sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O seu corpo não é você


Aquilo que percebemos como uma estrutura compacta chamada corpo, que é sujeito às doenças, ao envelhecimento e à morte, não é real, não é você. É uma percepção errada da nossa realidade essencial, que está além do nascimento e da morte, cuja causa está nas limitações da nossa mente. A mente, tendo perdido o contato com o Ser, cria o corpo como uma prova de sua crença ilusória de separação para justificar o seu estado de medo.

Mas não despreze o corpo, porque é no interior deste símbolo de não permanência, limitação e morte que está contido o esplendor de nossa qualidade essencial e imortal. Não desvie a atenção para outro lugar em busca da Verdade, pois ela não pode ser encontrada em nenhum outro lugar que não no seu interior.

Não lute contra seu corpo, porque, ao fazer isso, você está lutando contra a sua própria realidade. Você é o seu corpo. O corpo que você vê e toca é somente um delicado véu de ilusão. Debaixo dele encontra-se o seu corpo interior invisível, a porta de entrada para o Ser, para a Vida Não Manifesta. Através do corpo interior, estamos inseparavelmente conectados a essa Vida Não Manifesta – onde não há nascimentos nem mortes -, que é eternamente presente. Através do corpo interior, estamos sempre em Unidade com nossa Verdadeira natureza.

Extraído do livro "O Poder do Agora" de Eckhart Tolle.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Budismo: Uma Religião sem Deus?


Buda não é Deus segundo a concepção do Budismo. Buda significa “aquele que despertou de um sono profundo”. Buda é um estado de Ser. Todos nós somos Buda, apenas estamos adormecidos deste estado.

Os budistas são acusados de ateísmo, mas na realidade não pronunciam a palavra Deus porque sabem que o Absoluto está em cada um de nós, está em tudo e em todos… Tudo é Unicidade. Deus não se encontra numa possibilidade externa, mas na possibilidade interior de cada um de nós.

O que é preconizado como “Buda”, trata-se do Buda histórico Sidarta Gautama, aquele que foi um príncipe do Reino de Sakya e por isto é chamado Buda Sakyamuni. Muitos acham ser este o único Buda. Mas qual é a quantidade de Budas existentes?
Budismo é uma religião? Budismo é filosofia? Budismo é ciência?
Budismo por ser tudo isto segundo a concepção de cada praticante. Pode ser uma Filosofia de Vida de emprego bem prático que não impede que você professe outra religião ou credo, muito pelo contrário, nos dá condições através das quatro nobres verdades, do nobre caminho óctuplo, da compreensão sobre os doze elos e outros meios hábeis, de sermos melhores cidadãos, melhores profissionais, melhores homens e mulheres.

O budismo nos ensina a tarefa de sermos responsáveis sem culpa.
Culpa e pecado não são palavras empregadas no Budismo. Perdoar deve estar implícito na atitude de vida do budista que deve ser norteada por uma atitude ética implícita nos parâmetros da natureza. O budista sabe que uma aparência é só uma aparência, que as pessoas e situações devem ser olhadas em sua essência sem conceito, comparação ou julgamento, pois todos são iguais, perfeitas e puras apesar da aparência que criam de si e dos outros.

Budismo não idealiza um “reino dos céus” ou outros lugares e estados parecidos após a morte. Budismo ensina que o Nirvana está na possibilidade do Aqui e no Agora e não em algum lugar ou algo para ser deixado para depois, mas que é preciso deixar os véus da ilusão (Maya) que turva a nossa visão no Samsara, a roda de nascimentos e morte a que nos submetemos neste plano no exercício kármico. Portanto Nirvana e Samsara são indissociáveis.

Budismo ensina que o Karma é o resultado do que fizemos, fazemos e faremos nesta vida. “Causa e Condição” ou “Causa e Efeito”. Toda ação produz um resultado, por isto através da Meditação aprendemos a encontrar o estado de “Plena Atenção”, que nos produzirá as condições de produzir um Bom Karma através de ações que produzam o bem para si e para os outros.

O Budismo preconiza a Não Violência a todo e qualquer ser vivente. O Não Matar do Budismo é amplo e irrestrito. Podemos não matar uma idéia de alguém, um animal para nos servir de sua carne e assim por diante.

“…Se queres saber porque te passa assim o teu presente olha o teu passado.Se queres conhecer o teu futuro,olha o teu presente!…(Buda Sakyamuni)

Postado por Nello Júnior, aqui.

O conceito buddhista de "deus" é diferente do conceito ocidental de um ser supremo, todo-poderoso, criador de todas as coisas. Os deuses não são onipotentes, onipresentes ou oniscientes. São apenas seres que acumularam grande virtude e renasceram em reinos onde desfrutam de muitos prazeres e longa vida. Mesmo assim, eles continuam sujeitos à morte e à queda nos outros reinos. Portanto, no buddhismo não existe a figura de um criador, ao qual devemos idolatrar e servir, nem a ameaça de sermos julgados e jogados no inferno caso não o obedeçamos. A meta da prática espiritual não é a de fugir para um paraíso, deixando os outros seres para trás, mas sim atingir a iluminação e trazer benefícios para todos os seres — não apenas aos seres humanos, mas para todos os seres sencientes. (Dharmanet)

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Transitoriedade


Um famoso mestre Zen aproximou-se do Portal principal do palácio do Rei. Nenhum dos guardas tentou pará-lo, constrangidos, enquanto ele entrou e dirigiu-se onde o Rei em pessoa estava solenemente sentado, em seu trono.

"O que vós desejais?" perguntou o Monarca, imediatamente reconhecendo o sábio mestre.

"Eu gostaria de um lugar para dormir aqui nesta hospedaria," replicou o professor.

"Mas aqui não é uma hospedaria, bom homem, "disse o Rei, divertido, "Este é o meu palácio." "Posso lhe perguntar a quem pertenceu este palácio antes de vós?" perguntou o mestre.

"Meu pai. Ele está morto."
"E a quem pertenceu antes dele?"

"Meu avô," disse o Rei já bastante intrigado, "Mas ele também está morto."

"Sendo este um lugar onde pessoas vivem por um curto espaço de tempo e então partem - vós me dizeis que tal lugar NÃO É uma hospedaria?"

Conto Zen.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Só de passagem


Monge peregrino zen porta um cajado, um chapéu e uma mochila...

Um homem foi visitar um sábio monge.

Ficou, no entanto, surpreso ao ver que o sábio morava numa simples cabana muitos livros, mas poucos móveis: uma cama, uma pequena mesa e um banco.

- Onde estão os seus móveis? Perguntou o homem.

E o sábio, rapidamente, perguntou também:

- E onde estão os seus?

- Os meus? Surpreendeu-se o visitante. – Mas eu estou aqui só de passagem!

- Eu também. Respondeu o sábio.

“No entanto, alguns vivem como se fossem ficar aqui eternamente, e se esquecem de serem felizes.”

Conto budista.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Um conto de Tolstoi narrado pelo mestre Zen Thay


A um imperador certa vez ocorreu-lhe que nada jamais o afastaria do caminho justo se soubesse responder apenas às seguintes perguntas:

Qual é o melhor momento para qualquer coisa?
Quais são as pessoas mais importantes em qualquer trabalho?
Qual é a coisa mais importante a fazer em qualquer momento?

O imperador promulgou um decreto para todo o seu império a anunciar que quem soubesse responder às três perguntas receberia uma grande recompensa. Depois de terem lido este decreto, muitos se dirigiram ao palácio com as suas diferentes respostas.

Respondendo à primeira pergunta, alguém sugeriu ao imperador que estabelecesse uma ocupação total do tempo, com as horas, dias, meses, anos e as tarefas a realizar. Se seguisse isso à letra, o imperador poderia então vir a fazer cada coisa em seu devido tempo. Uma outra pessoa retorquiu que era impossível prever tudo, que o imperador devia pôr de parte todas as distracções inúteis e que se devia manter atento a todas as coisas de maneira a saber quando e como agir. Uma outra insistiu em que o imperador não podia sozinho possuir a clarividência e a competência necessárias para decidir quando fazer algo. Parecia-lhe que o mais importante era nomear um Conselho de Sábios e de agir de acordo com as suas recomendações. Uma outra pessoa disse que certas questões necessitavam de um decisão imediata e não podiam esperar por uma consulta. Contudo, se o soberano desejasse conhecer com antecedência o que ia acontecer, ser-lhe-ia possível interrogar os adivinhos e os magos.

As respostas à segunda pergunta divergiram também muito entre si. Alguém disse que o imperador devia colocar toda a sua confiança nos seus ministros, um outro recomendou que fosse nos padres e nos monges, outros, ainda, nos médicos e mesmo nos militares.

À terceira pergunta foram dadas respostas igualmente variadas. Alguns afirmaram que a procura mais importante era a ciência, outros insistiram que era a religião e outros ainda que era a arte militar. O imperador não ficou satisfeito com nenhuma das repostas e não atribuiu a ninguém a recompensa.

Depois de várias noites de reflexão, o soberano decidiu visitar um eremita que vivia na montanha e que era tido por um ser iluminado. O imperador desejava encontrar o santo homem para lhe colocar as três perguntas, sabendo muito bem que o eremita nunca deixava as montanhas e que era conhecido por não receber senão pessoas pobres e por recusar qualquer contacto com ricos e poderosos. Por esta razão, o soberano disfarçou-se de camponês pobre e ordenou à sua escolta que esperasse por ele aos pés da montanha enquanto procurava sozinho o eremita.

Ao chegar à morada do homem santo, o imperador avistou-o a cavar o jardim diante da sua cabana. Ao ver o estrangeiro, o eremita saudou-o com a cabeça e continuou a cavar. Era um trabalho aparentemente muito penoso para um velho como ele; ofegava ruidosamente de cada vez que enterrava a enxada no solo para revolver a terra. O imperador aproximou-se dele e disse: “Vim pedir a vossa ajuda. São estas as minhas perguntas:

Qual é o melhor momento para qualquer coisa?
Quais são as pessoas mais importantes em qualquer trabalho?
Qual é a coisa mais importante a fazer em qualquer momento?”

O eremita escutou-o atentamente e, depois de dar uma pequena palmada no ombro do imperador, retomou o trabalho. O monarca disse então:
“Deveis estar cansado. Deixai-me ajudar-vos”.
O velho homem agradeceu-lhe, entregou-lhe a enxada e sentou-se no chão para descansar. Depois de ter cavado duas leiras, o imperador parou, voltou-se para o eremita e repetiu-lhe as suas três perguntas. De novo, o velho homem não lhe respondeu, mas levantou-se e, mostrando a enxada, disse-lhe: “Porque não descansais um pouco? Eu continuo”. Mas o imperador continuou a cavar a terra. Passaram uma e outra hora. Por fim, o sol pôs-se atrás da montanha. O soberano pousou a enxada e disse ao eremita: “Escutai-me, eu vim até aqui para vos perguntar se sabeis responder às minhas três perguntas. Mas se não souberdes, dizei-mo para eu regressar a casa”.

O eremita levantou a cabeça e perguntou ao imperador: “Ouvis alguém a correr na nossa direcção?” O imperador voltou a cabeça e ambos viram surgir do bosque um homem com uma longa barba branca. Corria tropegamente, com as mãos a pressionar uma ferida no ventre, que sangrava. O homem correu em direcção ao soberano até cair sem sentidos no chão. Gemia e, ao abrir a sua camisa, o imperador e o eremita viram que ele tinha uma ferida profunda. O monarca limpou-a totalmente, e a seguir fez-lhe um penso com a sua própria camisa. Visto que o sangue corria abundantemente, teve de enxaguar e enfaixar várias vezes a sua camisa até conseguir estancar o sangue da ferida.

Finalmente, o homem ferido retomou a consciência e pediu água. O imperador correu até ao ribeiro e trouxe consigo uma bilha de água fresca. Ao longo de todo este tempo, o sol pusera-se e instalara-se o frio da noite. O eremita ajudou o imperador a levar o homem para a cabana onde o deitaram sobre a cama. Aí, fechou os olhos e adormeceu sossegadamente. O soberano estava esgotado pela longa jornada que fizera, de caminhar na montanha e de cavar o jardim. Apoiando-se à porta, adormeceu. Por um momento, esqueceu-se onde estava e o que ali tinha vindo fazer. Quando acordou, olhou para a cama e viu o homem ferido, que também se perguntava o que fazia ali naquela cabana. Quando este viu o imperador, olhou-o atentamente nos olhos e disse num murmúrio dificilmente perceptível: “Por favor, perdoai-me”.
“Mas o que fizestes para merecerdes ser perdoado?” perguntou o soberano.
“Vossa Majestade não me conhece, mas eu conheço-vos. Eu fui vosso inimigo e fiz o voto de me vingar por terdes morto o meu irmão na última guerra e por vos terdes apoderado de todos os meus bens. Quando soube que vínheis sozinho a esta montanha para vos encontrardes com o eremita, decidi montar-vos uma cilada e matar-vos. Esperei durante muito tempo, mas vendo que não vínheis, deixei o meu esconderijo para vos procurar. Foi assim que acabei por dar com os soldados da vossa guarda que, ao reconhecerem-me, infligiram-me esta ferida. Felizmente, consegui fugir e correr até aqui. Se não vos tivésseis encontrado, teria com certeza morrido na hora. Eu tinha a intenção de vos matar e vós salvastes-me a vida! Sinto uma enorme vergonha, mas também um reconhecimento infinito. Se viver, faço o voto de vos servir até ao meu derradeiro sopro e ordenarei aos meus filhos e aos meus netos que sigam o meu exemplo. Suplico-vos, Majestade, concedei-me o vosso perdão!”

O imperador encheu-se de alegria ao ver com que facilidade se havia reconciliado com um antigo inimigo. Não apenas o perdoou, mas prometeu também restituir-lhe todos os seus bens e enviar o seu próprio médico e os seus servidores para se ocuparem dele até se curar completamente. Após ter dado ordem à sua escolta de reconduzir o homem a sua casa, o imperador regressou para se encontrar com o eremita. Antes de regressar ao seu palácio, o soberano desejava, por uma última vez, fazer as três perguntas ao velho homem. Encontrou o eremita a semear os grãos nas leiras cavadas na véspera. O velho homem levantou-se e olhou-o. “Mas já tendes a resposta a essas perguntas”.
“Como assim?”, disse o imperador intrigado.
“Ontem, se não tivésseis tido piedade da minha velhice e não me tivésseis ajudado a cavar a terra, teríeis sido atacado por este homem quando regressásseis. Teríeis então lamentado profundamente não terdes ficado comigo. Por consequência, o momento mais importante foi o tempo passado a cavar o jardim, a pessoa mais importante fui eu e a coisa mais importante foi ajudares-me. Mais tarde, depois da chegada do homem ferido, o momento mais importante foi aquele que passastes a tratar da ferida, porque se o não tivésseis feito, ele teria morrido e vós teríeis desperdiçado a ocasião de vos reconciliar com um inimigo. Do mesmo modo, ele foi a pessoa mais importante, e cuidar da ferida foi a tarefa mais importante. Lembrai-vos que não existe senão um único momento importante, que é agora.

Este instante presente é o único momento sobre o qual podemos exercer o nosso magistério. A pessoa mais importante é sempre a pessoa com a qual se está, aquela que está diante de vós, porque quem sabe se vireis a estar ocupado com uma outra no futuro? A tarefa mais importante é fazer feliz a pessoa que está ao vosso lado, porque a procura da vida é apenas isso.”

Tradução de José Eduardo Reis

Publicado no blog E-Sangha

domingo, 16 de agosto de 2009

O Samurai e o Mestre Zen



Certo dia um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen.
Embora fosse muito famoso, belo e habilidoso, ao olhar o Mestre, o Samurai sentiu-se repentinamente inferior.

Ele então disse ao Mestre:- "Por que estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por que estou me sentindo assustado agora?"

O Mestre falou:- "Espere. Quando todos tiverem partido, responderei."Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o Samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar.

Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o Samurai perguntou novamente:

- "Agora o senhor pode me responder por que me sinto inferior?"O Mestre o levou para fora. Era uma noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte.
Ele disse:- "Olhe para estas duas árvores: a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior: 'Por que me sinto inferior diante de você?' Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso."

O Samurai então argumentou:- "Isto se dá porque elas não podem se comparar."

E o Mestre replicou:- "Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer Buda, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer."Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade orgânica: ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Ser é Interser


Ser é Interser, na bonita caligrafia do Thây -- se você praticar, fica fácil de entender, como nos diz o mestre em seu lindo poema Interrelacionamento:

Você é eu, e eu sou você.
Não é óbvio que nós "intersomos"?
Você cultiva a flor em você mesmo
para que eu seja belo.
Eu transformo o lixo que há em mim
para que você não tenha de sofrer.

Eu apóio você,
você me apóia.
Estou neste mundo para oferecer-te paz;
você está neste mundo para trazer-me alegria.

Extraído do blog "Compartilhando Plum Village"

domingo, 9 de agosto de 2009

PARA DESCANSAR A ALMA


Arranje um cantinho sossegado e uma almofada gostosa. Acenda um incenso de sândalo.
Sente-se com as costas bem retas.
Coloque as mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima e balance o corpo lentamente da esquerda para a direita, de movimentos maiores a movimentos menores, como um pêndulo, até encontrar o centro de equilíbrio do corpo.
Pare aí.
Inspire profundamente e solte o ar lenta e completamente pela boca. Relaxe os ombros.
Inspire novamente e solte o ar pela boca. Então cerre os lábios, coloque a ponta da língua no céu da boca e respire pelas narinas. Mantenha os olhos entreabertos, apenas pousados a sua frente.
Ouça todos os sons.
Sinta todas as fragrâncias.
Perceba o ar, a temperatura em sua pele.
Você está pensando? Ou não está pensando?
Verifique sua postura. Costas eretas. Cabeça como se um fio puxasse para o céu. Pernas firmes pela força da gravidade.
Não julgue. Nem certo nem errado, nem bonito nem feio.
Seja. Apenas sentar.

Intersendo com tudo que existe.

Que bom estar viva.
Este instante aqui e agora é o céu e a terra.
Isso é tudo. Tudo é nada.

Monja Coen Sensei.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A vida do mestre Zen Dogen Zenji em filme


Assista o trailer com legendas em português!

Sinopse: Baseado na vida do mestre Dogen Zenji (19 de Janeiro de 1200 – 22 de Setembro de 1253), um professor japonês de Zen Budista, fundador da escola Zen Soto e importante filósofo.

Abrir mão de tudo, rendendo-se ao fluxo da natureza e somente sentando-se em meditação. Isto é a essência do Budismo Zen de Dogen. No 13º século, Dogen, um jovem monge japonês viajou à China, determinado a encontrar seu verdadeiro mestre. Lá ele encontrou um monge que lhe ensinou que a meditação Zen é o verdadeiro e único caminho à iluminação. Voltando, esclarecido, ao Japão, Dogen arriscou a sua vida para divulgar o Budismo Zen, inspirando milhões de budistas que praticam ao redor do mundo até hoje.

Acabo de assistir este filme sério sobre a vida do mestre Dogen Zenji. (após um trabalho minucioso de tradução das legendas do inglês para o português). Devo dizer que estou profundamente tocado, não obstante o fato de estar seguindo essa linhagem, mas porque muitas passagens do filme são tão cativantes, que deixaram meu coração cheio de emoção, alegria e tristeza ao mesmo tempo. As últimas cenas são muito tocantes mesmo. Creio que a busca da verdade, serenidade e felicidade podem assumir diferentes percursos. Mas o que este filme revela, é o eterno poder de que um homem pode alcançar e do que deve renunciar. Recomendo vivamente este filme para quem estiver interessado em alguns conceitos do Zen que foram tão bem encaminhados.


Baixe a trilha sonora, aqui!   (senha: semprezen)

Solicite uma cópia deste DVD pelo e-mail:  michel.seikan@gmail.com

domingo, 2 de agosto de 2009

Partilhe uma refeição em silêncio


Você vai se surpreender ao descobrir como se torna mais intenso o sabor da comida e como o sons são mais nítidos quando se escolhe partilhar uma refeição em silêncio. Numa reação automática, você vai come mais devagar, saboreando verdadeiramente os alimentos, sentindo sua textura, aspirando seu aroma, ouvindo novos sons que a conversa em geral encobre.

A ausência de comunicação verbal obriga você a usar diferentes circuitos associativos para “fala” e decifrar o que está sendo “dito”.

Extraído do livro “Mantenha o Seu Cérebro Vivo” de Lawrence C. Katz.

Experienciamos isto nos sesshins (retiros), praticando as refeições em plena atenção, em silêncio (quase) absoluto. É mágico!