sábado, 10 de outubro de 2009

FELICIDADE GENUÍNA


CAMINHOS PARA FELICIDADE GENUÍNA

por Alan Wallace

Com relação aos “Caminhos para Felicidade”, acredito que nós deveríamos começar com os pés no chão. Enquanto consideramos a felicidade para nós mesmos e para as pessoas que nos cercam, para poder encontrá-la é tão importante ter as necessidades básicas realizadas nas nossas vidas. Se você não tem o que comer e está com fome, não tem roupas ou não tem um teto, se você está doente e não tem acesso a remédios, assim é impossível ser feliz. Esse é o primeiro passo.

Alcançando estas necessidades básicas da vida: comida, remédios, roupas e moradia, assim você pode conseguir algum nível de felicidade, talvez você possa conseguir algum alívio do sofrimento, se você encontrar essas quatro necessidades básicas. Mas aí podemos nos perguntar: e daí em diante, quando as suas necessidades básicas foram atendidas, o que você faz?

Todo o ser humano têm essa motivação básica, de querer ser feliz e evitar o sofrimento. Então quando se tem o que comer, quando suas necessidades básicas foram atendidas, como você busca a felicidade a partir daí? O que acontece então?

Quando eu tenho comida suficiente, então eu busco mais comida. Quando tenho roupas suficientes, eu busco mais roupas, e roupas melhores e mais caras, se eu tenho uma casa, eu quero uma casa ainda melhor, e se eu tenho remédio, eu quero remédio ainda melhor. Infelizmente com essa visão de consumir cada vez mais, sinto que o planeta não tem o suficiente pra prover tudo o que lhe é exigido. Assim podemos perceber que países industrializados como na Europa e os Estados Unidos, estão dando um exemplo para o resto do mundo, e se todos seguirem este exemplo, certamente levará a destruição do planeta. Se 6 bilhões de pessoas nesse planeta, estiverem satisfeitas com o que é suficiente a elas, então o mundo teria plenas condições de atender a todos. E há uma possibilidade de saciedade...

E há uma frase que resume o ideal monástico para todas as tradições contemplativas...
É o fato de estar contente e satisfeito apenas com aquilo que é realmente necessário para uma vida digna. Um vez que nós tenhamos essas coisas básicas, e sejamos satisfeitos com isso... Parece que ainda assim queremos algo mais... Nós não ficaremos satisfeitos apenas com isso!

Então como vamos alcançar esta felicidade maior, sem consumir mais e mais?

Porque simplesmente não há recursos suficientes para todos, quando o nosso apetite é insaciável!

Então quando nós temos essas necessidades básicas atendidas, podemos levantar uma questão: “O que constitui uma vida com sentido”?

As religiões do mundo têm falado sobre este tópico por muitos séculos, mas muitas vezes as suas propostas não são satisfatórias para alguns cientistas ou para pessoas que não acreditam na espiritualidade, então poderíamos oferecer alguns pontos satisfatórios, tanto em um contexto científico quanto religioso, para que possamos levar uma vida com sentido.

Um desses elementos é a busca pela felicidade genuína. Por isso eu creio que uma vida que tenha sentido, inevitavelmente acaba encontrando a felicidade genuína, e este é um dos sinais de que a pessoa encontrou sentido na vida.

Eu diria que outra busca, dentro dessa vida com sentido, seria a busca pela verdade,
busca por mais compreensão e por mais entendimento no mundo. Enfim a busca da virtude, virtudes como a bondade, generosidade e a compaixão, que todos nós apreciamos, sejamos nós cientistas ou pessoas comuns.

“Creio que a própria finalidade de nossas vidas seja buscar a felicidade, quer alguém acredite em uma religião ou não, quer alguém acredite nesta ou naquela religião, todos nós buscamos algo melhor na vida. Então penso eu que a própria direção da vida seja no sentido da felicidade.” Dalai Lama.

Dr. ALAN WALLACE é físico, Ph.D. em Estudos Religiosos pela Universidade de Standford e criador do Santa Barbara Institute for Consciousness Studies nos EUA.

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