quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Eu temo ver o que sou


A prática inteligente sempre lida apenas com uma coisa: o medo na base da existência humana, o medo de que "eu não sou". E é claro que "eu não sou", mas a última coisa que quero saber é isso: eu sou a própria impermanência em uma forma humana em rápida mudança, mas que aparenta solidez. Eu temo ver o que sou: um campo de energia sempre em mutação...

Então a boa prática se refere ao medo. O medo toma a forma de pensamento constante, especulação, análise, fantasia. Com toda essa atividade, criamos uma nuvem-tampa para nos manter seguros em uma prática de faz-de-conta.

A verdadeira prática não é segura; é tudo menos segura. Mas não gostamos disso, então ficamos obcecados em nossos esforços febris para alcançar nossa versão do sonho pessoal. Tal prática obsessiva é também apenas outra nuvem entre nós e a realidade.

A única coisa que importa é ver com uma lanterna impessoal: ver as coisas como elas são. Quando a barreira pessoal cai, por que precisamos chamar isso de alguma coisa? Apenas vivemos nossas vidas. E quando morremos, apenas morremos. Nenhum problema em nenhum lugar.

Charlotte Joko Beck, "Everyday Zen"

Um comentário:

O Espírito do Tai Chi disse...

Boa "dissertação".
Mas... como diz o poeta:

-"Vale sempre a pena quando a alma não é pequena"

ASerra