terça-feira, 6 de maio de 2008

Aceitando a vida...

Iluminando os rios do seu corpo, sentimentos, percepções, formações mentais e consciência, Sidarta [Buda] agora entendia que a impermanência e ausência de um eu são as próprias condições necessárias à vida. Sem a interdependência e ausência de um eu, nada poderia crescer ou se desenvolver.

Se um grão de arroz não tivesse a natureza da impermanência e da vacuidade em relação a um eu, ele não poderia transformar-se na muda de arroz. Se as nuvens não fossem desprovidas de um eu e impermanentes, não poderiam se transformar em chuva. Sem uma natureza impermanente e desprovida de um eu, uma criança jamais se transformaria em um adulto.

"Logo," -- ele pensou -- "aceitar a vida significa aceitar a impermanência e a ausência de um eu. A fonte do sofrimento é a falsa crença na permanência e na existência de eus separados. Vendo isso, entender-se-ia que não há nem nascimento nem morte, nem produção nem destruição, nem um nem muitos, nem interior nem exterior, nem grande nem pequeno, nem puro nem impuro.

Tais concepções são falsas distinções criadas pela falsa intelecção. Se alguém penetrar na natureza vacuosa de todas as coisas, transcenderá todos os obstáculos mentais e se liberará do ciclo de sofrimento."

Thich Nhat Hanh, em "Velho Caminho, Nuvens Brancas - Seguindo as pegadas do Buda"

Postado originalmente no blog Sansara.

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