quarta-feira, 27 de maio de 2009

Como lidar com o sofrimento?


O monge tibetano Mingyur Rinpoche, ajuda-nos a enfrentar situações difíceis sem sofrer mais do que o necessário.

Seguindo os ensinamentos que lhe foram passados por seus mestres budistas, pouco a pouco Mingyur começou a entender o processo de como caía nas armadilhas dos seus pensamentos e começava a sofrer. Algo que todos nós fazemos sem darmos conta.

No seu primeiro livro, Alegria de Viver, Descobrindo o Segredo da Felicidade, Mingyur Rinpoche conta como superou seus traumas por meio da meditação. No segundo, o recém-lançado Joyful Wisdom (Alegre Sabedoria), ele explica quais atitudes e recursos temos para nos poupar do sofrimento inútil ou minimizar as dores que não se pode evitar.

Dê um passo para trás


Não importa qual a situação, sempre é possível observá-la de outra perspectiva. Uma coisa é olhar para um rio mergulhado dentro dele, outra é vê-lo da margem e vislumbrar melhor o que ele é, o seu curso e onde vai parar. “Quando estamos totalmente imersos dentro da água, ou, de maneira correlata, dos nossos sofrimentos, podemos nos afogar sem perceber. Nessa situação, a água entra pelo nariz, turva os olhos, não conseguimos respirar. “Não há nenhuma vantagem em permanecer assim. Então, nem que for por um instante, precisamos tentar sair da situação para encará-la de outra maneira”. Pelo menos para inspirar um pouco de oxigênio, se afastar da turbulência, nos fortalecer. Por momentos, podemos ver que não somos o próprio rio, só estamos envolvidos nele. Dar um passo para trás e observar o que acontece de outro ângulo é essencial para desenvolver outra perspectiva.

"Esse afastamento da situação pode ser muito positivo. A partir desse momento, ela não tem mais o poder de nos arrastar para o fundo do poço”. Esse distanciamento nos oferece uma nova visão da realidade, mais verdadeira e abrangente.

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sexta-feira, 22 de maio de 2009

Viajemos juntos



Por compaixão, com paciência e paz... entrem e desfrutem!!!

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mudança interior


"...se o ser humano não muda interiormente, não mudará a sociedade, se dentro de nós segue vivendo o egoísmo e o orgulho que levanta fronteiras físicas e humanas, a crueldade e o ódio que destroem a compaixão e o amor entre os homens e os povos… cairemos num círculo vicioso que cada vez nos afundará mais na degradação e destruição."

"A sociedade é uma projeção do indivíduo e este é uma projeção de seu estado psicológico. O que o homem é interiormente, isso é a sociedade."

Chagdud Tulku Rinpoche.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

"O Essencial é Invisível aos Olhos"



Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.

Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post foi a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

*A conclusão*: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

"O Essencial é Invisível aos Olhos"

"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Antoine de Saint-Exupéry)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sumi-ê

No sumi-ê, técnica de pintura meditativa profundamente influenciada pelo zen, não dá para corrigir os traços, porque a ideia é captar o momento


Um traço, um ponto, uma linha. Em movimentos ágeis a mão desliza sobre o papel, que absorve a tinta. As pinceladas são únicas, sem retoques. É assim, em poucos minutos, que nasce uma pintura sumi-ê, uma técnica chinesa que chegou ao Japão no século 13 e de lá se espalhou pelo mundo. Sua principal característica é mesmo a rapidez. O artista sabe que o trabalho deve ser único, espontâneo, sem hesitação, pois qualquer tentativa de corrigir o desenho vai resultar num borrão. Se não ficou bom, lixo. Por essa razão, a pintura sumi-ê está muito ligada à meditação: é preciso estar “inteiro”, totalmente concentrado na atividade, para deixar o braço deslizar sobre a folha e refletir os sentimentos do autor naquele exato momento. Como se pode ver pelas imagens que ilustram estas páginas, de autoria da mestra alemã Rita Böhm, dona de uma escola em Berlim, não há perspectiva nem claro-escuro. É muito mais um croqui, um esboço, uma espécie de caricatura. Em vez de formas perfeitas, figuras subjetivas que nos obrigam a buscar na memória os “pedaços” que faltam para completá-las. Continue lendo!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Coração Compassivo


Doutrinas complexas são úteis se, à certa altura as transcendermos e nos abrirmos ao coração compassivo que nos é dado pelo Buddha. O gesto fraterno não precisa de explicação. A verdadeira linguagem do Dharma é universal, independe de idiomas e passa à margem de traduções. Onde a compaixão aquece o coração e move os atos, lá o verdadeiro buddhismo está sendo vivido. Pouco importa por quem e sob que forma.

Há buddhistas que nunca ouviram falar de buddhismo. Quando escutam o Dharma, logo o reconhecem pois já o tinham consigo. Homens e mulheres movidos por espontânea piedade, acudindo aos que sofrem, esses são os devotos da Sangha. Muitos chamam o Buddha por outros nomes, tal como nós chamamos de Buddha o que eles reverenciam com suas palavras. Afinal, o Dharmakaya está ou não além de nome e forma? Ao necessitado que recebe o dadivoso apoio, pouco lhe importa em nome de quem é feita a caridade. Quem se esquece de si e lembra o outro, esse é o verdadeiro buddhista. Nesse sentido essencial, o buddhismo transcende o buddhismo. Quanto ao que se restringe à tradição formal, sejam doutrinas, ritos, regras monásticas, etc., tudo isso é meio e não fim. E, enquanto meios, existem para serem transcendidos. Os aspectos formais da tradição buddhista são como degraus de uma escada, visam levar para além de si. Os que se aferram ao formalismo e passam a considerar buddhismo um conjunto de idéias, termos ou atitudes estereotipadas, montam moradia no degrau, esquecidos da finalidade do mesmo. Acreditam que o barco é a margem à qual ele deveria nos conduzir. A opção por formas institucionais de crença, prática ou devoção é fator secundário, regido pelo karma. Quem acolheu o coração compassivo logo distingue o acessório e o essencial.

Shinran, Yuishinsho mon’i, The Collected Works of Shinran.

Toda pessoa cujo coração é movido por amor e compaixão, que profunda e sinceramente age para o benefício de outros sem se importar com fama, lucro, posição social ou reconhecimento... está trilhando um Caminho Compassivo".

– Bokar Rinpoche, o Senhor da Grande Compaixão.

domingo, 10 de maio de 2009

O repouso do guerreiro


Hoje
só por um momento
rendo-me
pouso as armas
dispo as roupas
fico nu
Não quero escolher
não quero bater-me
Vou sentar-me
e talvez viver

(Postado originalmente no blog Pássaro Azul)

sábado, 9 de maio de 2009

A Arte de Ouvir


De todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, do viver juntos e da cidadania é a audição. Disse o escritor sagrado: “No princípio era o Verbo”. Eu acrescento: “Antes do Verbo era o silêncio.” É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve. Sabem disso os poetas, esses seres de fala mínima. Eles falam, sim. Para ouvir as vozes do silêncio. Veja esse poema de Fernando Pessoa, dirigido a um poeta: “Cessa o teu canto! Cessa, que, enquanto o ouvi, ouvia uma outra voz como que vindo nos interstícios do brando encanto com que o teu canto vinha até nós. Ouvi-te e ouvia-a no mesmo tempo e diferentes, juntas a cantar. E a melodia que não havia se agora a lembro, faz-me chorar...” A magia do poema não está nas palavras do poeta. Está nos interstícios silenciosos que há entre as suas palavras. É nesse silêncio que se ouve a melodia que não havia. Aí a magia acontece: a melodia me faz chorar.

Não nos sentimos em casa no silêncio. Quando a conversa para por não haver o que dizer tratamos logo de falar qualquer coisa, para por um fim no silêncio. Vez por outra tenho vontade de escrever um ensaio sobre a psicologia dos elevadores. Ali estamos, nós dois, fechados naquele cubículo. Um diante do outro. Olhamos nos olhos um do outro? Ou olhamos para o chão? Nada temos a falar. Esse silêncio, é como se fosse uma ofensa. Aí falamos sobre o tempo. Mas nós dois bem sabemos que se trata de uma farsa para encher o tempo até que o elevador pare.

Os orientais entendem melhor do que nós. Se não me engano o nome do filme é “Aconteceu em Tóquio”. Duas velhinhas se visitavam. Por horas ficavam juntas, sem dizer uma única palavra. Nada diziam porque no seu silêncio morava um mundo. Faziam silêncio não por não ter nada a dizer, mas porque o que tinham a dizer não cabia em palavras. A filosofia ocidental é obcecada pela questão do Ser. A filosofia oriental, pela questão do Vazio, do Nada. É no Vazio da jarra que se colocam flores.

O aprendizado do ouvir não se encontra em nossos currículos. A prática educativa tradicional se inicia com a palavra do professor. A menininha, Andréa, voltava do seu primeiro dia na creche. “Como é a professora?”, sua mãe lhe perguntou. Ao que ela respondeu: “Ela grita...” Não bastava que a professora falasse. Ela gritava. Não me lembro de que minha primeira professora, Da. Clotilde, tivesse jamais gritado. Mas me lembro dos gritos esganiçados que vinham da sala ao lado. Um único grito enche o espaço de medo. Na escola a violência começa com estupros verbais.

Milan Kundera conta a estória de Tamina, uma garçonete. “Todo mundo gosta de Tamina. Porque ela sabe ouvir o que lhe contam. Mas será que ela ouve mesmo? Não sei... O que conta é que ela não interrompe a fala. Vocês sabem o que acontece quando duas pessoas falam. Uma fala e outra lhe corta a palavra: ‘é exatamente como eu, eu...’ e começa a falar de si até que a primeira consiga por sua vez cortar: ‘é exatamente como eu, eu...’Essa frase ‘é exatamente como eu...’ parece ser uma maneira de continuar a reflexão do outro, mas é um engodo. É uma revolta brutal contra uma violência brutal: um esforço para libertar o nosso ouvido da escravidão e ocupar à força o ouvido do adversário. Pois toda a vida do homem entre os seus semelhantes nada mais é do que um combate para se apossar do ouvido do outro...”

Será que era isso que acontecia na escola tradicional? O professor se apossando do ouvido do aluno ( pois não é essa a sua missão?), penetrando-o com a sua fala fálica e estuprando-o com a força da autoridade e a ameaça de castigos, sem se dar conta de que no ouvido silencioso do aluno há uma melodia que se toca. Talvez seja essa a razão porque há tantos cursos de oratória, procurados por políticos e executivos, mas não haja cursos de escutarória. Todo mundo quer falar. Ninguém quer ouvir.

Todo mundo quer ser escutado. (Como não há quem os escute, os adultos procuram um psicanalista, profissional pago do escutar.) Toda criança também quer ser escutada. Encontrei, na revista pedagógica italiana “Cem Mondialità” a sugestão de que, antes de se iniciarem as atividades de ensino e aprendizagem, os professores se dedicassem por semanas, talvez meses, a simplesmente ouvir as crianças. No silêncio das crianças há um programa de vida: sonhos. É dos sonhos que nasce a inteligência. A inteligência é a ferramenta que o corpo usa para transformar os seus sonhos em realidade. É preciso escutar as crianças para que a sua inteligência desabroche.

Sugiro então aos professores que, ao lado da sua justa preocupação com o falar claro, tenham também uma justa preocupação com o escutar claro. Amamos não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A escuta bonita é um bom colo para uma criança se assentar...

Rubem Alves.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

É você mesmo que cria as ondas da própria mente


Leva um certo tempo até que a mente se acalme durante sua prática meditativa. Surgem muitas sensações, muitos pensamentos ou imagens, mas são apenas ondas da própria mente. Nada vem de fora dela. Em geral, pensamos que nossa mente recebe impressões e experiências do exterior mas isso não é uma compreensão correta da nossa mente. A verdade é que a mente inclui tudo; quando pensamos que algo surge de fora, isso quer dizer somente que algo surge na nossa própria mente. Nada exterior a si mesmo pode perturbá-lo. É você mesmo que cria as ondas da mente. Se deixar a mente como ela é, ela se tornará calma. Esta é a chamada mente grande. (extr.de "Mente Zen,Mente de Principiante" de Shunryu Suzuki)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Sem apego e aversão


Para o budismo, o sofrimento está ligado aos três venenos-raiz da mente: lobha (desejo, apego), dosa (aversão, ódio) e moha (ignorância, cegueira). A psicóloga e escritora Bel Cesar, autora do livro “Mania de Sofrer” (Editora Gaia), disse que cada veneno está ligado ao outro. “Por ignorância, atribuímos ao mundo exterior uma qualidade de solidez, e assim, acreditamos poder possuí-lo. Isto nos leva a sentir desejo, pois passamos a crer que poderíamos desejar algo e obtê-lo sob nosso domínio. Quando percebemos que tudo não é permanente e que nada é possível de ser possuído, sentimos aversão”.

Sofrer significa a insatisfação com as experiências com as quais vivemos. Bel Cesar afirma que o problema das pessoas é que elas buscam algo que não existe. “Quando compreendemos que nossas expectativas estão baseadas em carências insaciáveis, começamos a entender como entramos e saímos das tramas de nossos conflitos emocionais”. Se o desejo e o apego forem extintos, o sofrimento deixa de fazer parte da vida.

Para se livrar das causas do sofrimento, é necessário um pouco de esforço. Para se alcançar a libertação do “eu”, deve-se trilhar o caminho do meio ou o nobre caminho óctuplo. Esse caminho óctuplo compreende oito verdades: compreensão correta, pensamento correto, fala correta, ação correta, modo de vida correto, esforço correto, atenção plena correta e concentração correta. “É necessário manter uma inabalável determinação. O esforço para não desanimar tem que ser constante, pois costumamos desistir quando algo se mostra além de nossas possibilidades imediatas”.

Monja Coen atenta para a perseverança no caminho da libertação: “Não devemos desistir. Se cairmos sete vezes, levantamos oito". A felicidade não vem do nada. “É preciso ter a intenção de mudar para conseguir algum resultado. Não adianta querer ser feliz sem mudança”.

domingo, 3 de maio de 2009

Paz


Aquele que protege sua mente da cobiça, e da ira, desfruta da verdadeira e duradoura paz. (Shakyamuni Buda)

sexta-feira, 1 de maio de 2009

ZENtados contra a parede


"Numa época centrada no consumo, em que todos os termos são
apropriados pelo marketing, vale a pena determo-nos num deles:
zen, a palavra que faz sonhar, e que conotamos como antagônica
à palavra stress. Mas zen significa algo muito concreto: uma
escola do budismo, fortemente marcada pelo pensamento japonês,
com uma estética e uma simbólica assentes na simplicidade
e na pureza das linhas, e por uma prática também ela muito
concreta: o zazen. Confundindo-se com o próprio zen, zazen é
o que faz alguém que se senta com a coluna ereta em uma almofada de frente para uma
parede (segundo regras muito precisas, que determinam por exemplo que a distância entre os joelhos e a parede seja igual à direita e à esquerda), respira imperceptivelmente e realiza o 'vazio mental'.
Distinguindo-se do budismo tibetano por uma abordagem
naturalista da transcendência e pela prática quotidiana desta
forma de meditação, o budismo zen chegou à Europa há quarenta
anos, e a Portugal há dez." (baixe o artigo completo aqui)

©2007 Sarah Adamopoulos, Pedro Azevedo, Pedro Botelho/NM