domingo, 28 de março de 2010

Poema


Dispersas-te na vida
e enfeitiças-te nos trilhos tortuosos
dos campos púrpura

Esgueiras-te no caminho
desse que faz sentido,
do que faz vibrar
as moléculas da tua existência

Devolves o gosto na madrugada
atribuis a direcção contrária
ao leme da tua vida

Embriagado pelas experiências,
sucumbes ao inegável,
estado superior do ser,
extremo cardeal dos sinais opostos

Confia na impenetrável muralha da certeza
férteis estados da consciência
produzem na mente espiritual,
um êxtase assolado na fantasia,
assombrado na grandeza de nós
e no que aí jaz
partícula infinitesimal do universo
que vive em consonância com a harmonia,
procura insaciável e perseverantemente,
porque da crença surge a ação
e da ação a evolução imanente

Ressuscita o teu devido eu
embala o cerne rejúbilo da tua mente
Alimenta-a com as emoções
e sentimentos que aceitas
Educa-a com o caminho da natureza
Respeitando-a pelo sol, pela lua e pelas estrelas
Semeia-a nos prados ao vento…

Abraça-a com o peso do mundo
e devolve-a na vida
para nela crescer e manifestar-se
nas sóbrias gotas do orvalho dessa madrugada.

Mestre Dogen Zenji (1200-1250)

sábado, 13 de março de 2010

A vastidão da gota de orvalho


"O esclarecimento é como a lua refletida na água. A lua não se molha nem a água se rompe. Embora a lua seja vasta e intensa, pode refletir-se até mesmo numa poça de tamanho ínfimo. A lua e o céu inteiro estão refletidos nas gotas de orvalho sobre a relva ou até mesmo numa gota de água.

O esclarecimento não vos divide, assim como a lua não rompe a água. Não podeis impedir o esclarecimento, assim como uma gota de água não impede a lua no céu.
A profundidade da gota é a altura da lua. Cada reflexo, não importa sua duração, manifesta a vastidão da gota de orvalho, e percebe quão ilimitado é o luar no céu".

Do livro "A Lua numa gota de orvalho" de Ehei Dogen Zenji.

quarta-feira, 10 de março de 2010

ZENDÔ


ZENDÔ é uma palavra japonesa que faz referência ao local onde se pratica o Zen. O Zendô pode ser um espaço amplo em um centro de prática ou simplesmente um pequeno espaço de sua casa para onde você se retira e pratica o seu Zazen diário (meditação sentada). Faça do seu Zendô um local iluminado, um templo que se ilumina sempre que você lá entra, sempre que você dedica momentos da sua vida, à lapidação do seu diamante interior. Com a prática do Zazen, estenda o seu Zendô a toda sua casa, depois, a todo o prédio onde vive, a todo o seu bairro, até conseguir fazer do Planeta Terra. Talvez um dia, consiga fazer todo o Universo, o seu Zendô.

Gasshô!

domingo, 7 de março de 2010

Por que praticar?


Um dia, enquanto estávamos sentados em um telhado aberto de vihara, o mestre Munindraji perguntou a cada um de nós: “Por que querem praticar?” Para mim a aspiração era clara: “Para a libertação.” Então ele disse algo que cristalizou a minha decisão de ficar e praticar enquanto pudesse: “Se querem compreender a vossa mente, sentem-se e observem-na.” Foi este ponto de vista claro, sensato e não dogmático que me inspirou. Não havia nada para aprender, não havia rituais a observar, não havia crenças a seguir. Os mistérios da mente revelar-se-iam por si mesmos simplesmente através do poder da minha crescente atenção consciente.

Joseph Goldstein

sexta-feira, 5 de março de 2010

SATORI


SATORI é uma palavra japonesa que faz referência ao momento em que o praticante Zen consegue atingir o estado desperto da mente através da prática do Zazen, através de Koans ou de outra prática, sendo sempre uma experiência única e individual. Uma vez atingido o Satori, consegue-se entender também a essência do Zen, a qual, passa a ser praticado 24 horas por dia, o próprio Ser passa a ser Zen e o Zen integra-se ao Ser. É um acontecimento que da sentido a palavra latina “religare” (que significa religar aquilo que está afastado): o microcosmos (o Ser Humano) religa-se ao macrocosmos (o Universo).

segunda-feira, 1 de março de 2010

KOAN


KOAN é uma palavra japonesa que faz referência ao enigma que o Mestre Zen dá ao seu discípulo para o levar à descoberta da verdade transcendental que está além das palavras e das conceitualizações mentais. O Koan é geralmente um paradoxo, que o discípulo tem de resolver; pode ser do tipo: “Qual é o som de uma mão a bater palmas?” ou, por exemplo: “Qual era a tua natureza original, antes dos teus pais terem nascido?” Ao longo de vários séculos, o Zen no Japão, desenvolveu centenas de Koans; para o seu momento de meditação, escolho o seguinte Koan: «Qual é o som do silêncio?»