segunda-feira, 19 de maio de 2008

Breve reflexão sobre Veganismo e Budismo

Que o budismo é uma tradição religiosa que prima pela compaixão por todos os seres, não é novidade. É também bastante conhecida a existência de paralelos entre muitos de seus ensinamentos e conceitos científicos oriundos da Física Quântica e outras áreas do conhecimento ocidental, como o de physis e o de self . No que tange à problemática ambiental - campo de discussão que deve incluir nossa relação com os animais não-humanos - um aspecto muito interessante a destacar é que os paralelos entre tais preceitos religiosos e os conceitos apontados desvelam, entre outras questões, os limites de nossa percepção fragmentada sobre tudo e nos remetem a uma cosmovisão na qual todos os fenômenos são manifestações do que podemos chamar de "Ser" (o filósofo Martin Heidegger, por exemplo, diz que a physis é a revelação, a manifestação do Ser). Essa cosmovisão, chamada por alguns de holística, sistêmica ou, ainda, ecológica, nos leva a uma percepção do universo como um todo dinâmico cujas partes se encontram inextricavelmente inter-relacionadas e que inclui cada um de nós: plantas, rochas, animais humanos e não-humanos etc. As interconexões entre esses diferentes caminhos do conhecimento - religioso, filosófico e científico - mostram, portanto, um grau de consciência fascinante. E uma das conclusões inevitáveis disso tudo é que mesmo quando admitimos a existência de diferentes paradigmas-lentes através das quais vemos o mundo e lidamos com nosso entorno - cada paradigma é marcado por um conjunto de valores que se traduzem numa sucessão de pensamentos os quais, por sua vez, mantém nossa visão dicotômica e fragmentada sobre tudo. Esse véu de idéias (Ideenkleid, como diria o filósofo Herbert Marcuse) e pensamentos nos impediria de alcançar esse estágio mais elevado que, entre outras denominações, recebe esta: meditação. É interessante destacar que Aristóteles também afirmava que a mais elevada capacidade humana era a da contemplação (nous), cuja principal característica é que o seu conteúdo não pode ser reduzido a palavras (ou à razão). E palavra e pensamento são inseparáveis. Tudo isso adquire uma importância ainda maior para os que tecem suas trajetórias de vida e suas formas de sentir o entorno a partir de experiências no plano intelectual.

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Publicado no Jornal: O TAO - Qualidade de Vida (Esporte & Saúde) – edição maio/2008.

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