domingo, 29 de novembro de 2009

Sobre o Tempo e o Agora


"O ser humano não percebe que não se precisa de tempo na vida, porque a vida realmente acontece no momento presente. É equivocada a nossa noção, reforçada pelas religiões e pelos teóricos evolucionistas, de que precisamos de tempo para evoluir e completarmo-nos, para mudar do’ que é' para 'o que deveria ser'. O tempo é certamente necessário no campo do aprendizado, para atingir metas e para ganhar a vida e por tornarmo-nos peritos em alguma profissão. Mas no mundo da psique, seguimos o velho padrão tradicional, e nos tornamos frustrados e miseráveis quando a esperança da plenitude não é alcançada. Tornamos-nos acostumados ao condicionamento de que precisamos de tempo para evoluir para algo diferente do que já somos. No entanto, uma pessoa que se baseie no tempo horizontal como um meio de alcançar a felicidade ou de realizar a Verdade está enganando a si mesma. Não há entendimento no tempo: é agora ou nunca. O que há, é agora. Não existe o "nunca". Ver "o que é" é sempre imediato. A Verdade está além da razão e do cálculo. O observador só pode ser no passado ou no futuro. A natureza e futilidade do tempo horizontal é vista quando o ver é no agora sem "aquele que vê".

Ramesh Balsekar: "The One in the Mirror"

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

INTERSENDO


Arranje um cantinho sossegado e uma almofada gostosa. Acenda um incenso.

Sente-se com as costas bem eretas.

Coloque as mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima e balance o corpo lentamente da esquerda para a direita, de movimentos maiores a movimentos menores, como um pêndulo, até encontrar o centro de equilíbrio do corpo.

Pare aí.

Inspire profundamente e solte o ar lenta e completamente pela boca.

Relaxe os ombros.

Inspire novamente e solte o ar pela boca. Então cerre os lábios, coloque a ponta da língua no céu da boca e respire pelas narinas.

Mantenha os olhos entreabertos, apenas pousados a sua frente.
Ouça todos os sons.

Sinta todas as fragrâncias.

Perceba o ar, a temperatura em sua pele.

Você está pensando? Ou não está pensando?

Verifique sua postura. Costas eretas. Cabeça como se um fio puxasse para o céu. Pernas firmes pela força da gravidade.

Não julgue. Nem certo nem errado, nem bonito nem feio.

Seja. Apenas sente.

Intersendo com tudo que existe.

Que bom estar vivo.

Este instante aqui e agora é o céu e a terra.

Isso é tudo. Tudo é nada.

Monja Coen

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Largar o ponto de apoio


O mestre Zen Hakuin (1689-1769) descreve o último estágio de um Koan:

“Quando o discípulo compreende o Koan, percebe que atingiu o limite de sua tensão mental e é levado a uma pausa”. Assim como um homem pendurado sobre um precipício, ele não sabe absolutamente o que fazer a seguir... Súbito, constata que sua mente e seu corpo foram varridos da existência, junto com o Koan. Isto é conhecido como ‘largar o ponto de apoio’.

Quando despertares do entorpecimento e reconquistares a respiração, é como beber água e saber que ela está fria. Sentirás uma alegria inexprimível.”

Assim, quando o discípulo chega ao ponto final em que absolutamente não pode captar o Koan, chega também à compreensão de que a vida nunca poderá ser entendia em sua essência nem possuída ou paralisada à força. Portanto, ele “se solta”, e esse desprendimento é a aceitação da vida tal como ela é, como algo que não pode ser propriedade de ninguém, que é sempre livre, espontâneo e ilimitado.

domingo, 22 de novembro de 2009

De um estado mental para outro


Estamos sempre tentando levar nossa vida da infelicidade para a felicidade. Ou, poderíamos dizer, desejamos nos mudar de uma vida de lutas para uma vida de alegria. Mas essas coisas não são as mesmas: sair da infelicidade para a felicidade não é o mesmo que sair da luta para a alegria. Algumas terapias buscam levar-nos de um eu infeliz para um eu feliz. A prática zen, porém, (e, talvez, algumas outras disciplinas e terapias) podem ajudar-nos a sair do eu infeliz para o 'não-eu', que é a alegria.

Charlotte Joko Beck
Sempre Zen.

Running Away



Matisyahu é um artista/Reggae judeu azídico de hip-hop. Não sou um grande fã de reggae, mas confesso que o ritmo me parece reconfortante e inspirador. As letras de reggae são frequentemente sobre justiça social, paz, amor, espiritualidade e harmonia. E algumas trazem uma espécie de ‘satori musical’. A música tem uma força poderosa em minha vida e que muitas vezes age como um guia ao longo do caminho do meio entre "alguma coisa e nada”. Esta versão de um clássico de Bob, é entoada aqui com certo ‘lirismo’, como se fosse uma espécie de koan:

"Todo homem acha que seu fardo é mais pesado".

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mais um passo


Há um famoso ditado: "Suba no topo de um mastro de 30 metros, então, dê mais um passo". Qualquer um pode subir num mastro de 30 metros e chegar ao topo. Mas, como alguém pode dar um passo além do topo? Essa é a parte mais intrigante e também a mais importante. Após ter alcançado o topo, não se deveria ficar apegado a ele; não se deveria permanecer lá. Tornamo-nos apegados a idéias e conceitos elevados. Ao invés disso, volte para o chão e viva a vida como sempre. "Mais um passo" não significa um passo para cima, mas um passo para baixo. Venha para baixo e viva a vida iluminada em meio às dificuldades humanas.

Quando subimos num mastro de trinta metros, devemos ser cuidadosos. Sim, podemos fazê-lo por nossos próprios esforços - disciplinando-nos física e mentalmente. Muitas pessoas permanecem no alto, dizendo: "Eu fiz. Consegui!" Mas, a coisa importante é voltar para baixo, para o chão. "Chão" significa nossa vida diária: trabalhar, limpar, cozinhar, cumprir as tarefas. Quando assim compreendemos, então, fazemos tudo isso em nossas vidas diárias - mas não mais como vítimas! Não mais vivemos de um modo casual. Sem apego ao ego, a vida é vivida em seu apogeu. Esquecemos a nós mesmos e colocamos nossas vidas naquilo que estamos fazendo, o que quer que seja. O eu natural flui. Este é o passo além.

Extraído do livro "O Centro Dentro de Nós - O Budismo na Vida Diária" - Sensei Gyomay Kubose (tradução de Ricardo Sasaki).

domingo, 15 de novembro de 2009

Grande dúvida


"Grande dúvida, grande iluminação.
Pequena dúvida, pequena iluminação.
Nenhuma dúvida, nenhuma iluminação."

Expressão Chan (Zen chinês).

sábado, 14 de novembro de 2009

Templo Busshinji - Cinquentenário e Inauguração


Cinquentenário e Inauguração


Programação da cerimônia do cinquentenário do Templo Busshinji e inauguração do Pavilhão Dai Kankaku:

Dia 13 de novembro
10:00 - Cerimônia para Recepcionar o Shumu Socho
- Corte da Faixa de Inauguração e Descerramento da Placa
- Apresentação do novo prédio
11:00 - Cerimônia de Abertura da Imagem do Fundador
11:30 - Cerimônia dos 600 volumes do Sutra Prajna Paramita
12:30 - Banquete no Salão do Pavilhão Dai Kankaku


Dia 14 de Novembro
13:00 - Cerimônia de Abertura do Monumento
13:30 - Palestra
14:30 - Cerimônia Memorial dos Fundadores
15:30 - Cerimônia de Abertura dos Olhos das Imagens Daiguen Shuri Bosatsu e Daruma Soshi
16:30 - Cerimônia Memorial dos Antepassados(Grupo do Japão)
17:30 - Cerimônia do Manto Kuyo (Milhões de Luzes)


Dia 15 de Novembro
08:30 - Cerimônia para Recepcionar o Shumu Socho
09:00 - Cerimônia Memorial dos Monges e Professores falecidos da América do Sul
10:00 - Cerimônia Comemorativa do Cinquentenário do Templo Busshinji
- Entrega do Certificado de Honra ao Mérito de Shumucho para Convidados
11:00 - Cerimônia Memorial para todos os membros
- Entrega do Certificado de Honra ao Mérito do Busshinji para Convidados

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Prática diligente


"Praticar com ordor e diligência, é fazer com que dia e noite as coisas entrem em vosso espírito e que vosso espírito retorne às coisas, sem discriminação, com um espírito igual."

Mestre Dogen.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Eu temo ver o que sou


A prática inteligente sempre lida apenas com uma coisa: o medo na base da existência humana, o medo de que "eu não sou". E é claro que "eu não sou", mas a última coisa que quero saber é isso: eu sou a própria impermanência em uma forma humana em rápida mudança, mas que aparenta solidez. Eu temo ver o que sou: um campo de energia sempre em mutação...

Então a boa prática se refere ao medo. O medo toma a forma de pensamento constante, especulação, análise, fantasia. Com toda essa atividade, criamos uma nuvem-tampa para nos manter seguros em uma prática de faz-de-conta.

A verdadeira prática não é segura; é tudo menos segura. Mas não gostamos disso, então ficamos obcecados em nossos esforços febris para alcançar nossa versão do sonho pessoal. Tal prática obsessiva é também apenas outra nuvem entre nós e a realidade.

A única coisa que importa é ver com uma lanterna impessoal: ver as coisas como elas são. Quando a barreira pessoal cai, por que precisamos chamar isso de alguma coisa? Apenas vivemos nossas vidas. E quando morremos, apenas morremos. Nenhum problema em nenhum lugar.

Charlotte Joko Beck, "Everyday Zen"

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Nada é realmente para sempre


Talvez esse título seja um ponto de reflexão que se possa tirar de "O Curioso Caso de Benjamin Button". Talvez a maior sacada do filme seja, justamente, o fato de ser uma fábula. Por vezes, o cinema se prende ao bom e velho "Baseado em Fatos Reais" e se esquece de contar estórias, apenas pelo simples prazer de contá-las.
Se for pensar em lição de vida, me pego com uma série de pontos que dariam uma discussão e tanto. Falar de idade, de envelhecer, de perda, de amor, ...são assuntos tão sensíveis que me aperta o coração só de pensar a vontade que da de envelhecer ao lado da pessoa que realmente amamos.

O fato é que muita gente tem mania de reclamar de envelhecer, de preferir os tempos passados, e ficar delirando neste tipo de nostalgia de pensar sobre as vantagens e desvantagens do tempo, de achar que era feliz quando era mais jovem, ou que os melhores anos ainda estão por vir, e na verdade acabamos deixando de curtir o hoje, acabamos perdendo o AGORA. E as pessoas que estão HOJE na sua vida, e que amanhã podem não estar mais?

Saber envelhecer com sabedoria, tomar decisões sem esperar "a hora certa" e colher os frutos dessa vida. Não deixe nada para a próxima. Essa é uma questão que cabe ao você de HOJE!

Tanto rejuvenescendo quanto envelhecendo, o tempo e a idade existem para nos mostrar que NADA É PARA SEMPRE!

domingo, 8 de novembro de 2009

Plena percepção consciente dos sentimentos


É o nível do sentimento que controla a maior parte da nossa vida interior, mas, mesmo assim, em geral não temos uma real consciência dos nossos sentimentos. Nossa cultura ensinou-nos o retraimento e a supressão – “demonstrar as emoções” não é adequado para um homem e apenas certas emoções são permitidas às mulheres.

Quando não aprendemos a falar sobre os nossos sentimentos ou mesmo a tomar consciência deles, percebendo quando a consciência é 'colorida' por emoções negativas, nossa vida continua enredada. Para muitos praticantes da meditação, recuperar a percepção consciente dos sentimentos é um processo longo e difícil. Contudo, na psicologia budista, levar a consciência aos sentimentos é um fator decisivo para o despertar. Num ensinamento conhecido como: “O ciclo de surgimento das condições” [A roda da Vida], Buda explica como o ser humano fica enredado. É o sentimento que nos retém ou que nos liberta. Quando surgem sentimentos agradáveis e os retemos de modo automático, ou quando surgem sentimentos desagradáveis e tentamos evitá-los, estabelecemos uma reação em cadeia de perplexidade e dor. Esse processo perpetua o “corpo de medo”. Mas, se aprendermos a ter consciência dos sentimentos sem avidez ou aversão, então eles poderão mover-se através de nós como as estações do ano e seremos livres para senti-los e mudar como o vento. Um exercício de meditação muito interessante consiste em focalizar especificamente os nossos sentimentos durante vários dias; damos nome a cada um deles e vemos quais os que tememos, quais os que nos enredam e quais geram histórias, e como tornar-nos livres. “Livre” não quer dizer livre dos sentimentos, mas, sim, livre para sentir cada um deles e deixá-lo mover-se, sem temer o movimento da vida. Podemos aplicar esse exercício sempre que padrões difíceis se apresentarem. Sentir qual o sentimento que está no centro de cada experiência e tornar-nos plenamente abertos para ele. Esse é um movimento em direção à liberdade.

Do Livro: “UM CAMINHO COM O CORAÇÃO” - de Jack Kornfield.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quietude e silêncio


O primeiro meio utilizado pelo mestre zen para preparar e abrir o discípulo à experiência do Ser é o silêncio.

O silêncio como caminho rumo à experiência no qual o homem sente o Ser dentro de si é praticado na arte da meditação, isto é, no profundo recolhimento do silêncio. Esse exercício tem suas raízes e é protegido por um culto do silêncio típico do Oriente em geral e do Zen em particular.

A meditação silenciosa é o elemento central da vida dos monges. Porém, "o sentar-se em silêncio" não é praticado apenas nos mosteiros. É muito mais uma prática que faz parte da vida do Oriente, na medida em que este ainda preserva de algum modo as antigas tradições. Porém, até no Oriente, só aqueles que realmente sabem o que estão buscando encontram o maior tesouro que esse silêncio é capaz de oferecer: o contato com a essência de cada um.

Todos os mestres nos dizem que a origem da vida — origem esta que a nossa consciência objetiva tão facilmente nos impede de ver — nos fala principalmente através do silêncio. Diz o mestre Suzuki: "No espírito do Oriente há um grande silêncio, uma quietude que é impossível perturbar, que parece sempre contemplar a eternidade. Essa quietude, contudo, não é ausência de vida. É a quietude do 'abismo da eternidade' no qual todas as coisas estão no seu próprio elemento. Aquele que confunde essa quietude com decomposição e morte se sur¬preenderá com a forte impressão de atividade que pode irromper desse silêncio eterno." Essa quietude também é característica do Zen. É o silêncio do insondável, um farol para prática que nada pode perturbar ou obscurecer, porque é o ponto no qual a vida, além de qualquer conceito ou imagem, tem origem; e esse é também o motivo pelo qual nenhum conceito, imagem ou pergunta pode penetrá-lo.

Poucas coisas fazem tanta falta ao mundo ocidental como o silêncio e não há nada que lhe seja tão difícil como a prática do silêncio. O ruído nos assalta de todos os lados com o barulho do mundo, mas muito mais com o tumulto interior das ansiedades que nos assaltam, dos sentimentos não correspondidos, dos impulsos reprimidos e, sobretudo, a turbulência interior proveniente da falta de contacto com a nossa essência intrínseca aprisionada. Acostumados ao barulho e a ele incorporados, com frequência já não podemos viver sem ele, nem fugir do ruído ou seja lá do que for que nos incomode.

Fugimos para a multiplicidade que ressoa a nossa volta e no nosso interior, e perdemos o Um de que tanto precisamos e que só se revela na quietude. Fugimos do encontro com nós mesmos. E é esse justamente o sentido de sentar-se em silêncio: o encontro consigo mesmo e com a sua essência intrínseca e — no caminho rumo a esse encontro — com tudo o que nos separa dessa essência.

Há também um silêncio que fala e que só se dirige a nós quando, imóveis, atentos à sua resposta, nós o suportamos com grande paciência. Durante a noite, desesperado, rogando a “Deus” por uma resposta, quem já não provou esse silêncio, que, mantendo-se calado, nos lançou em trevas muito mais profundas? Contudo, se suportamos esse silêncio sem reclamar, surge de súbito a resposta, irradiando luz. E, no entanto, o que será mais estranho à nossa habitual escuta distraída do que o silêncio absoluto? A verdade intrínseca, contudo, não nos fala na nossa linguagem normal. E é exatamente o confronto com esse silêncio que nos abala quando toda a nossa expectativa se concentra numa resposta que de repente pode despertar a nossa consciência. Os mestres zen sabem disso.

Inúmeros são os exemplos nos quais o discípulo iluminado, pleno de um apaixonado anseio pela verdade, procura o mestre para obter uma resposta à pergunta que, depois de longa busca, encerra e concentra toda a sua angústia. O mestre o recebe. É chegado o grande momento, o momento decisivo. O mestre sabe que agora tudo está em jogo. O que ele dirá? O discípulo faz a pergunta: é agora que virá a resposta! E então acontece o inesperado: o mestre o olha — fixamente, perscrutando-o — e se cala num silêncio de bronze. E então o discípulo é atingido como por um raio. Todo o edifício sobre o qual se estruturava a sua pergunta desmoronou. E a evidência o atinge. Ele se sente en¬volvido por um torvelinho, chora, ri — ele foi despertado!

Extraído do livro "O Zen e Nós" de Karfrig G. Durckhem.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O Poema de Ryokan


Há cerca de duzentos anos, viveu no Japão um monge Zen muito especial chamado Ryokan, que vivia a mais simples e frugais das vidas em uma pequena cabana aos pés de uma montanha. Como provavelmente sabem, certa vez ele escreveu um curto poema quando descobriu que um ladrão lhe tinha roubado todos os seus pertences. De fato, na sua cabana apenas havia as coisas essenciais para o seu dia a dia, tais como um par de cobertores velhos, um pincel, tinta, papel, uma toalha e uma bacia para se lavar. Ryokan escreveu:


A Lua Não Pode Ser Roubada

Uma noite um ladrão entrou na cabana apenas para descobrir que nada havia quase nada para ser roubado.

Ryokan retornou e o surpreendeu:

"Você fez uma longa viagem para me visitar," ele disse ao ladrão, "e você não deveria retornar de mãos vazias. Por favor, tome minhas roupas como um presente."

O ladrão ficou perplexo. Rindo atoa, tomou as roupas e esgueirou-se para fora.

Ryokan sentou-se nu, olhando a lua.

"Pobre coitado," ele murmurou. "Gostaria de poder dar-lhe esta bela lua."