segunda-feira, 28 de junho de 2010

Hanami - Cerejeiras em Flor

Hanami – Cerejeiras em Flor (KIRSCHBLÜTEN – HANAMI) - 2008 - Alemanha

Sinopse: Apenas Trudi sabe que seu marido Rudi está sofrendo de uma doença terminal e ela precisa decidir se vai contar a ele ou não. O médico sugere que eles façam algo juntos, como realizar um velho sonho. Trudi decide não contar ao marido sobre a gravidade de sua doença e aceita o conselho do médico. Ela há muito tempo gostaria de ir ao Japão, mas primeiramente convence Rudi a visitar seus filhos e netos em Berlim. Quando chega na cidade, o casal percebe que os filhos estão tão ocupados com suas próprias vidas que não têm tempo para sair com eles. Na segunda viagem que Rudi aceita fazer com a esposa para o litoral, ela morre repentinamente. Rudi fica devastado e não tem a menor ideia do que fazer. Através do contato com a amiga de sua filha, Rudi compreende que o amor de Trudi por ele havia feito com que ela deixasse de lado a vida que queria viver. Ele começa a vê-la com outros olhos e promete compensar sua vida perdida embarcando em uma última jornada, para o Japão, durante o festival das cerejeiras, uma celebração da beleza, da impermanência e de um novo começo.

Hanami - Cerejeiras em Flor, que é ambientado inicialmente na Alemanhã e, depois, no Japão, não é o tipo de filme frenético, com efeitos especiais etc, que se tem visto tanto por aí. Pelo contrário. O ritmo é lento, e é lentamente que vamos nos envolvendo com o mundo dos personagens, com essa magia que é capaz de surgir da tela mesmo quando o que está lá são apenas personagens "normais", tão comuns.

À primeira vista pode soar estranha a premissa de um filme alemão que aborda em sua essência a cultura japonesa. Porém, bastam alguns minutos para entender o porque da escolha da terra do sol nascente como pano de fundo para uma trama sensível e rica em simbolismos.

Nos cabe aproveitar o tempo que temos diante da tela, descobrindo esse mundo aos poucos, nos deliciando com os detalhes que o filme vai nos apresentando, que são sutis, que estão num olhar, num simples preparo de uma refeição, na arrumação de uma mala.

O enredo se desenvolve em meio a uma forma de compensar os sonhos que a esposa não pôde realizar, até que Rudi (o marido) parte em uma jornada em busca da essência de uma das formas de expressão que sua mulher mais admirava: o butô, uma dança típica oriental, encontro por meio do silêncio, das sombras. Nesta época, sua visita coincide com o período do Hanami, o festival das cerejeiras. Suas flores simbolizam a beleza, as mudanças e um novo começo.

Um filme sensível, que fala de amor, de efemeridade, de conflitos, sim, mas não se resume a nenhum desses elementos. O filme trata, principalmente, da distância da solidão e da falta de comunicação entre mundos – e do resgate desta, ainda que tardio.

E quase no final do filme, uma das cenas mais emocionantes que já vi, as lágrimas rolando silenciosamente pelo rosto, tentando não ser notada, tentando em vão. O filme vale a pena demais.

O filme é dirigido pela alemã Doris Dorrie, cineasta de sucesso, a mesma que produziu “Iluminação Garantida” a quase uma década atrás.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Meditação reduz o impacto emocional da dor


Dor menos desagradável

Pessoas que meditam regularmente têm uma sensação menos desagradável da dor porque seus cérebros antecipam menos a dor, o que diminui seu impacto emocional.

Depois de avaliar voluntários com vários graus de experiência com a meditação, de praticantes iniciantes até mestres com décadas de meditação, cientistas da Universidade de Manchester, na Inglaterra, descobriram que os meditadores mais avançados alcançam um nível suficiente para sofrer menos com a dor.

"Os resultados do estudo confirmam nossa suspeita de que a meditação pode afetar o cérebro. A meditação treina o cérebro para ter mais foco no presente e, com isso, gasta menos tempo antecipando futuros eventos negativos. Pode ser por isso que a meditação é eficaz em reduzir a recorrência da depressão, que torna a dor crônica consideravelmente pior," explica o Dr. Brown.

Meditação vista pela ciência


"A meditação está se tornando cada vez mais popular como uma forma de tratar doenças crônicas, tais como a dor causada pela artrite," diz o Dr. Christopher Brown, que conduziu a pesquisa.

"Recentemente, uma instituição de caridade de saúde mental pediu que a meditação torne-se disponível rotineiramente [no sistema de saúde] para tratar a depressão, que ocorre em até 50% das pessoas com dor crônica. Entretanto, os cientistas só agora começam a analisar a forma como a meditação pode reduzir o impacto emocional da dor," conta ele.

O estudo, que será publicado na revista médica Pain, descobriu que determinadas áreas do cérebro ficam menos ativas quando os meditadores antecipam a dor que, durante o experimento, era induzida por um pequeno laser.

Aqueles com mais experiência de meditação - até 35 anos de prática - apresentaram a menor expectativa da dor, o que levou que relatassem uma menor intensidade dessa dor.

Como a meditação modifica o cérebro


O estudo também revelou que pessoas que meditam apresentam uma atividade incomum no córtex pré-frontal durante a antecipação da dor, uma região do cérebro conhecida por estar envolvida no controle da atenção e com os processos de pensamento quando a pessoa se depara com ameaças potenciais.

Os resultados deverão incentivar novas pesquisas sobre como o cérebro é modificado pela prática da meditação.

"Embora tenhamos descoberto que os meditadores antecipam menos a dor e acham a dor menos desagradável, não está claro como exatamente o tempo de meditação muda as funções cerebrais para produzir esses efeitos," conclui o pesquisador.

Fonte

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Conto Zen


Um monge aproximou-se de seu mestre – que se encontrava em meditação no pátio do templo à luz da Lua – com uma grande dúvida:

“Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos conceitos e palavras, porque os termos são usados para defini-lo?”.

O velho mestre respondeu: “As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não se preocupe com o dedo que aponta”.

O monge replicou: “Mas eu não poderia olhar a Lua, sem precisar que algum dedo alheio a indique?”

“Poderia”, confirmou o mestre, “e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a Lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A Lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio”.

“Então”, o monge perguntou, “Porque os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?”

“Porque”, completou o mestre, “da mesma forma que ver a Lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na verdade já revelada pelo simples fato dela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Desta forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que é necessário”.

O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então de súbito, simplesmente apontou para a Lua.

segunda-feira, 7 de junho de 2010