segunda-feira, 15 de agosto de 2011

"A árvore existencialista da vida" de Malick



Em 'A Árvore da Vida' o diretor Terrence Malick nunca esconde suas altas ambições com a interrogação cósmica sobre a origem do universo e o sentido da vida, e é justamente aqui que seus conhecimentos e reflexões como filósofo de formação ficam mais evidentes.

A narrativa do filme, em boa parte, é uma viagem às memórias de Jack (Sean Penn), que visitam particularmente a infância passada no Texas, até a época em que seu irmão do meio morre na guerra do Vietnã.

E é justamente a morte do irmão que assombra Jack, e é um dos motores a levá-lo a uma indagação maior sobre o sentido da vida e a existência de Deus, no mundo impregnado de cristianismo em que ele cresceu.

Mas, dentro de seu coração, lutam os dois caminhos que o filme aponta desde o começo: o caminho da graça (encarnado pela mãe) e o da natureza (simbolizado pelo pai).

Este microcosmo representado por esta família, que é um protótipo da América dos anos 50, vista como um modelo de família de qualquer parte do mundo ocidental, e que é inserido no macrocosmo do mundo natural.

Após a exibição em Cannes, tentou-se classificar a produção como uma espécie de filme-espírita ou religioso, mas acho que só vê por este caminho quem de fato não compreendeu bem a intenção do diretor, já que não há defesa de dogmas, sejam eles católicos, evangélicos ou espíritas, há um ciclo de vida não só de uma família, mas também de um planeta.

O filme não segue uma estrutura linear ou didática, exigindo atenção e reflexão do espectador. Assim, traçar uma sinopse da história seria de um reducionismo imenso, cabendo ao espectador assistir à produção e tirar suas próprias conclusões.

As imagens vão fazendo sentido dentro daquilo a que a história se propõe, reavaliar a trajetória de um homem qualquer, por suas perguntas sobre si mesmo e sobre a vida.

Como disse o lendário cineasta Ingmar Bergman, muitos diretores ignoram o poder e a profundidade que uma expressão ou um gesto provoca no cinema. Estamos acostumados ao óbvio discurso de filmes mainstream, que tentam se explicar a cada frase.

A Árvore da Vida' é um filme belo, intenso, contemplativo e raro, pelo arco que se dispõe a atravessar, pelas camadas de sentido que suas imagens quase hipnóticas conseguem desdobrar a cada visão.

É tão belo que a tela do cinema ficou pequena demais.

domingo, 7 de agosto de 2011

Qual o seu verdadeiro EU?


"Assim que o sol da consciência brilha, naquele mesmo momento uma grande mudança acontece. A meditação deixa o sol da consciência levantar facilmente, assim podemos ver mais claramente. Quando meditamos, parecemos ter dois egos. Um é o rio corrente de pensamentos e sentimentos, e o outro é o sol da consciência que brilha neles. Qual deles é nosso eu? Qual é o verdadeiro? Qual é o falso? Qual é bom? Qual é ruim? Por favor tranqüilize-se, meu amigo. Abaixe sua espada afiada de pensamento conceitual. Não tenha pressa de cortar seu "eu" em dois. Ambos são eu. Nenhum é verdadeiro. Nenhum é falso. Eles são ambos verdadeiros e ambos falsos."

Thich Nhat Hanh