quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

ALÉM DA LINGUAGEM

A linguagem utilizada pelo Pensamento Zen é, portanto, em certo sentido, uma antilinguagem. E a “lógica” do Zen é o inverso radical da lógica filosófica. O dilema humano da comunicação está no fato de que não podemos nos comunicar ordinariamente sem palavras e sinais, mas, mesmo a experiência ordinária tende a ser falsificada pelos hábitos de verbalização e racionalização. Os instrumentos convenientes da linguagem nos permitem decidir de antemão o que pensamos que as coisas significam, e constituem uma tentativa para vermos as coisas apenas de um modo que se enquadre em nossos preconceitos lógicos e fórmulas verbais. Em lugar de ver as /coisas /e os /fatos/ como realmente são, nós os vemos como reflexos e verificações de sentenças que previamente construímos em nossas mentes. Esquecemos com muita rapidez como simplesmente /ver/ as coisas, substituindo nossas palavras e fórmulas de maneira a vermos somente o que se enquadra convenientemente em nossos PRÉ-conceitos. O Zen utiliza a linguagem contra a própria linguagem, para fazer estourar tais PRÉ-conceitos e destruir a enganadora “realidade” existente em nossas mentes, para que possamos /ver diretamente/. O Zen diz, como Wittgenstein dizia, “Não pense: olhe!” "Não cogite: perceba!"

MERTON, Thomas. * Zen e as Aves de Rapina *.

Um comentário:

Marecia disse...

O ponto seria tentar interpretar o que existe de real na linguagem.