam a buscar na memória os “pedaços” que faltam para completá-las. Continue lendo!
2 comentários:
Venho lendo seu blog há algum tempo e fico maravilhado pelas coisas que você nos traz. Tem sido uma caminhada difícil desde que me voltei ao Budismo, porque embora as lições sejam claras, a prática nem sempre o é, e em seus posts sinto que há sim um modo de se desapegar e encontrar o caminho do meio. Muito obrigado :)
As ocidentais inúmeras vezes devem ter imaginado de que modo as grandes conquistas artísticas do extremo oriente obtiveram aquela sutil e indefinível qualidade que lhes dá um lugar único entre as criações do espírito humano. Uma resposta é que do Zen surge uma maneira de viver cuja parte vital na história das civilizações chinesa e japonesa foi, até pouco tempo, muito subestimada, pois a chave do que é o Zen só nos foi dada recentemente. Allan Watts.
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