sábado, 2 de fevereiro de 2008

Uma coisa de cada vez

Certa vez, muito intrigado, um discípulo abordou seu velho mestre:

- Como o senhor, de idade tão avançada, parece ainda mais novo que nós? Como pode estar sempre tão bem disposto e alegre?

A resposta veio em seguida, mas naquele tom calmo, comum aos sábios, ondulante e com todas as pausas:

- Quando eu como, eu como. Quando eu durmo, eu durmo.

Essa pequena história, de nobre mas desconhecida origem oriental, nos dá pistas para investigar um tema que muito nos interessa nos dias de hoje: a dificuldade que temos ao tentar fazer uma coisa de cada vez.

"Uma das principais causas de fracasso no mundo é a falta de concentração. A atenção é como a luz de uma lanterna: quando seus raios são espalhados em uma área vasta, sua habilidade de focalizar um único objeto se torna fraca, mas se focalizado em uma coisa de cada vez, torna-se poderosa. Grandes homens são os de concentração: eles investem todo o poder mental em uma coisa de cada vez". Paramahansa Yogananda, filósofo oriental hindu.

Não abra mão de nada no mundo; de nenhuma das frutas à disposição na árvore da vida, bem à nossa frente. Mas nunca tente apanhá-las nem saboreá-las todas ao mesmo tempo. Uma de cada vez, ou o engasgo será inevitável.

O físico nos informa que a mesma energia aplicada a dois trabalhos vai provocar sua dispersão. O bioquímico diz que um receptor da membrana de uma célula não receberá dois estímulos químicos ao mesmo tempo. O psicólogo sinaliza para o fato de que dois esforços mentais simultâneos provocarão ansiedade e estresse. E o poeta, o que diz o poeta? Lembro-me de Ascenso Ferreira, em "Filosofia":

Hora de comer - comer!

Hora de dormir - dormir!

Hora de vadiar - vadiar!

Hora de trabalhar?

- Pernas pro ar que ninguém é de ferro!

Partição da matéria: Uma Coisa de Cada Vez, extraída da revista Vida Simples, julho/2003.

2 comentários:

vrs1943 disse...

Pernas pro ar !!! hahuhua.... MUITO BOM ESSE BLOG CONTINUE!

Anônimo disse...

perfeito