quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Certa vez perguntaram ao Dalai Lama

O que mais o surpreende na humanidade? E ele respondeu: -"Os homens que perdem a saúde para juntar dinheiro e depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. Por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem o presente, de tal forma que acabam por nem viver no presente nem no futuro. Vivem como se nunca fossem morrer e morrem como se nunca tivessem vivido . . ."

Dalai Lama.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mérito das ações

Esse diálogo é, provavelmente, o mais famoso da filosofia zen. Bodhidharma encontrou o imperador da dinastia Liang, um devoto budista renomado por sua piedade e caridade, bastante envolvido em patrocinar monastérios e orfanatos.

Wu disse: "Tenho patrocinado templos e autorizado ordenações -- qual é meu mérito?". A resposta de Bodhidharma foi radical: "Absolutamente nenhum mérito".

Wu vinha fazendo o bem para poder acumular mérito. Bodhidharma cortou as idéias de Wu sobre mérito com o coração de seu ensinamento, o de que a prática não é separada de você: quando sua mente é pura, você vive em um universo puro; quando você é capturado por idéias de ganho e perda, vive em um mundo de ilusões.

Jisho Cary Warner, em "Tricycle: The Buddhist Review, Vol. III".

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

A dança das abelhas

Somos aquilo que sentimos e percebemos. Se estamos zangados, somos a raiva. Se estamos apaixonados, somos o amor. Se contemplamos um pico nevado, somos a montanha. Ao assistir a um programa de televisão de baixa qualidade, somos o programa de televisão. Enquanto sonhamos, somos o sonho. Podemos ser qualquer coisa que quisermos, mesmo sem uma varinha mágica.

Extraído do livro "O sol meu coração" de Thich Nhat Hanh

domingo, 27 de janeiro de 2008

Mente Zen

"Mente Zen" é uma dessas frases enigmáticas que os mestres Zen usam para fazer você se auto-observar, ir além das palavras e começar a refletir. "Eu conheço a minha mente", você se diz, "mas o que é a mente Zen?" E continua: "Mas será que eu realmente conheço a minha mente? É isto que estou fazendo agora? É o que estou fazendo agora? É o que eu estou pensando agora? E se você procurar sentar e ficar fisicamente quieto por algum tempo para ver se descobre o que é sua mente e tentar localizá-la, então já começou a prática do Zen, começou a perceber a mente ilimitada. A inocência deste primeiro questionamento - apenas se perguntar "o que sou eu?" - é mente de principiante.
A Mente de principiante é necessária através de toda a prática Zen. É a mente aberta, é a atitude que inclui tanto a dúvida quanto a possibilidade, a capacidade de ver as coisas sempre de forma nova, em seu frescor original. Ela é necessária em todos os aspectos da vida. Mente de principiante é a prática da mente Zen.

“Na mente do principiante há diversas possibilidades. Na mente do conhecedor há bem poucas.” Mas é de se notar que um veterano, embora não seja um principiante no Caminho, deverá ser um principiante do Caminho, pois, para nele permanecer é condição básica que tenha sempre este espírito de principiante.

Mestre Zen Shunryu Suzuki (1905-1971).

sábado, 26 de janeiro de 2008

O Silêncio dos Índios


Nós os índios conhecemos o silêncio.
Não temos medo dele.
Na verdade para nós ele é mais poderoso
do que as palavras.

Nossos ancestrais foram educados
nas maneiras do silêncio e eles
nos transmitiram essa sabedoria.
"Observaescuta e logo atua" nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.


Observa os animais, para ver como cuidam de seus filhotes.

Observa os anciões, para ver como se comportam..

Observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro com o coração e a mente quietos

e então aprenderás.

Quando tiveres observado o suficiente então poderás atuar.
Com os brancos é o contrário.
Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.
Em suas festas todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões
nas quais todos interrompem a todos
e todos falam cinco dez cem vezes.

E chamam isso de "resolver um problema".

Talvez o silêncio seja duro demais a vocês
porque mostra um lado que não quereis ver.

Quando estão numa habitação e há silêncio ficam nervosos.
Precisam preencher o espaço com sons.
Então falam compulsivamente
mesmo antes de saber o que vão dizer.

Vocês gostam de discutir.
Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.

Para nós isso é muito desrespeitoso
e muito estúpido inclusive.
Se começas a falar eu não vou te interromper.
Te escutarei.
Talvez deixe de escutar
se não gostar do que estás dizendo.
Mas não vou te interromper.

Quando terminares tomarei minha decisão
sobre o que disseste, mas não te direi se não
estou de acordo a menos que seja importante.
Do contrário simplesmente ficarei calado
e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.

Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveríamos pensar nas palavras
como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que
a terra está sempre nos falando e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.

Existem muitas vozes além das nossas.
Muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.
"Não sofremos de falta de comunicação
mas ao contrário sofremos com todas as forças
que nos obrigam a nos exprimir

quando não temos grande coisa a dizer".

(Sabedoria indígena).

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Tal com é

No budismo, a expressão “tal com é”, é usada para designar “a essência ou características particulares de um objeto ou de uma pessoa, sua verdadeira natureza”. Cada pessoa tem a sua natureza. Se quisermos viver em paz e felicidade com alguém, Precisamos ver a natureza. Quando a vemos, compreendemos a pessoa, e não haverá problemas. Poderemos viver juntos, serenos e felizes.

Quando trazemos o gás natural para dentro de casa para calefação e para cozinhar, conhecemos a natureza do gás. Sabemos que o gás é perigoso – ele pode nos matar se não formos cuidadosos. Sabemos também, que precisamos dele para cozinhar, e por isso não hesitamos para trazê-lo para dentro de casa. O mesmo se aplica à eletricidade. Ele poderia nos eletrocutar; mas, se estivermos alerta, ela pode nos ajudar. E não há problemas porque já conhecemos alguma coisa a cerca da natureza da eletricidade. Com uma pessoa, dá-se o mesmo. Se não sabemos o suficiente a cerca da natureza dessa pessoa, podemos ter problemas. No entanto, se a conhecemos, podemos nos dar muito bem e aproveitar a natureza da outra pessoa. Não esperamos que alguém seja sempre uma flor. Temos de compreender seu lixo também.

Extraído do livro: “Paz a Cada Passo”, de Thich Nhat Hanh.
Vietnamita, professor Zen, poeta e advogado da paz.
Foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 1967 por Martin Luther King.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Quem você vai alimentar hoje?

Um velho índio descreveu certa vez um de seus conflitos internos:

"Dentro de mim existem dois tigres, um deles é cruel e mau, o outro é muito bom e dócil. Os dois estão sempre brigando..." Quando então lhe perguntaram qual dos tigres ganharia a briga, o sábio índio parou a refletir e respondeu:

"Aquele que eu alimentar"!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

O universo e o homem

Tudo no universo vem da mesma fonte. Esta fonte, que chamamos de vida, contêm o nosso passado, o presente, e o futuro. Na medida que o homem caminha adiante, ele pode desintegrar ou harmonizar a energia vital. O mal nasce no momento em que passamos a acreditar que é apenas nosso aquilo que pertence a todos; isso provoca soberba ignorância, desejos inúteis, e raiva. Mas aquele que não é possuído pelas coisas, excessivamente apegado ao material, termina sendo dono de tudo.

Postado por Paulo Coelho.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

O perigo da automatização pessoal

Todos nós sabemos que, dentro do avião, existe um mecanismo chamado piloto automático. Quando o aparelho atinge determinada altura, o comandante liga o mecanismo, que passa a dirigir todos os controles de bordo.

Na vida dos adultos também existe isto: como nossas atividades vão ficando cada vez mais complexas, existe um momento em que precisamos deixar parte das tarefas para o piloto automático.

Acontece que este piloto automático, que havíamos criado para cuidar de coisas aborrecidas, ganha vida própria, e começa a interceptar tudo que chega até nós. Seu radar está ligado, e ele sempre move nosso avião para longe de coisas que não conhece. Por causa dele, perdemos por completo o sentido do inesperado, e da aventura.

E quem perde o sentido da aventura, de certa maneira perde também o sentido da vida.

Postado no blog de Paulo Coelho.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A xícara de chá


Um professor de filosofia da universidade foi ter com um encontro com o mestre zen, Nan-In, durante a era Meiji (1868-1912), que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.

O Mestre ouviu-o em silêncio e depois disse: "Pareces cansado, viestes de um lugar longínquo. Deixa-me primeiro servir-te uma xícara de chá".

O Mestre fez o chá. E o professor, fervilhando de perguntas esperou.

Quando o Mestre serviu o chá, encheu a xícara do seu visitante e continuou a enchê-la. A xícara transbordou e o chá começou a cair do pires até que o seu visitante gritou: "Pára. Não vês que o pires está cheio?"

"É exatamente assim que te encontras", disse o mestre. "A tua mente está tão cheia de perguntas, opiniões e de conceitos que mesmo que eu responda, não tens nenhum espaço para a resposta. Sai, esvazia tua xícara e depois volta".

Conto Zen.

Este pequeno conto nos convida a refletir sobre nossa própria "xícara de chá".

domingo, 20 de janeiro de 2008

Filme: A Fonte da Vida


Fonte da Vida é daqueles filmes que desafiam nossa maneira "enquadrada" de vermos tudo. Não é de fácil digestão e é bom ser visto em seu dia mais relax, mais aberto, mais disposto. O filme não oferece respostas óbvias e não há explicações 100% certeiras. A História, em três tempos, fala da morte e do amor através de subjetividades. Não é fácil, mas é uma viagem pra lá de interessante se abandonarmos nossas seguras resistências, permitindo-nos um novo olhar. Para quem pensa em manifestação cármica, então passa a ser bem interessante. Nada é por acaso, nossa ação gera uma reação do universo e não temos controle de tudo. Daí que temos que aprender a sermos mais compasivos diante da vida, para assim conseguirmos dela uma bela parceria. O personagem de Hugh Jackman, hora está na Espanha de 1500, hora em nossos tempos, hora no futuro. Mudam os cenários e os contextos, mas a questão abordada é a mesma: o apego ao que amamos, o medo da indefinição do pós-morte, a angustia de sermos sozinhos e o aprendizado que absolutamente tudo é transitório, e que a passagem ou transição desta vida para morte precisa ser encarada não como um fim, mas como um recomeço. A transformação do ciclo cármico. A grande conclusão que talvez o protagonista chegue é de que se deve deixar-se levar pelo 'fluxo de existência'...

O tema é conceitualmente denso e ao mesmo tempo emocionalmente rico. Da mesma forma que 2001 – Uma odisséia no espaço (1968), do lendário cineasta Stanley Kubrick, provoca uma reflexão sobre a vida, a morte e a existência, A Fonte da Vida trilha um caminho parecido. Mas o combustível de Aronofsky é o amor. Ousado, coerente, e ao mesmo tempo inteligente.

sábado, 19 de janeiro de 2008

A maioria dos homens não vive

[...] A maioria dos homens não vive. Movimenta-se apenas. Choca-se ao sabor dos acontecimentos. Nas “Reflexões de um espectador culpado” afirma:

“A sociedade massificada se compõe em realidade de indivíduos que, se entregues a si mesmos, sabem que são zero, e que ajuntados uns aos outros numa multidão de zeros, têm a impressão de adquirir realidade e poder.”

A triste realidade é que poucos sentem o Absoluto, Deus, ou o nome que queiram dar. A existência humana transformou-se numa simples rotina na qual os acontecimentos nos impelem a pensar e agir mecanicamente. O diálogo transformou-se em zumbido de máquinas cada qual girando no seu eixo – o “EU”, engrenado a outras máquinas visando o quê? Agitação. Futilidade. Mediocridade. Imbecilização em massa. Docilidade para que poucos tirem proveito de muitos. Thomas Merton era um crítico mordaz da Civilização de desperdício que cultuamos como um moderno Deus. Assim pensava sobre os padrões de vida norte-americanos:

“Desperdiçamos nossos recursos naturais, bem como os dos países subdesenvolvidos, ferro, óleo, etc., de maneira a encher as cidades e estradas com um tráfego congestionado que é, na realidade, em larga escala, inútil e um sintoma da agitação inoperante e fútil da nossa mente”.

Trecho extraído do livro ZEN e as Aves de Rapina de Thomas Merton.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Tudo depende só de mim

"Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função é escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício.

Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido.

Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer por ter um teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.”

Charles Chaplin.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

O Vazio da Existência

As cenas de nossa vida são como imagens em um mosaico tosco; vistas de perto, não produzem efeitos – devem ser vistas à distância para ser possível discernir sua beleza. Assim, conquistar algo que desejamos significa descobrir quão vazio e inútil este algo é; estamos sempre vivendo na expectativa de coisas melhores, enquanto, ao mesmo tempo, comumente nos arrependemos e desejamos aquilo que pertence ao passado. Aceitamos o presente como algo que é apenas temporário e o consideramos como um meio para atingir nosso objetivo. Deste modo, se olharem para trás no fim de suas vidas, a maior parte das pessoas perceberá que viveram-nas ad interim [provisoriamente]: ficarão surpresas ao descobrir que aquilo que deixaram passar despercebido e sem proveito era precisamente sua vida – isto é, a vida na expectativa da qual passaram todo o seu tempo. Então se pode dizer que o homem, via de regra, é enganado pela esperança até dançar nos braços da morte!

Novamente, há a insaciabilidade de cada vontade individual; toda vez que é satisfeita um novo desejo é engendrado, e não há fim para seus desejos eternamente insaciáveis.

A presente tradução de O Vazio da Existência de Arthur Schopenhauer teve como fonte Essays of Schopenhauer; translation of selections from Parerga und Paralipomena por Rudolf Dircks.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Onde está o guarda-chuva?

Ao cabo de dez anos de aprendizagem, Zenno achava que já podia ser elevado à categoria de mestre zen. Em um dia chuvoso, foi visitar o famoso professor Nan-in.

Ao entrar na casa de Nan-in, este perguntou:

- Você deixou o seu guarda-chuva e os seus sapatos do lado de fora?

- Evidente - respondeu Zenno. - É o que manda a boa educação. Eu agiria assim em qualquer lugar.

- Então me diga: você colocou o guarda-chuva do lado direito ou do lado esquerdo dos seus sapatos?

- Não tenho a menor idéia, mestre.

- O zen budismo é a arte da consciência total do que fazemos - disse Nan-in. - A falta de atenção nos pequenos detalhes pode destruir por completo a vida de um homem. Um pai que sai correndo de casa, nunca pode esquecer um punhal ao alcance do seu filho pequeno. Um samurai que não olha todos os dias a sua espada, terminará encontrando-a enferrujada quando mais precisar dela. Um jovem que esquece de dar flores a sua amada, vai acabar por perde-la.

E Zenno compreendeu que, embora conhecesse bem as técnicas zen do mundo espiritual, havia se esquecido de aplica-las no mundo dos homens.

Conto ZEN.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A FÍSICA QUÂNTICA E A IMPORTÂNCIA DO OBSERVADOR

A física quântica talvez tenha introduzido justamente o ponto da recuperação do papel do observador, a importância do observador...

Essa é uma observação que nos faz abandonar a pergunta: qual é a realidade verdadeira? Existem realidades para cada um. É necessário que consigamos lidar com a pessoa na realidade em que ela sente que está.

É uma questão de linguagem, esses são fenômenos naturais, em vez de pensarmos que nós possuímos vidas e mortes... vidas e mortes... há uma consciência que "atravessa" a aparência da vida e da morte!

Consideramos tudo isso muito sólido. Mas a vida arromba essas prisões... porque essas prisões não são verdadeiras... então o que é verdadeiro? O fato de que nós somos seres livres.

A espiritualidade na visão budista é a ciência do "ou não", ou seja, nós estamos completamente presos, sem saída, sem solução... "OU NÃO"! Porque não há efetivamente uma rigidez no mundo onde aparentemente vivemos... essa é a razão pela qual a espiritualidade é fundamental. O MUNDO É ESPIRITUAL!

Lama Padma Samten (Físico, budista).

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos

A alegria e a realização nos mantém saudáveis e prolongam a vida. A recordação de uma situação estressante, que não passa de um fio de pensamento, libera o mesmo fluxo de hormônios destrutivos que o estresse propriamente dito!

Suas células estão constantemente processando as experiências e metabolizando-as de acordo com seus pontos de vista pessoais. Não se pode simplesmente captar dados brutos e carimbá-los com um julgamento. Você se transforma na interpretação quando a internaliza.

Shakespeare não estava sendo metafórico quando Próspero disse: "Nós somos feitos da mesma matéria dos sonhos. Você quer saber como está seu corpo hoje? Lembre de seus pensamentos de ontem. Quer saber como estará seu corpo amanhã? Olhe seus pensamentos hoje!" Ou você abre seu coração, ou algum cardiologista o fará por você!

Deepak Chopra.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Torne-se um lago

O velho Mestre pediu a um jovem triste que colocasse uma mão cheia de sal em um copo d’água e bebesse.
– Qual é o gosto? – perguntou o Mestre.
– Ruim – disse o aprendiz.
O Mestre sorriu e pediu ao jovem que pegasse outra mão cheia de sal e levasse a um lago.
Os dois caminharam em silêncio e o jovem jogou o sal no lago, então o velho disse:
– Beba um pouco dessa água.
Enquanto a água escorria do queixo do jovem, o Mestre perguntou:
– Qual é o gosto?
– Bom! – disse o rapaz.
– Você sente o gosto do sal? – Perguntou o Mestre.
– Não – disse o jovem.
O Mestre então sentou ao lado do jovem, pegou sua mão e disse:
– A dor na vida de uma pessoa é inevitável. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Então, quando você sofrer, a única coisa que você deve fazer é aumentar a percepção das coisas boas que você tem na vida.
Deixe de ser um copo. Torne-se um lago.

Fonte: Para ser Zen

sábado, 12 de janeiro de 2008

A COMPLICADA ARTE DE VER

Ela entrou, deitou-se no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - é uma alegria!
Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementales", de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".

Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.
William Blake sabia disso e afirmou: "A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê". Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: "Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra".
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.

"Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios", escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser
aprendido.

Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada "satori", a abertura do "terceiro olho". Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: "Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram".
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, "seus olhos se abriram".

Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em "Operário em Construção": "De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção".
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas - e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam... Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.

Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: "A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas".

Por isso - porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar "olhos vagabundos"...

Rubem Alves – Educador e escritor.

Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, publicado em 26/10/2004.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

A realidade segundo Kant

Kant é quem vai dizer no seu livro "Crítica da Razão Pura" que o homem não consegue perceber a realidade, quando o homem observa um fenômeno ele o observa de sua ótica, de tal forma, o fenômeno existe além da percepção humana, contudo para o homem, ele só irá existir da forma com a qual ele o percebeu. Então qualquer conhecimento (seja ele empírico ou não) é produção do homem e não um fenômeno extra-humano, onde o seriamos apenas observadores e catalogadores do que observarmos. Ex.: Um daltônico a observar uma cor ele a verá de uma forma diferente de outro que não possui esta peculiaridade, isso quer dizer o que, que o sinal é vermelho ou é azul? Nem é vermelho nem é azul, a "verdade", a "realidade" será diferente para ambos, e ao mesmo tempo certa para os dois. A realidade como a conhecemos existe apenas na mente do homem.

Immanuel Kant - do livro "Crítica da Razão Pura".

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

O Céu e os Dragões

As tempestades são como dragões poderosos. Os raios no céu são a aparência dos dragões. No entanto, não importa o tamanho e o poder do dragão, o céu é paciente. O céu surge antes dos dragões e segue depois deles.

Todos os dragões têm início, meio e fim. Todos eles são impermanentes. A serenidade do céu aguarda a manifestação completa do dragão e, no fim, o dragão perde a sua força e se vai. O céu é infinitamente mais poderoso do que todos os dragões juntos e é ele que permite seus surgimentos. É espantoso como o silêncio preexiste e sucede a todos os dragões.

Quando vemos alguém furioso, nos sentimos amedrontados. No entanto, essa pessoa não vai fazer mais do que alguns gestos. Por pior que seja a sua expressão, por pior que seja os sons que ela emita, eles simplesmente entram no nosso ouvido, e nós produzimos os significados diversos. Nós nunca veremos mais do que vibração sonora, ondas de pressão no ar. Somos nós que atribuímos os significados.

Lama Padma Samten (Físico, budista).

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Crise e oportunidade

Sempre é possível descobrir caminhos para a vitória mesmo que eles estejam escondidos em momentos desfavoráveis. Isso é o que diz a milenar sabedoria chinesa, em que crise e oportunidade se complementam na mesma palavra.

Assim como o diamante está contido na pedra bruta, em certos momentos a vida nos propõe superar obstáculos até encontrar algo precioso. É justamente em momentos de dificuldades, de aperto financeiro e falta de perspectiva que realmente nos estimulamos a simular outras saídas. Às vezes, elas ficam ocultas pela inércia, pela desesperança e até pelo medo. Numa época desfavorável, temos a chance de escolher: ou renascemos da crise ou nos afundamos nela.

O velho ditado diz “Se a vida der a você um limão, faça dele uma limonada”. Mesmo quando não há oferta de trabalho e o saldo bancário se esgota, não adianta ficar justificando a situação apenas com fatores externos, conjunturais ou mesmo a falta de sorte ou ainda o pouco espírito de colaboração dos outros. Nas adversidades encontramos oportunidades e desenvolvemos nossa força interior que é responsável por nossas vitórias. Sem crise, a vida seria como um mar sem ondas.

Momentos difíceis todos nós temos. A vida tem que seguir seu curso, com ou sem problemas. E o verdadeiro problema não é ele sem si, mas a nossa atitude, isto é, como o vemos e (qual o papel do observador, como na física quântica) como reagimos a ele. Assim também é o medo da crise que é pior do que a própria crise.

A vida dá a você aquilo que você deu a ela e aí se incluem também a possibilidade da sorte, porém, mais do que tudo, vai te colocar as pessoas certas no seu caminho. Em outras palavras, exercite a sua rede de relacionamentos, faça muitos amigos ao longo do caminho e isso até parece básico, mas faz a diferença na vida de muitas pessoas que construíram uma história de sucesso.

Para atrair sucesso não se pode superdimensionar os obstáculos. Olhar o momento difícil com outros olhos ajuda muito. Tenha em mente que o desemprego ou a falta de dinheiro são apenas fases na vida. Buscar o aperfeiçoamento é também fundamental.

Precisamos aprender a perder para saber ganhar e acima de tudo, distinguir as duas coisas. E não há nada de mal em ficar dois jogos no banco de reservas, até porque tumultuar nestes momentos é pior. Muitas vezes um estágio é necessário para tomar fôlego e ir em frente. Volta-se um passo atrás para depois saltar dois à frente.

Crise é igual o sucesso onde vemos as coisas no mundo como todas as outras pessoas, mas enxergando de uma maneira diferente. O mesmo rio Jordão banha dois mares, um é o Mar Morto que por excesso de sal e o próprio nome já diz tudo, não tem vida e não há vida e o outro é o mar da Galiléia, cheio de vida marinha. Crise ou oportunidade? Estamos num mundo de escolhas. A forma como “carimbamos” a nós mesmos é a forma como os outros irão nos reconhecer.

Amalia Sina (Autora do livro "Crise & Oportunidade" - Editora Saraiva)

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O presente fica com quem?

Um mestre budista estava meditando com seus discípulos.

Chegou um homem, fazendo gestos para atrapalhar o mestre e seus discípulos.

O mestre não se distraiu.

O homem, então, passou também a falar alto.

O mestre não lhe deu atenção.

O homem passou a insultar o mestre.

O mestre permaneceu impassível.

O homem passou a insultar a família do mestre, ao Buda, a todos.

O mestre permaneceu na calma.

Furioso, o homem chegou mais perto do mestre, na tentativa de agredi-lo com gestos. Chegou até a ameaçá-lo de morte.

O mestre não reagiu.

Finalmente, cuspindo no chão e exausto, o homem foi embora, ainda esbravejando.

Durante todo o tempo, os discípulos assitiram a cena, assustados e temerosos. Finalmente, quando o homem se afastara, exclamaram:

-- Mestre! Este homem interrompeu nossa meditação! Este homem insultou o senhor, insultou seus ancestres, insultou o Buda! Este homem o ameaçou, quase bateu no senhor, e cuspiu no chão a seu lado! E o senhor não fez nada!

O mestre sorriu e perguntou aos discípulos:

-- Quando alguém vem lhe trazer um presente, e você recusa receber o presente, com quem é que o presente fica?

Conto zen.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

MATRIX: THERE'S NO SPOON



O filme Matrix é de uma inteligência única na história do cinema: Conseguiu trazer para o inconsciente coletivo dos ocidentais o que dois mil anos de doutrina orientais não conseguiram. Claro que toda a mensagem está cifrada, e misturada com efeitos especiais e ação. Mas está lá...

Uma cena emblemática do filme é a do garoto budista que segura uma colher, e ela começa a entortar. Neo olha curioso, e o garoto lhe diz: "Não é a colher que entorta, e sim você. Não há colher".

Bem, a colher foi só um exemplo pra causar o efeito "uau" que causou. O verdadeiro sentido destas palavras é que,se você segue o caminho do meio (ações corretas, pensamento correto, enfim, é uma pessoa correta) o mundo pode desabar ao seu redor e você não será afetado. Pode até morrer, mas o seu "eu" não será afetado.

Vamos substituir, no diálogo original,a palavra "colher" por "mundo" e "entortar" por "mudar":

Garoto: Não tente mudar o mundo. Isto é impossível. Ao invés disto tente perceber a verdade.
Neo: Que verdade?
Garoto: Não há mundo.
Neo: Não há mundo?
Garoto: Então você verá que não é o mundo que muda, e sim você mesmo.

Esse conceito não é novo. Há 1.300 anos, no Templo Fa Shin, dois monges discutiam:
- A bandeira está se movendo!
- Não, é o vento que está se movendo!
Como eles não conseguiam chegar a um acordo, Hui-Neng apareceu e disse aos dois:
- É a mente de vocês que está se movendo!

O mundo não nos faz. Nós é que o fazemos.

Buda foi o primeiro a perceber que esse mundo não é real. Ele parece real, pois estamos sintonizados com ele, mas é fácil perceber que há algo além. Como tudo aqui é uma criação mental tão forte que chega a se materializar, pode-se ter controle sobre ela. Por isso que também somos aquilo que pensamos. Como já havia comentado anteriormente, a beleza está em ver que não é a colher que entorta,e sim você mesmo.

Todas as coisas são precedidas pela mente, guiadas e criadas pela mente. Tudo o que somos hoje é resultado do que temos pensado. O que hoje pensamos determina o que seremos amanhã. Nossa vida é criação de nossa mente.
(Buda)

Postado no site Saindo da Matrix.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Einstein e a ilusão de um "EU" separado

“Um ser humano é parte de um todo chamado por nós de “Universo”, é uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experiencia a si mesmo, seus pensamentos e sentimentos, como alguma coisa separada do resto ─ uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma forma de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e à afeição por umas poucas pessoas próximas. Nossa tarefa deve ser a de nos libertarmos dessa prisão, alargando nossos círculos de compaixão para envolver todas as criaturas vivas e o todo da natureza em sua beleza.” Albert Einstein, “Ideas and Opinions” , 1954, citado em “O Livro Tibetano do Viver e do Morrer”, de Sogyal Rinpoche.

Postado no Sansara Blog.

The Last Samurai (O Último Samurai)

Este filme certamente vale rever.

O filme que se passa em 1876, tem o Capitão Nathan Algren como um veterano de guerra que vive enchendo a cara de whisky e andando pelo país contando suas aventuras na guerra, quando é convidado por um companheiro de armas a se dirigir para o país do sol nascente (Japão) onde irá ensinar a um exército de voluntários a arte da guerra, para lutar contra Katsumoto, um samurai revoltado. Os samurais naquela época eram a elite como se fossem os senhores feudais, o imperador encantado com o sistema de vida ocidental e querendo unificar o Japão, aceita o conselho dos seus conselheiros que querem se enriquecer com o novo modo de vida Ocidental e contrata “herói americano” para acabar com os revoltosos.
Como todos sabem as coisas não saem como o esperado e ele é preso, e como um tigre luta pela sua vida, mas é subjugado, capturado e mandado para o local onde os samurais vivem.
A fotografia é primorosa, lembra perfeitamente o Japão de 1876. O filme vale a pena ser visto, pois fala de valores perdidos hoje em dia que só nos lembramos em filmes como este, que tentam renová-los. Valores como Honra, Dignidade, Lealdade e Fidelidade que pouco ou nada é passado hoje em dia. Valores como Amizade, Companheirismo e Amor. Valorização do Momento Presente (Aqui e Agora). Sim as cenas de batalhas são ótimas, o filme é envolvente, mas o que mais impressiona é a auto critica que aprendemos sobre nós e os norte americanos que percebem que seus valores se perderam e que o caminho que trilham poderá, mais cedo ou mais tarde, levá-los inevitavelmente a destruição.

O Último Samurai (The Last Samurai) -EUA/JAPÃO 2003 dirigido pelo cineasta Edward Zwick. A história se passa no Japão, durante o Império Meiji.

Responsabilidade Universal

“Todos os problemas têm que ser tratados de uma forma pragmática, mas também filosófica. Os cientistas operam a partir de paradigmas. No budismo aprendemos a não tomar nada como definitivo (tendências ou paradigmas). Todos os pontos de vista são importantes. Assim também, a visão mais importante da física quântica é a da complementaridade. Não deveríamos seguir o curso de olhar as soluções somente através dos meios técnicos, mas, como diz o Dalai Lama, através de um sentido de responsabilidade universal, considerando cada cultura como uma expressão de inteligência.”

Lama Padma Samten – Físico, Budista.

sábado, 5 de janeiro de 2008

APEGO

O homem sábio não apreende o seu verdadeiro bem nos objetos externos, mas bem usando estes objetos através de uma sabedoria pela qual não se deixa escravizar pelas paixões e pelas coisas externas.

Estoicismo.

O Zen-Budismo convida você a assumir a sua loucura. E transcendê-la.

A língua é o órgão menos adequado para expressar o significado do Zen. A barriga talvez seja mais apropriada. Alguns povos orientais, quando visitados pela primeira vez por um grupo de cientistas dos E.U.A. e sabendo que os norte-americanos pensavam com a cabeça, puseram-se logo a achar que eles eram loucos. E se explicaram: "É que nós, orientais, pensamos com o abdômen". As pessoas na China e no Japão, quando notam que alguém está com algum problema difícil, costumam dizer: "Pergunte à sua barriga, ela sabe a resposta".

Zen não escapa desta regra. Tentar compreender o Zen-Budismo intelectualmente é perder para sempre o seu significado. O intelecto serve a vários propósitos na vida diária, não há dúvida de que se trata de uma coisa utilíssima. Mas não resolve o problema crucial com que todos nós, cedo ou tarde, esbarramos em nossas vidas: o problema da vida e da morte, que diz respeito ao verdadeiro sentido da vida. Quem sou eu? Onde estão meu principio e fim no tempo e no espaço? Onde estava eu antes que meus pais nascerem? Para onde que vou depois que morrer?

Quando enfrentamos esse problema, o intelecto precisa confessar sua incapacidade de lidar com ele. O beco sem saída a que somos conduzidos não pode ser ultrapassado por uma manobra intelectual ou por um artifício da lógica. É necessária a totalidade do nosso ser. E é neste momento que o Zen surge como uma possibilidade, um caminho em direção á resposta do problema.

Portanto, tentar conhecer o Budismo Zen com o objetivo de ampliar nossa cultura geral é uma tolice semelhante a pedir a alguém que beba água em nosso lugar e esperar que a sede passe: o que nos descrevam o gosto de uma fruta ou a temperatura da água. Tudo isso depende da experiência pessoal, direta.

O Zen-Budismo é místico? Essa pergunta é muito freqüente, quando as pessoas ouvem falar do assunto pela primeira vez. O Misticismo é um ponto crucial, que faz com que os ocidentais falhem todas as vezes que tentam compreender a mente oriental. Por que o misticismo desafia a analise lógica, e esta é a característica fundamental do pensamento ocidental. O conceito ocidental de místico está sempre ligado ao fantástico, ao irracional, ao oculto. No oriente, misticismo não se refere a nada que não possa ser trazido para dentro da compreensão intelectual. Portanto, o Zen-Budismo é místico na medida em que o Sol brilha todas as manhãs, a lua surge todas as noites, e as flores deixam seu perfume na manga da nossa camisa, quando as tocamos de perto. Se isso é misticismo, então o Zen-Budismo é profundamente místico.

O Zen-Budismo é um sistema filosófico, intelectual? Não. O Zen-Budismo não é fundado na lógica ou na análise, é o contrário da lógica e do modo dualístico (ex. bom, mau - bonito, feio - vida, morte...) de pensar. Não existem no Zen, livros sagrados, dogmas ou quaisquer fórmulas através das quais se possa chegar ao seu significado. E o que o Zen-Budismo ensina? Nada. O Zen aponta o caminho, o resto é por nossa conta.

Zen é caótico, uma virtual negação de tudo, pelo menos se o virmos com a ótica racionalista da mente ocidental. Mas, por trás desta sucessão de negativas, o Zen-Budismo sustenta algo absolutamente positivo e eternamente afirmativo. Zen-Budismo é um estilo de vida e se propõe, por métodos práticos e diretos, a disciplinar a mente por si mesma, fazendo-a mergulhar em sua própria natureza. É um exercício que consiste em abrir o olho mental dos seus praticantes para que eles despertem do sono profundo da ignorância e vejam de perto a própria razão da existência. Só assim poderão contemplar o grande mistério que é representado diariamente.

O que é mente? É a verdadeira natureza de todos os seres, aquilo que existia antes que nossos pais tivessem nascido e antes do nosso próprio nascimento e que existe agora, imutável e eterna. Quando nascemos ela não é criada, e quando morremos ela não é destruída. Não tem nenhum tipo de distinção, nenhuma conotação de bom ou ruim. Não pode ser comparada a nada, e a chamamos Natureza de Buda. Muitos pensamentos surgem dela, como as ondas do oceano e as imagens num espelho. Quem deseja conhecer a própria mente deve, antes de tudo, olhar a própria fonte da qual surgem os pensamentos. O que é chamado Zazen não é mais do que olhar a natureza da mente. Aquele que conhece a própria mente é um Buda e livra-se para sempre dos sofrimentos que surgem da ignorância.

Este ensaio sobre o Zen-Budismo, com final do jornalista Marco Antônio Lacerda é baseado em 3 Obras sobre o assunto:

Zen Buddhism and Psychoanalysis, Essays in Zen Buddhism e Misticism; Christian and Buddhist, todos de autoria de D.T. Suzuki.

PORQUE MEDITAR

Diz-se que a meditação pode trazer benefícios físicos e mentais a quem a pratica com regularidade. Segundo estudos médicos, os seus benefícios variam entre o desenvolvimento da capacidade de concentração e de raciocínio a melhorias na atividades do sistema imunológico, a alívio de insônias e problemas relacionados com ansiedade. Os praticantes Zen não deixam, porém, de contrair doenças, de sofrer, de morrer. A meditação não é um meio para se alcançar a imortalidade física ou para se libertar das leis da natureza.

Somos o que pensamos. Tudo o que somos provém dos nossos pensamentos. Com os pensamentos fazemos o mundo.

(Dhammapada)

Roda Viva...

Composição: Chico Buarque

Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A roda da saia mulata
Não quer mais rodar não senhor
Não posso fazer serenata
A roda de samba acabou...

A gente toma a iniciativa
Viola na rua a cantar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a viola prá lá...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

O samba, a viola, a roseira
Que um dia a fogueira queimou
Foi tudo ilusão passageira
Que a brisa primeira levou...

No peito a saudade cativa
Faz força pro tempo parar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a saudade prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas rodas do meu coração...

Resolvi postar aqui a letra desta composição do Chico que se mostra mais atual do que nunca... ensinado-nos sobre a IMPERMANÊNCIA...