segunda-feira, 18 de maio de 2009

"O Essencial é Invisível aos Olhos"



Aquela poderia ser mais uma manhã como outra qualquer. Eis que o sujeito desce na estação do metrô: vestindo jeans, camiseta e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora do rush matinal.

Mesmo assim, durante os 45 minutos em que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes.

Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares. Alguns dias antes Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a bagatela de 1000 dólares. A experiência, gravada em vídeo mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, celular no ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino.

A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post foi a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.

*A conclusão*: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de grife. Esse é um exemplo daquelas tantas situações que acontecem em nossas vidas que são únicas, singulares e a que não damos a menor bola porque não vêm com a etiqueta de seu preço. O que tem valor real para nós, independentemente de marcas, preços e grifes? É o que o mercado diz que você deve ter, sentir, vestir ou ser?

Essa experiência mostra como, na sociedade em que vivemos, os nossos sentimentos e a nossa apreciação de beleza são manipulados pelo mercado, pela mídia e pelas instituições que detém o poder financeiro. Mostra-nos como estamos condicionados a nos mover quando estamos no meio do rebanho.

"O Essencial é Invisível aos Olhos"

"Eis o meu segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade, mas tu não a deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas." (Antoine de Saint-Exupéry)

2 comentários:

Seigaku disse...

Maravilhoso, maravilhoso.

Essa eh uma ideia que passeou muito na minha cabeça. Finalmente deram substancia midiatica para ela.

Eh evidente que precisamos que algo esteja emoldurado para que possamos dar a "devida atençao" e "valor". Fazemos a mesma coisa com o zazen. e com muitas outras coisas. A velha historia do ladrao que, portando um belo paleto, entra facilmente no recinto.

Quem tem ouvidos para ouvir o Stradivarius e o excelente violinista, que ouça; quem nao tem que pague 1000 dolares para ouvi-lo em outro lugar.

(Mas que a acustica eh diferente, isto eh.)

Anônimo disse...

perfeito !!!!