domingo, 31 de outubro de 2010

Somos livres para escolher, mas prisioneiros das consequências


Você só precisa ter forças para derrubar 1 dominó nos próximos 30 segundos. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Porque quando o primeiro dominó é derrubado, ele se encarrega de derrubar o segundo, que se encarrega de derrubar o terceiro, que se encarrega de derrubar o quarto, que se encarrega... de criar os resultados da sua vida. E, dentro de algum tempo, as pessoas olharão para você e sua vida e dirão: quanta sorte ele, ou ela tem, como é brilhante, veja suas realizações, deve haver algo de especial nessa pessoa.

Aqueles que te observam dirão isso de você, ou de seu departamento, ou de sua empresa, ou de sua família, ou de seu casamento (idealmente, de todas essas áreas), mas você sabe que tudo o que fez foi derrubar meia dúzia de dominós certos. Foram os dominós que fizeram o trabalho para você.

Basta escolher um dominó, uma decisão, por dia e as estatísticas começam a trabalhar para você. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Você decide começar a fumar. Uma decisão. Um dominó. Os dominós começam a derrubar outros e você já tem sua vida reduzida em 10 anos, suas chances de ter uma morte dolorosa disparam, você repelirá potenciais amores, seus dentes amarelarão.... e cada uma dessas ações provocará outras mudanças na vida. Claro que estou me prendendo aos números médios, não aos dominós imprevisíveis que sempre existem. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Você decide ler um livro sobre um assunto qualquer. Aqueles conhecimentos são vários dominós, que irão influenciar suas posições e decisões por muitos anos, que por sua vez derrubarão outros dominós... tornando você uma pessoa completamente diferente.

Você vai a uma palestra, troca um cartão, e isso pode influenciar a próxima década de vida. Você decide convidar seu filho para uma exposição, e a vida dele pode mudar para sempre. No momento em que você decidiu ler este texto, você derrubou um dominó. Cada edição que você lê, pode derrubar outros dominós, mas seu dominó mais importante foi a primeira decisão. Convidar outra pessoa, para ler este texto, é derrubar um dominó para ela. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Todas as pequenas decisões que você toma são dominós. Mesmo que imperceptíveis, no momento em que são tomadas, tais decisões ganham força imperiosa com o passar dos anos. Sem mágica, somente com matemática.

Por isso, empresas praticamente iguais em certo momento, se tornam diferentes no curso do tempo. Algumas falindo, outras crescendo. Por isso, pessoas praticamente iguais, quando crianças, se tornam adultos radicalmente diferentes. Por isso a vida das pessoas têm uma biografia tão variada. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Assistir um programa de televisão é derrubar um dominó. Não assistir, também é. Assinar uma revista é derrubar um dominó. Cancelar uma assinatura também é. Namorar, ou casar, com uma pessoa é derrubar um dominó. Não namorar, ou casar com ela, também é. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Torrar seu dinheiro em jogo, é um dominó. Resolver não gastá-lo assim, e pagar um curso, também é. Votar em um candidato é um dominó. Não votar nele, ou nela, também é um dominó.

Você não pode decidir o final de sua vida, mas pode decidir o começo. E o começo, não importa sua idade, é hoje, agora... nos próximos 30 segundos. Escolha seu próximo dominó agora, e derrube-o.

Aldo Novak

Filme Vitus (Suiça 2006)



Vitus (Fabrizio Borsani) é um menino com dotes muito acima da média, especialmente no que se refere a matemática e a música.Tem extrema habilidade em aprender tudo a que se propõe. Em contrapartida, também possui muitos problemas de relacionamento, porque encontra dificuldades em casa e na escola. Seu pai está sempre ausente porque é viciado em trabalho. Sua mãe (Julika Jenkins) se empenha em desenvolver ao máximo a capacidade de Vitus, se torna obsessiva, nutre expectativas em relação ao futuro promissor do filho, como um pianista de sucesso.

Vitus que tem apenas seis anos e muitas responsabilidades e cobranças. Pratica diária e exaustivamente ao piano. Não tem amigos ou vida social. Ele é refém das expectativas alheias. Seu único consolo é visitar o avô (Bruno Ganz), um homem simples, marceneiro, que tem paixão por aviação e que o trata como uma criança normal. O único alívio de Vitus é passar os finais de semana com esse avô, porque juntos podem sonhar e construir aeroplanos.

Uma rara produção suíça que assiste neste final de semana no cine Paradigma aqui em Floripa, o filme dirigido por Fredi M. Murer, enfatiza a necessidade de tomar-se as rédeas da própria vida e da importância do respeito ao que se é. Um dia, aos doze anos, ele sofre um acidente e perde a consciência. Nessa fase, Vitus é interpretado por Theo Gheorgiu (um prodígio na vida real). Quando volta a si, Vitus se mostra um menino como qualquer outro, sem nenhum traço de genialidade. Aparentemente Vitus não possui mais as qualidades que o diferenciavam dos outros meninos da sua idade, e isso gera na mãe um estado depressivo e melancólico.

O filme é interessante porque faz refletir sobre relações familiares, sonhos, superação e crescimento. É a história de um menino prodígio tentando ser um menino normal. A trilha sonora dispensa comentários, a sequência da orquestra é excepcional e foi gravada durante um concerto. Um bom motivo para o espectador concluir que ninguém pode corresponder as expectativas alheias, já que todos tem seus próprios anseios.

sábado, 30 de outubro de 2010

Paz a cada passo


Trecho do livro "Paz a cada passo"

"Se você for poeta, verá nitidamente uma nuvem nesta folha passeando nesta folha de papel. Sem a nuvem, não há chuva. Sem a chuva, as árvores não crescem. Sem as árvores, não se pode produzir papel. A nuvem é essencial para a existência do papel. Se a nuvem não está aqui, a folha de papel também não está. Portanto, podemos dizer que a nuvem e o papel "intersão". "Interser" é uma palavra que ainda não se encontra no dicionário, mas se combinarmos o radical "inter" com o verbo "ser", teremos um novo verbo: interser".

"Se examinarmos esta folha com maior profundidade, poderemos ver nela o sol. Sem o sol, não há floresta. Na verdade, sem o sol não há vida. Sabemos, assim, que o sol também está na folha de papel. O sol e o papel intersão. E se prosseguirmos em nosso exame, veremos o lenhador que cortou a árvore e a levou à fábrica para ser transformada em papel. E vemos o trigo. Sabemos que o lenhador não pode existir sem seu pão de todo o dia. Portanto, o trigo que se transforma em pão também está nesta folha de papel. O pai e a mãe do lenhador também estão aqui. Quando olhamos dessa forma, veremos que sem todas essas coisas, esta folha de papel não teria condições de existir".

"Por mais fina que esta folha seja, tudo o que há no universo está nela".


FICHA BIBLIOGRÁFICA
Autor: mestre Nhat Hanh, Thich
Paz a cada passo: como manter a mente desperta em seu dia-a-dia
Tradução de Waldéa Barcellos, prefácio de Dalai Lama
Rio de Janeiro, Editora Rocco, 1993
Coleção Arco do Tempo

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Por que meditar?


Diz-se que a meditação pode trazer benefícios físicos e mentais a quem a pratica com regularidade. Segundo estudos médicos, os seus benefícios variam entre o desenvolvimento da capacidade de concentração e de raciocínio a melhorias na atividade do sistema imunológico, a alívio de insônias e problemas relacionados com pressão alta e curas emocionais. Os praticantes Zen não deixam, porém, de contrair doenças, de sofrer, de morrer. A meditação não é um meio para se alcançar a imortalidade física ou para se libertar das leis da natureza.

Somos o que pensamos.
Tudo o que somos provém
dos nossos pensamentos.
Com os pensamentos
Fazemos o mundo.
(do Dhammapada)

Ver as coisas como elas são, incluindo nós mesmos, é o principal motivo que leva os praticantes Zen a meditarem. De um modo geral, não nos damos conta da relação entre os padrões habituais da nossa atividade mental e o sofrimento que eles causam a nós e aos outros. A observação consistente da mente, durante a meditação e ao longo do dia, revela-nos que grande parte do nosso tempo é despendido a correr atrás de certas coisas e circunstâncias e a rejeitar outras. Damo-nos conta que dependemos uma parte considerável do nosso tempo e da nossa energia a reciclar prazeres e agravos do passado, ou ocupados em como podiam ou deviam melhorar as coisas no futuro, comparando constantemente pessoas e coisas, encarando-as segundo categorias dualistas como bem e mal, desejável e indesejável, certo e errado, culpado e inocente, amigo e inimigo, etc.

Ao meditarmos, passamos a ver com maior clareza os nossos preconceitos e apegos, e isto faz com que procuremos aperfeiçoar o nosso caráter. A observação simples, honesta, não verbal, dos nossos processos mentais e emocionais produz de fato uma mudança no modo de como encaramos as situações e as pessoas que encontramos. O efeito final é uma aproximação à vida que se manifesta em atitudes de não rejeição e de não apego, de não distorção da verdade, de obtenção do excesso de satisfação de desejos e de não cedência ao auto-engano. Esta maneira de viver manifesta-se quer num plano pessoal quer num plano social, e decorre mais de uma profunda compreensão interior do que de um ato de vontade. Como consequência, tornamo-nos menos propensos, por exemplo, a tirar proveito egoísta da natureza ou do próximo, a voltar as costas à vida por ingestão de químicos ou de drogas, a fechar os olhos às necessidades dos outros e aos efeitos das nossas vidas no meio ambiente.

Uma prática contínua de plena atenção ao longo de muitos anos pode dar origem a experiências de profunda compreensão interior que transformam a visão que temos de nós mesmos, ao ponto de podermos ver que o eu a que estivemos ligados prazenteiramente ao longo da nossa vida mais não é do que uma miragem auto-construída. É como se descascássemos uma cebola. Os falsos pensamentos são removidos, camada após camada, até deixarmos de ver não só um eu dissimulado e ilusório, mas também um eu desnudado. Aspiras a descobrires o teu eu, mas acabas por descobrir que não há nada a descobrir.

Em termos mais concretos, praticar meditação faz diminuir gradualmente a errância dos teus pensamentos até experimentares um estado de “não-mente”. Perceberás naturalmente que a tua vida no passado foi construída sobre um acumular de noções errôneas e confusas que não são o teu verdadeiro eu. O teu verdadeiro eu é um que é inseparável de todos os outros. A existência objetivo de todos os acontecimentos compreende todas as várias dimensões da existência subjetiva do teu eu. Não tens, portanto, que procurar nada nem desprezar nada. O que está diante de ti em cada momento é o que tens procurado, e não podes nem tens de lhe acrescentar nada para ele ser perfeito. Ao alcançar este estádio, o praticante de meditação torna-se compassivo para com todos os humanos e todos os outros seres. O seu caráter torna-se radioso, aberto, luminoso como a luz da Primavera. Apesar de poder manifestar emoções em prol dos outros, internamente a mente do praticante de meditação está constantemente serena e límpida como a água num lago de Outono. Tal pessoa pode ser considerada neste momento iluminada.

Segundo um ensinamento essencial do Zen, a porta interior está aberta a todos, homens e mulheres, velhos e novos, sábios e ignorantes, fortes e fracos, pessoas de todas as profissões, ofícios e origens, de qualquer religião e crença.
Todas estas palavras, no entanto, apenas falam do Zen, não são em si o Zen. A meditação Zen requer a tua determinação em aprenderes e a tua persistência em praticares. Falar do Zen sem o praticar só faz aumentar o conhecimento inútil e confuso da nossa já confusa mente. Não te é salutar alimentares-te apenas com imagens de comida.

(texto cortesia de Open Way Zen, traduzido por José Eduardo Reis)

Publicado originalmente aqui.

domingo, 24 de outubro de 2010

Ecologia no Budismo


Esta é a prática de enxergar profundamente, de tocar a realidade, e de viver totalmente consciente. Você enxerga e toca todas as coisas como uma experiência e não como uma noção. A noção de o homem ser mais importante que outras espécies é uma noção errada. Buda nos ensinou a ser cuidadosos com o nosso meio-ambiente. Ele sabia que, cuidando das árvores, estamos cuidando dos homens. Precisamos viver nosso dia-a-dia com esse tipo de consciência. Isto não é filosofia. Precisamos desesperadamente de total consciência para que nossos filhos e netos estejam a salvo. A idéia de que o homem pode fazer qualquer coisa que queira às custas dos elementos não-homem é uma noção ignorante.

Respire com profunda consciência de que você é um ser humano. Então expire e toque a Terra, um elemento não-homem, como se ela fosse a sua mãe. Visualize as correntes de água sob a superfície da Terra. Veja os minerais. Veja nossa Mãe Terra, a mãe de todos nós. Então levante seus braços e inspire novamente, tocando as árvores, flores, frutas, pássaros, esquilos, ar e céu – os elementos não-homem. Quando sua cabeça está tocando o ar, o sol, a lua, as galáxias, o cosmo – elementos não-homem que vêm juntos para tornar possível o homem – você vê que todos os elementos estão vindo para você a fim de tornar possível o seu ser.


Thich Nhat Hahn, Cultivando a Mente de Amor, tradução de Odete Lara, Editora Palas Athena, São Paulo, 2000

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Quem é você hoje?


“A maioria de nós não se abre a maior parte do tempo, fingimos que somos pessoas abertas, mas na maioria das vezes estamos representando nosso próprio evento dramático, no qual somos o herói ou a heroína. É isso o que estamos fazendo a maior parte do tempo. Lá ficamos tão cansados que desistimos de fingir. Estamos cansados demais para sustentar o herói que pensamos ser ou o fracasso que pensamos ser, qualquer versão de nós mesmos que tenhamos adotado ― sou um fracasso, não faço o bastante, sou isso... ninguém me entende. Essas versões de nós mesmos não são muito úteis.”

(Leonard Cohen, sobre sua vida em um mosteiro zen)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Medicina começa despertar para meditação



Meditação reduz a ansiedade, o estresse e auxilia na cura de doenças

Pacientes do hospital da Unifesp estão aprendendo a estimular o cérebro através da meditação. Na UnB, uma pesquisa está avaliando os efeitos da meditação no cérebro de pacientes que tiveram câncer.

Fonte: Globo Repórter 08/10/2010

domingo, 10 de outubro de 2010

Um eu eterno e absoluto?


Os budistas rejeitam a noção de um princípio eterno e imutável, e, além disso, argumentam que a concepção do eu como possuindo tais características é um constructo completamente metafísico, uma fabricação mental. Embora todos os seres tenham um senso inato de eu, o conceito de um eu eterno, imutável, unitário e autônomo está presente apenas na mente daqueles que pensaram no assunto. Entretanto, depois de sua própria investigação crítica, os budistas concluíram que o eu pode ser entendido apenas como um fenômeno temporário dependente dos agregados físicos e metais.

Somada à negação do conceito de um eu eterno e absoluto, o budismo também nega o senso ingênuo de um eu como mestre do corpo e da mente. O budismo ainda alega que não se pode encontrar qualquer eu além dos componentes físicos e mentais, isso exclui a possibilidade de um agente independente que os controle. Do ponto de vista budista, a concepção não-budista do eu como um princípio eterno e absoluto reforça o instinto ilusório e equivocado de se acreditar em um eu que controla nosso corpo e mente. Assim, todas as escolas budistas clássicas rejeitam o conceito de um princípio substancialmente real e eterno denominado "eu".

Dalai Lama. A essência do Sutra do Coração.

Extraído daqui.

sábado, 9 de outubro de 2010

Plena atenção


"Como conduzir o caminho para atingir este objetivo? Eis que a tarefa é difícil! As condições de hoje não são tão distanciadas do passado quanto a distância que separa o céu da terra. Como mesmo nos comparar aos mestres do passado? Porém, aplicando-nos sem medir nosso sofrimento, não há razão para não fazer tão bem e melhor que eles. Se isto não lhe parece evidente, é porque você ainda não clareou seu espírito. Seus pensamentos dispersos galopam como um cavalo selvagem e suas emoções pulam como um macaco de galho em galho. Porém, quando esses fogosos e dispersos pensamentos recuam e retornam sobre si mesmos, em apenas um instante, nossa natureza original toma forma e todas as coisas ficam iguais e em harmonia. É desta forma que giramos as coisas no lugar de sermos girados por elas.”

Mestre Dogen

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

"A Roda da Vida como Caminho para a Lucidez"


Lançamento do novo livro do Lama Padma Samten. Capa dura. Ilustrações com as pinturas do Templo Caminho do Meio.

No seu mais recente livro, "A Roda da Vida como Caminho para a Lucidez" (160 pgs., Ed. Peirópolis), Lama Padma Samten oferece aos leitores de língua portuguesa um resumo de alguns dos pontos fundamentais do budismo. Com uma linguagem simples e bem-humorada, acompanhada de imagens ilustrativas, o autor descreve os doze passos da construção do sofrimento humano – representados na imagem da Roda da Vida – , assim como o método para alcançar a lucidez, ou seja, a liberação do sofrimento.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

O zen na ação


"Antes da iluminação, cortar lenha, carregar água. Depois da iluminação; cortar lenha, levar água. Provérbio Zen.

Em meio ao caos do mundo moderno, há uma beleza em simplesmente fazer. É preciso encontrá-la.

Nós somos esbofeteados descontroladamente por e-mails, conversas, notícias, eventos, demandas, que estão acontecendo ao nosso redor a todo tempo. Nossas mentes se tornam um constante bombardeio de pensamentos aprisionados ao passado, preocupações do futuro, as distrações nos puxando em todas as direções.

Mas tudo isso se desfaz quando nos concentramos apenas em fazer.

Não importa, o que a fazer é: sentar, andar, escrever, ler, comer, meditar, pedalar, brincar, etc. Quando conseguimos estar totalmente absorvidos pela ação, nós deixamos cair as nossas preocupações e ansiedades, ciúmes e raiva, luto e distração.

Há algo profundo em que a simplicidade, algo que, em última análise seria com um coração feliz e uma respiração tranquila.

"Ao caminhar, simplesmente caminhe. Quando comer, simplesmente coma. Provérbio zen.

Você está no meio do seu dia hoje, e fica preso na tempestade de pensamentos, sentimentos, reuniões, pendências, frustrações deste dia.

Pause. Pausa. Respire. Deixe tudo isso desaparecer.

Agora mantenha o foco em fazer algo, agora mesmo. Basta escolher uma coisa, e apagar todas as outras distrações. Desligue o computador. Pare de ler este artigo (OK, leia mais um par de frases, em seguida, feche seu navegador!).

Deixe todos os pensamentos sobre qualquer coisa que não estejas fazendo desaparecer. Eles vão virão, mas com cuidado anote-os, e então deixá-los ir. E volte para cá, para este momento do fazer.

Se você estiver lavando um prato, faça-o lentamente, e sinta cada sensação. Se você está comendo uma fruta, sinta o gosto, senta as texturas, seja consciente da sua fome ou da falta dela. Se você estiver escrevendo algo, derrame seu coração, simplesmente sinta.

Não cogite. Apenas faça.

domingo, 3 de outubro de 2010

Encontrando a si mesma



Sinopse
Liz Gilbert (Julia Roberts) tinha tudo o que uma mulher moderna sonha em ter – um marido, uma casa, uma carreira bem-sucedida – ainda sim, como muitas outras pessoas, ela está perdida, infeliz, confusa e em busca do que ela realmente deseja na vida. Recentemente divorciada e num momento decisivo, Gilbert sai da ‘zona de conforto’, arriscando tudo para mudar sua vida, embarcando em uma jornada ao redor do mundo que se transforma em uma busca por si mesma. Em suas viagens, ela descobre o verdadeiro prazer da gastronomia na Itália; o poder da meditação na Índia, e, finalmente e inesperadamente, a paz interior e equilíbrio de um verdadeiro amor em Bali. Baseado no best-seller autobiográfico de Elizabeth Gilbert, Comer, Rezar, Amar prova que existe mais de uma maneira de ver a vida e de viajar pelo mundo.

Comer, Rezar, Amar. Um título realmente apelativo para atrair grande a massa de leitores pelo mundo, já malucos pelo livro de mesmo nome.

No entanto, acredito que um título mais interessante seria Amar, Meditar, Comer, já que após assistir o filme temos a constatação óbvia de que a atriz principal mais pratica meditação sentada em lótus completo do que reza, mesmo que a maioria acredite se tratar da mesma coisa.

É claro que eu não li o livro e é claro que não vou ler. Lógico, você aí já está me criticando por isso. Mas bolas, será que não está na hora de parar com essa onda de best-sellers que parecem novelão da Globo e dar foco pra algo novo?

Veja bem, eu não estou criticando o livro Comer, Rezar, Amar, estou criticando esses “mais vendidos do momento”, essas auto-ajudas, essas coisas que abarrotam as estantes das livrarias e que todo mundo compra por impulso, por causa do título e da capa.

Dêem uma olhada nisso:

Liz é uma escritora que resolve tomar conta da sua vida e fazer um montão de coisas que gosta (viajar, conhecer, sentir e aprender) mesmo tendo de desistir de um casamento com um homem que a amava. Logo de cara, no primeiro capítulo, ela está ajoelhada, no chão do banheiro, no meio da madrugada e aos prantos pedindo uma luz, pois seu desespero é tanto que ela não consegue ver uma saída. É nesse momento que ela começa a rezar, espontaneamente, e o livro começa.

Isso não lembra uma novela? Um filme? É claro que lembra. É um clichê puro.

Mas o maior mérito do longa (e que longa, 2 horas e meia) é não ser direcionado apenas para as mulheres, ou melhor, para esse tipo de mulher que, após conseguir a independência, voltou-se para a casa e, mesmo assim, não consegue encontrar a felicidade. Ele mostra que esse comportamento, essa busca quase insana por algo exterior – trabalho, casamento, filhos, etc. – é inócua. “Comer, rezar, amar” é um filme amplo, leve, que vai fazer a alegria delas e, até mesmo, deles. Acredite.