domingo, 8 de novembro de 2009

Plena percepção consciente dos sentimentos


É o nível do sentimento que controla a maior parte da nossa vida interior, mas, mesmo assim, em geral não temos uma real consciência dos nossos sentimentos. Nossa cultura ensinou-nos o retraimento e a supressão – “demonstrar as emoções” não é adequado para um homem e apenas certas emoções são permitidas às mulheres.

Quando não aprendemos a falar sobre os nossos sentimentos ou mesmo a tomar consciência deles, percebendo quando a consciência é 'colorida' por emoções negativas, nossa vida continua enredada. Para muitos praticantes da meditação, recuperar a percepção consciente dos sentimentos é um processo longo e difícil. Contudo, na psicologia budista, levar a consciência aos sentimentos é um fator decisivo para o despertar. Num ensinamento conhecido como: “O ciclo de surgimento das condições” [A roda da Vida], Buda explica como o ser humano fica enredado. É o sentimento que nos retém ou que nos liberta. Quando surgem sentimentos agradáveis e os retemos de modo automático, ou quando surgem sentimentos desagradáveis e tentamos evitá-los, estabelecemos uma reação em cadeia de perplexidade e dor. Esse processo perpetua o “corpo de medo”. Mas, se aprendermos a ter consciência dos sentimentos sem avidez ou aversão, então eles poderão mover-se através de nós como as estações do ano e seremos livres para senti-los e mudar como o vento. Um exercício de meditação muito interessante consiste em focalizar especificamente os nossos sentimentos durante vários dias; damos nome a cada um deles e vemos quais os que tememos, quais os que nos enredam e quais geram histórias, e como tornar-nos livres. “Livre” não quer dizer livre dos sentimentos, mas, sim, livre para sentir cada um deles e deixá-lo mover-se, sem temer o movimento da vida. Podemos aplicar esse exercício sempre que padrões difíceis se apresentarem. Sentir qual o sentimento que está no centro de cada experiência e tornar-nos plenamente abertos para ele. Esse é um movimento em direção à liberdade.

Do Livro: “UM CAMINHO COM O CORAÇÃO” - de Jack Kornfield.

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