segunda-feira, 30 de março de 2009

Sem palavras


"No início da vida, não nos expressamos com palavras, mas em um dado momento, todas as palavras já não conseguem nos expressar". Buda.

sábado, 28 de março de 2009

VIVA COMO AS FLORES


Em um antigo mosteiro budista, um jovem monge questiona o mestre...

Mestre, como faço para não me aborrecer?

Algumas pessoas falam demais, outras são ignorantes.
Algumas são indiferentes.

Sinto ódio das que são mentirosas.
Sofro com as que caluniam.

- Pois viva como as flores! - advertiu o mestre.
- Como é viver como as flores? - perguntou o discípulo.

Repare nas flores, continuou o mestre, apontando os lírios que cresciam no jardim.
Elas nascem no esterco, entretanto, são puras e perfumadas.

Extraem do adubo malcheiroso tudo que lhes é útil e saudável...
...mas não permitem que o azedume da terra manche o frescor de suas pétalas.

É justo angustiar-se com as próprias culpas,
mas não é sábio permitir que os vícios dos outros o importunem.

Os defeitos deles são deles e não seus.

Se não são seus, não há razão para aborrecimento.

Exercite, pois, a virtude de rejeitar todo mal que vem de fora.

Isso é viver como as flores.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Buda Cristão


Um dos monges do mestre Gasan visitou a universidade em Tokyo. Quando ele retornou, ele perguntou ao mestre se ele jamais tinha lido a Bíblia Cristã.

"Não," Gasan replicou, "Por favor leia algo dela para mim."

O monge abriu a Bíblia no Sermão da Montanha em São Mateus, e começou a ler. Após a leitura das palavras de Cristo sobre os lírios no campo, ele parou.

Mestre Gasan ficou em silêncio por muito tempo.

"Sim," ele finalmente disse, "Quem quer que proferiu estas palavras é um ser iluminado. O que você leu para mim é a essência de tudo o que eu tenho estado tentando ensinar a vocês aqui."

Conto Zen.

quinta-feira, 26 de março de 2009

O Substituto


Certo dia, num mosteiro Zen Budista, o mestre convocou todos os discípulos. Era preciso escolher um substituto para o guardião, que havia morrido. O mestre, com muita tranqüilidade, falou:

- Assumirá o posto o primeiro que resolver o problema que vou apresentar.

Então o mestre colocou uma mesinha no centro da sala e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza para enfeitá-lo.

- Aí está o problema, disse o mestre.

Todos ficaram olhando a cena: um vaso belíssimo, uma flor maravilhosa... O que representaria? O que fazer? Qual o enigma? De repente, um dos discípulos sacou a espada, olhou o mestre e os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e zapt! Destruiu tudo num só golpe! Tão logo o discípulo voltou ao seu lugar, o mestre falou:

- Você será o novo guardião do mosteiro.

Não importa qual o problema, nem a maneira que ele se apresente. Se for um problema precisa ser resolvido. Mesmo que se trate de um homem ou uma mulher maravilhosa, um grande amor que acabou ou um sentimento doloroso.

quarta-feira, 25 de março de 2009

A dor espiritual no plano físico


Na época em que o viajante praticava meditação zen-budista, havia um momento em que o mestre ia até o canto do dojô (local onde os discípulos se reuniam) e voltava com um bastão de bambu (kyosaku).

Certos alunos, que não haviam conseguido concentrar-se direito, levantavam a mão. O mestre se aproximava e dava três golpes em cada ombro.

No primeiro dia, isto pareceu medieval e absurdo. Mais tarde, o viajante entendeu que muitas vezes é necessário colocar no plano físico a dor espiritual para ver o mal que ela causa.

No caminho de Santiago, Paulo Coelho aprendeu um exercício que consistia em cravar a unha do indicador no polegar quando pensasse algo prejudicial.

As terríveis conseqüências dos pensamentos negativos são percebidas muito tarde. Mas, fazendo com que estes pensamentos se manifestem no plano físico através da dor, entendemos o mal que nos causam.

E terminamos por evitá-los.

Inútil vencer, numa batalha, milhões de homens. Vencer-se a si mesmo é a mais importante vitória" Buddha.

terça-feira, 24 de março de 2009

O aluno que furtava


Durante uma das aulas do mestre zen Bankei, um aluno foi pego roubando. Todos os discípulos pediram a expulsão do aluno. Bankei não fez nada.

Na semana seguinte, o aluno roubou de novo, mas Bankei o manteve em sua classe.
Irritados, os outros escreveram uma petição exigindo que o ladrão fosse punido.

- Como vocês são sábios, - disse Bankei, ao ler o pedido.

- Conhecem a diferença entre o que é certo e o que está errado. Podem estudar em qualquer outro lugar. Mas este pobre irmão - que não sabe o que é certo ou errado - só tem a mim para ensiná-lo, e continuarei fazendo isto.

Uma torrente de lágrimas purificou o rosto do ladrão: o desejo de roubar havia desaparecido.

Conto Zen.

segunda-feira, 23 de março de 2009

O que é O Zen?


O ZEN desafia qualquer definição: não é uma religião, nem uma filosofia, nem um sistema de pensamento, nem uma doutrina, nem uma crença.
A meditação ZEN como prática de base, ajuda-nos a experimentar o que não pode ser definido: o instante presente, o aqui e o agora.

Sensei Amy Hollowell.

domingo, 22 de março de 2009

Tornando o campo fértil


O Mestre Zen encarregou o discípulo de cuidar de um campo de arroz. No primeiro ano, o discípulo vigiava para que nunca faltasse a água necessária. O arroz cresceu forte, e a colheita foi maior. No segundo ano ele teve a idéia de acrescentar um pouco de fertilizante. O arroz cresceu rápido e a colheita foi maior. No terceiro ano, ele colocou mais fertilizante. A colheita foi maior ainda, mas o arroz nasceu pequeno e sem brilho.

- Se continuar aumentando a quantidade de adubo, não terá nada de valor ano que vem - disse o mestre! Você fortalece alguém, quando ajuda um pouco, mas enfraquece quando ajuda muito.

Conto Zen.

sábado, 21 de março de 2009

Meditação


Meditação significa permanecer no Dharma sem distração, com uma mente imperturbável.

O Buddha disse: “Praticantes! Se vocês concentrarem a mente ela entrará em um estado de estabilidade, e assim vocês poderão compreender as características dos fenômenos surgindo e desaparecendo no mundo. Fazendo isso suas mentes permanecerão imperturbáveis. Assim como aqueles que querem evitar inundações constroem uma barragem, assim também o praticante cultiva a meditação para evitar que a água da sabedoria se perca.”

sexta-feira, 20 de março de 2009

O som do calhau, o som do bambu


Um dia em que Kyogen varria o jardim à frente do eremitério, rolou montanha abaixo um calhauzinho que foi bater num bambu. O som fê-lo despertar e ele, assim, obteve o satori perfeito.

No rinzai, é costume dizer que o satori chega de repente. Mas o que é o satori? Antes dessa experiência, ele alimentara sempre uma dúvida. Dia após dia, não se sentia satisfeito. Seu mestre, Issan, lhe dizia:

- És inteligente mas leste sutras em demasia. Tua inteligência do zen provém da memória dos sutras! Não podes obter o shiho (a transmissão, a certificação do mestre ao discípulo). Procura retornar ao período do teu nascimento, quando não podias compreender em que direção ficavam o leste e o oeste, e volta a falar-me nisso.
Ele queimou incontinenti todos os seus livros, seus sutras, seus cadernos. Chorou. Deixou o dojo do mestre, foi para a montanha e passou a viver sozinho. Fez zazen sozinho durante um ano, dois anos. Um dia, escutando o som do bambu ferido por uma pedra, despertou de todo e suas dúvidas tiveram fim: "Fui estúpido até hoje". Compôs um poema: " Tudo esqueci. Dei cabo das idéias que me atochavam o espírito. Minhas complicações tiveram fim."

Fez sampai na direção do mestre, Issan, e queimou incenso. Enviou o poema ao mestre, que disse: "Esse rapaz, meu discípulo, compreendeu".
E concedeu-lhe o shiho.

Inspirado nessa história, Deichi fez um poema:

"Pelo som de um choque
Ele esqueceu todo seu saber".

Deste nada restou. O vazio total. Mas o satori não dependia do seu cérebro. Não chegou de repente. Kyogen não o obteve por intermédio do bambu, nem por intermédio do vento. Nem se diga que o obteve nesse único instante. Não foi de repente.

quinta-feira, 19 de março de 2009

O DESEJO DE PERMANÊNCIA


por Krishnamurti

Entre as circunstâncias mutantes da vida existe algo permanente? Existe alguma relação entre nós próprios e a constante mutação ao nosso redor? Se admitíssemos que tudo é mutável, inclusive nós próprios, então jamais existiria a idéia de permanência. Se nos imaginássemos num estado de continuo movimento, então não haveria conflito entre as circunstâncias mutantes da vida e aquilo que agora supomos ser permanente.

Existe em nós uma profunda e radicada esperança ou certeza de que existe algo permanente no meio da contínua mutação e isto cria o conflito. Vemos que a mutação existe ao redor de nós. Vemos tudo decaindo, fenecendo. Vemos cataclismos, guerras, fome, morte, insegurança, desilusão. Tudo que nos cerca está em constante mutação vindo-a-ser e decaindo. Todas as coisas se gastam pelo uso. Nada há nada estável e permanente ao redor de nós. Em nossas instituições, em nossas morais, nossas teorias de governo, de economia, de relações sociais – em todas as coisas existe fluxo, existe mudança.

E entretanto, no meio dessa impermanência, sentimos que existe permanência; estando insatisfeitos com essa impermanência, criamos um estado de permanência, gerando, por esse modo, conflito entre o que se supõe ser permanente e o que é mutante, o transitório. Mas se percebêssemos que tudo, inclusive nós mesmos, o “eu” é transitório, e também o são as coisas ambientes da vida, certamente não haveria então esse irônico conflito.

O que é que exige permanência, segurança, que anseia pela continuidade? É nessa exigência que se baseiam todas as nossas relações sociais e morais.

Se vocês realmente acreditassem ou sentissem profundamente, por vocês mesmos, a incessante mutação da vida, então jamais existiria ansiedade pela segurança, pela permanência. Mas porque existe uma profunda ansiedade pela permanência, nós criamos uma parede estanque contra o movimento da vida.

Portanto, o conflito existe entre os valores mutantes da vida e o desejo que está procurando permanência. Se sentíssemos e compreendêssemos profundamente a impermanência de nós próprios e das coisas deste mundo, então haveria o cessar do amargo conflito, das dores e temores. Então não haveria apego, de onde surge a luta social e individual.

terça-feira, 17 de março de 2009

A Sabedoria É Um Fluxo Vivo


Os meditadores sabem desde o início dos tempos que precisam usar os próprios olhos e a linguagem de sua época para expressar o seu insight. A sabedoria é um fluxo vivo, não uma estátua a ser preservada num museu. Somente quando o praticante descobre a fonte da sabedoria na sua vida é que ela pode fluir em direção às gerações futuras. Manter acesa a tocha da sabedoria é tarefa de todos nós que sabemos como “abrir um caminho através da floresta” para podermos seguir adiante.

Mestre Thay.

sábado, 14 de março de 2009

A interdependência e compreensão dos cinco agregados


Os Cinco sentidos (agregados) são interdependentes. Quando nos ocorre uma sensação dolorosa, devemos olhar para o corpo, para as nossas percepções, nossas formações mentais e nossa consciência, procurando a causa dessa sensação. Se tivermos uma dor de cabeça, a sensação dolorosa vem do Primeiro Agregado. Sensações dolorosas também podem se originar das formações mentais ou das percepções. Você pode, por exemplo, pensar que alguém o detesta, quando na verdade essa pessoa o ama.

Observe com atenção os cinco rios que correm dentro de você e veja como cada um deles contém em si os outros quatro. Olhe para o rio do corpo. No início você pode achar que o corpo é apenas físico e não mental. Só que cada célula de seu corpo contém dentro dela todas as informações contidas no seu corpo inteiro. Hoje em dia já é possível duplicar o corpo inteiro a partir de uma única célula, o que chamamos de clonagem. A unidade contém o todo. Uma única célula do seu corpo contém seu corpo inteiro. Isso significa que todas as sensações, percepções, formações mentais e consciência estão contidas em uma única célula - não apenas os nossos, mas também os de nossos pais e de nossos ancestrais. Cada agregado contém todos os outros agregados. Cada sensação contém em si todas as percepções, formações mentais e consciência. Ao observar uma sensação, podemos descobrir nela os outros elementos. Observe à luz da interdependência, e verá o todo na unidade e a unidade no todo. Não pense nem por um instante que o corpo existe fora das sensações ou que as sensações existem fora do corpo.

No Sutra Girando a Roda, o Buda diz: “Quando nos apegamos aos Cinco Agregados, eles produzem sofrimento”. Ele não disse que os agregados são, por si mesmos, o sofrimento. Há uma imagem no Sutra Ratnakuta que nos pode ser útil. Um homem joga um bolo de terra para um cachorro. O cachorro olha para o bolo de terra e late furiosamente, porque não entende que é o homem, e não o bolo de terra, o responsável por sua frustração. O sutra continua: “Da mesma maneira, uma pessoa comum, presa a conceitos dualistas, pensa que os Cinco Agregados são a causa de seu sofrimento, enquanto na verdade a raiz do sofrimento está na falta de compreensão da natureza impermanente, sem existência separada, e interdependente dos Cinco Agregados”. Não são os Cinco Agregados que nos fazem sofrer, mas a forma como nos relacionamos com eles. Ao observarmos a natureza impermanente, interdependente e sem existência própria de tudo o que existe, não sentimos aversão pela vida, mas, ao contrário, constatamos como a vida é preciosa.

Sempre que não entendemos muito bem, apegamo-nos demais, ficando presos às coisas. No Ratnakuta Sutra, os termos “agregado” (skandha) e “agregado do apego” (upadana skandha) são usados. Os skandhas são os Cinco Agregados que dão origem à vida. A raiz de nosso sofrimento não está nos agregados em si, mas em nosso apego. Existem pessoas que, devido à compreensão incorreta da razão do sofrimento, em vez de lidarem com seus apegos, têm medo dos seis objetos dos sentidos e aversão pelos Cinco Agregados. Um Buda é alguém que vive em paz, alegria e liberdade, alguém que não tem medo nem está apegado a nada.

Quando inspiramos e expiramos e harmonizamos os Cinco Agregados dentro de nós, realizamos a verdadeira prática. Mas praticar não significa nos limitarmos aos Cinco Agregados internos. Temos consciência de que os Cinco Agregados também têm raízes na sociedade, na natureza e nas pessoas com quem vivemos. Medite no conjunto dos Cinco Agregados dentro de você, até poder ver a unidade que existe entre você e o universo. Quando o Bodhisattva Avalokita contemplou a realidade dos Cinco Agregados, viu o vazio do “eu”, e se libertou do sofrimento. Se contemplarmos os Cinco Agregados com consistência, nós também nos libertaremos do sofrimento. Se os Cinco Agregados retornarem à sua origem, o sentido de “eu” deixa de existir. Enxergar a unidade dentro do todo significa romper com o apego a uma falsa idéia de “eu”, a convicção de que o “eu” é uma entidade imutável com existência própria. Romper essa falsa visão significa se libertar de todos os tipos de sofrimento.

A ESSÊNCIA DO ENSINAMENTO DE BUDA – Thich Nhat Hahn.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Onde está a felicidade?


“Infelizmente, todos que ainda não encontraram a verdadeira felicidade - a radiante alegria do Ser e uma paz inabalável - são mendigos, mesmo que possuam bens e riqueza material. Buscam do lado e fora, migalhas de prazer, aprovação, segurança ou amor, embora tenham um tesouro guardado dentro de si, que não só contém tudo isso, como é infinitamente maior do que qualquer coisa oferecida pelo mundo”.

Eckhart Tolle, do livro “O Poder do Agora”.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Onde está Buddha?


Por 300 anos após a morte de Buddha, não havia nenhuma imagem dele. A prática das pessoas era um reflexo de Buddha, não havia necessidade de externalizar isso. Mas, com o tempo, assim que a prática foi perdida, as pessoas começaram a colocar o Buddha fora de suas mentes, de volta no espaço-tempo.

Assim que o conceito foi externalizado e imagens, criadas, grandes professores começaram a enfatizar de novo o significado anterior de Buddha.

Há um ditado que diz: "Se você ver o Buddha, mate-o". Bastante chocante para pessoas que oferecem incenso e se devotam na frente de uma imagem com a idéia de um Buddha externo.

Se você tem na mente o conceito de um Buddha fora de você, mate-o, abandone-o.

[...] Buddha Gautama repetidamente lembrava as pessoas de que a experiência da verdade vem de suas próprias mentes.

Joseph Goldstein, "The Experience of Insight". (Postado no blog Samsara)

terça-feira, 10 de março de 2009

Dalai Lama: milhares morreram durante ocupação do Tibete


Líde espiritual discursou em Dharamsala, no norte da Índia.
Rebelião tibetana completa meio século.


O Dalai Lama disse nesta terça-feira (10) que a ocupação chinesa do Tibete representou a morte de "centenas de milhares de tibetanos", em discurso em Dharamsala, no norte da Índia, no momento em que se completa meio século da rebelião tibetana.

No discurso, divulgado em seu site, o líder político e espiritual dos tibetanos repassa a história recente do Tibete e assegura que sua população "experimentou o inferno na Terra", desde que China reprimiu a revolta de 1959 e ocupou o território.

O Dalai Lama assegurou que após a ocupação, o governo chinês realizou "uma série de campanhas violentas e repressivas", que incluíram a imposição da lei marcial, e, mais recentemente, programas de "reeducação" que causaram um "profundo sofrimento" na população tibetana.

Segundo ele, nos últimos 50 anos o povo tibetano na China experimentou "sofrimento e destruição indescritíveis", o que persiste sob forma de "medo constante" até hoje.

"Estou decepcionado com o fato de as autoridades chinesas não terem respondido de forma apropriada aos esforços sinceros para implantar os princípios de uma autonomia regional nacional para todos os tibetanos", comentou.

Com essas palavras, o Dalai Lama se referiu de forma indireta ao memorando para uma "autonomia genuína" no Tibete que seus enviados apresentaram ao governo chinês na primavera passada.

"Não tenho dúvida de que a justiça da causa tibetana prevalecerá se continuarmos o caminho da verdade e da não violência", disse o líder.

Segundo o Dalai Lama, a maioria dos tibetanos defende a proposta que prevê uma maior autonomia dentro do território da República Popular China. (Fonte: G1)

Leia a entrevista com a escritora tibetana Tsering Woeser sobre a real situação!

segunda-feira, 9 de março de 2009

DA FALA CORRETA


O que vale como um tesouro para nós é a sabedoria. Ao nos depararmos com pessoas ignorantes não devemos criticá-las, traindo tudo que compreendemos imediatamente, e sem uma visão das circunstâncias. Através de um meio habilidoso, devemos procurar alertá-las sobre seus possíveis deslizes, de uma forma que não guardem ressentimentos. Dizem que, se nossa persuasão for direta e violenta, seus efeitos não serão duradouros. Isto vale também para palavras ásperas e ferinas ao criticarmos os outros, mesmo que estejamos certos. Quem é limitado e de espírito estreito, fica zangado ao lhe dizerem que esteja possivelmente equivocado, e se sente desgraçado, o que pode vir a ser perigoso devido à sua estreiteza de visão. O mesmo não ocorre com uma pessoa que tenha uma grande mente. Mesmo que lhe batamos, ela nem sequer virará a cabeça para considerar vingança. Temos muitos exemplos destas pessoas pequenas e estreitas, logo cuidemos para não usarmos palavras duras e críticas contundentes, resultando que estas pessoas se ofendam.

(extraído de "Shobogenzo Zuimonkide", Eihei Dogen Zenji).

domingo, 8 de março de 2009

Estamos Aqui, no Pálido Ponto Azul



É simplesmente impactante assistir ao vídeo narrado pelo astrofísico Carl Sagan de nome: “O PÁLIDO PONTO AZUL”, confesso que senti o quão insignificantes somos diante da vastidão do universo.
É bem provável que nós somos uma singularidade única vagando na solidão do cosmo, e que pretensamente nos consideramos auto-suficientes e “indestrutíveis”.
Fico imaginando se todas as religiões fizessem veicular em seus templos esse vídeo com a fotografia tirada pela Voyager I.
Por certo, fariam com que os seus adeptos realizassem uma íntima introspecção, quedando-se humildemente ante a sua própria completude existencial, por vezes orgulhosa demais.
E assim, veriam o quanto somos insignificantes, desfilando numa poeira estelar suspensa por um raio de sol, perdidos na imensidão escura da catedral cósmica.
Pois na imensidão cósmica, o ser humano não tem grande significado.
Assistir a esse vídeo e ouvir o que Carl Sagan diz, por certo que, os que assim fizessem, teriam mais proveitos do que assistindo a milhões de missas, rezas, preces, vãs promessas e cultos, pois nesse momento o ser humano se defrontaria com o absurdo do nada (da vacuidade) que ele mesmo é.
O astrofísico narra e mostra com toda a frieza científica o que na verdade nós somos, isto é, apenas poeira estelar perdida na escuridão do espaço, e isso é somente uma diminuta visão de 6,4 bilhões de quilômetros das proximidades de Netuno do nosso sistema solar.
Neste grãozinho de rocha e metal, rodeado por oceanos, vivemos orgulhosos, egoístas, vaidosos, insensíveis e não nos acordamos para a nossa insignificância.
A visão que nos foi oferecida lá dos confins do sistema solar pela nave Voyager I, uma epopéia que será lembrada pelas civilizações futuras, deu-nos a inédita e única oportunidade de compreendermos com muita humildade, se é que essa virtude ainda existe nos seres humanos, qual será mesmo o nosso destino como viajantes solitários do cosmo circundante.
Daquelas alturas do cosmo, nada significa as tão prezadas e disputadas fronteiras geográficas, pouco valor tem as querelas religiosas, insignificantes são os sistemas políticos tão questionados, as guerras, as doenças, a fome, o orgulho, a vaidade e o egoísmo humano, ainda são sinais da nossa pouca evolução.
De onde viemos e quem somos nós, e qual será o nosso destino? Qual o sentido da vida? Uma pergunta rápida que sugere uma breve resposta: Somos poeira estelar e poeira nós voltaremos a ser. (Tu és pó e ao pó voltarás!)

(A algum tempos atrás, havia publicado aqui no blog uma outra versão deste vídeo, para quem não assistiu, vale conferir.)

sexta-feira, 6 de março de 2009

A nova luta do Tibete


Várias cidades do mundo já têm protesto marcado no aniversário de 50 anos da revolta contra a ocupação chinesa. O Dalai Lama defende uma 'autonomia genuína'.

Leia a matéria da ÉPOCA aqui!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Escutatória


por Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se interessar.

Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.

Daí a dificuldade: A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança... Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...
Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas.

Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.

Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades. Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado. Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou. E, assim vai a reunião.

Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.

No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto!

domingo, 1 de março de 2009

Amor é Compreensão


“Há muitos tipos de amor. A vida tem uma grande necessidade da presença do amor, mas não do tipo de amor que se baseia na sensualidade, paixão, apego, discriminação e pré-concepção. Há um outro tipo de amor, certamente necessário o qual consiste na generosidade amorosa e na compaixão.
Geralmente, quando as pessoas falam de amor, estão se referindo apenas ao amor que existe entre pais e filhos, casais, familiares ou entre membros de uma classe ou país. Como a natureza de tal amor depende dos conceitos de ‘meu’ e ‘minha’, ele permanece enredado em apego e discriminação. Pessoas apegadas se preocupam com acidentes que possam atingir seus entes queridos antes mesmo de ocorrerem. Caso ocorram, sofrem terrivelmente. O amor baseado na discriminação gera preconceito. As pessoas tornam-se indiferentes ou mesmo hostis ao que está além do seu próprio círculo de amor. O amor de que todos os seres verdadeiramente estão sedentos é a generosidade amorosa e a compaixão. Generosidade é o amor que é capaz de levar felicidade ao outro. Compaixão é o amor capaz de remover o sofrimento do outro. Nada pedem ou esperam em troca. Se estendem a todas as pessoas e seres. Não há nem ‘meu’ ou ‘não meu’. Onde não há discriminação, não existe apego.
Com a generosidade amorosa e compaixão, a vida se enriquece de paz, alegria e contentamento."

Resumo de um trecho do capítulo: 42 – Amor é Compreensão, Thich Nhat Hanh, “Velho Caminho Nuvens Brancas” – Seguindo as Pegadas do Buda – Ed. Bodigaya, 2007.