segunda-feira, 28 de julho de 2008

Percorrer o caminho...

Dizer sim é uma forma de ”deixar estar”, “deixar ser” (let be), talvez um pouco diferente de “deixar ir” (let go). “Let be”, dar lugar a que as coisas sejam como são é por vezes interpretado como passividade ou mesmo indiferença, mas é realmente o contrário. Deixar estar, dizer sim, é uma abertura, é uma inclusão, é estar pronto para agir quando for necessário. E a não-agir. Para além da prática a que Amy chamou “yes meditation” (meditação do sim), a sensei também propõe a prática dos koans. De uma certa forma, o koan não é propriamente exclusivo do budismo Zen. Qualquer sistema filosófico religioso contém koans, interrogações fundamentais que surgem naturalmente ao questionarmo-nos sobre a existência, sobre o sofrimento, a vida e a morte, e, sobretudo, sobre nós mesmos. A diferença está em que o Zen se atira “de cabeça” para o koan, ao mesmo tempo em que reformula a questão numa linguagem que freqüentemente desafia a lógica e o senso comum. Com a nossa mente racional, não conseguimos encontrar uma resposta para estas perguntas essenciais. Se conseguíssemos, já o teríamos feito e não estaríamos por aqui, à procura de sentido e de felicidade. Estas respostas surgem como intuições, momentos de abertura vindos de um lugar conhecido, mas que esquecemos. A pergunta é trabalhada tanto na meditação sentada como no dia-a-dia, com o pressuposto que quanto mais tentamos resolver o koan através do lado racional e analítico, mais nos afastamos da experiência.

Coleções de Koans: Zen Flesh, Zen Bones, de Paul Reps, Mumonkan e Hekiganroku.

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