quinta-feira, 10 de junho de 2010

Conto Zen


Um monge aproximou-se de seu mestre – que se encontrava em meditação no pátio do templo à luz da Lua – com uma grande dúvida:

“Mestre, aprendi que confiar nas palavras é ilusório; e diante das palavras, o verdadeiro sentido surge através do silêncio. Mas vejo que os sutras e as recitações são feitas de palavras; que o ensinamento é transmitido pela voz. Se o Dharma está além dos conceitos e palavras, porque os termos são usados para defini-lo?”.

O velho mestre respondeu: “As palavras são como um dedo apontando para a Lua; cuida de saber olhar para a Lua, não se preocupe com o dedo que aponta”.

O monge replicou: “Mas eu não poderia olhar a Lua, sem precisar que algum dedo alheio a indique?”

“Poderia”, confirmou o mestre, “e assim tu o farás, pois ninguém mais pode olhar a Lua por ti. As palavras são como bolhas de sabão: frágeis e inconsistentes, desaparecem quando em contato prolongado com o ar. A Lua está e sempre esteve à vista. O Dharma é eterno e completamente revelado. As palavras não podem revelar o que já está revelado desde o Primeiro Princípio”.

“Então”, o monge perguntou, “Porque os homens precisam que lhes seja revelado o que já é de seu conhecimento?”

“Porque”, completou o mestre, “da mesma forma que ver a Lua todas as noites faz com que os homens se esqueçam dela pelo simples costume de aceitar sua existência como fato consumado, assim também os homens não confiam na verdade já revelada pelo simples fato dela se manifestar em todas as coisas, sem distinção. Desta forma, as palavras são um subterfúgio, um adorno para embelezar e atrair nossa atenção. E como qualquer adorno, pode ser valorizado mais do que é necessário”.

O mestre ficou em silêncio durante muito tempo. Então de súbito, simplesmente apontou para a Lua.

5 comentários:

Leonardo la Janz disse...

Sem palavras. ;)

Juliana disse...

Gassho (em silencio)

Juliana disse...

Gassho (em silencio)

ZEN disse...

/|\...

Aduad disse...

O fato de que se não tivéssemos boca não expressaríamos nosso pensamento e se não tivéssemos ouvidos não poderíamos ouvir o que tem a dizer. Nossas bocas e ouvidos devem expressar o que há de melhor em cada um.